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Peças do acervo do Museu do Índio poderão ser vistas em exposição no MAM
Denilson Baniwa (co-curador da exposição, ao fundo) e Daniel Lira (chefe do Sepaca)
O Museu de Arte Moderna (MAM Rio) realizará, com a colaboração do Museu do Índio (MI), entre os dias 9 de julho e 27 de novembro, a exposição Nakoada: estratégias para arte moderna . A iniciativa celebra o marco do centenário da Semana de Arte Moderna, e pretende se somar às atuais discussões que visam revisão histórica acerca dos discursos de legitimação e centralidade de um ideal modernista no país, cuja construção insiste na invisibilidade de pessoas, criações e narrativas localizadas fora dos grandes centros e originárias de outras visões de mundo.
Foto: Alguns dos objetos que serão emprestados para o MAM - Arquivo MI
Para compor a exposição, o MI realizará o empréstimo de 37 obras de seu acervo etnográfico, dentre elas bonecas Karajá, placas Baniwa, potes e tigelas de diversas etnias como Marubo e Maku.
A separação das peças foi feita na última sexta (27) pela Coordenação de Patrimônio Cultural do Museu (Copac), de acordo com o número de tombamento de cada item descrito no contrato de empréstimo, a ser celebrado entre os museus.
Foto: separação de itens do acervo etnográfico pelos servidores Daniel Lira (à esquerda) e Bruno Aroni (à direita) - Arquivo MI
Já nesta segunda-feira (30), os servidores do MAM responsáveis pela exposição vieram ao MI conferir o material selecionado e realizar medidas para a confecção dos suportes adequados para cada peça. Os itens serão retirados em 20 de junho.
As peças solicitadas ao MI ajudam construir reflexões e tecer comentários em torno do legado do modernismo brasileiro sob uma perspectiva indígena. De acordo com o MAM, “além da contribuição direta com a exposição, estabelecer um diálogo com o MI, instituição comprometida em preservar, pesquisar e fomentar línguas culturas de sociedades indígenas do Brasil é de suma importância”.
Foto: Equipe responsável pela exposição em visita ao MI - Arquivo MI
A exposição contará com projetos comissionados de artistas contemporâneos e um recorte das principais obras modernistas presentes no acervo do MAM Rio. A mostra também vai contar com um catálogo em cores, com vistas e obras da exposição, além de texto crítico dos curadores Beatriz Lemos e Denilson Baniwa; da doutoranda Francineia Baniwa, Lily Baniwa (Unicamp), André Fernando, e da antropóloga Braulina Aurora.
Para Daniel Lira, chefe do Serviço de Patrimônio Cultural e Arquivístico (Sepaca), "é uma grande satisfação trabalhar em conjunto com os curadores dessa exposição, valorizando e evidenciando a importância da arte indígena para a formação do patrimônio cultural brasileiro".
Obras e artistas
A mostra é completada por uma pintura do artista indígena Jaider Esbell, e também conta com trabalhos de quatro artistas contemporâneos convidados a criar especialmente para a ocasião: Cinthia Marcelle, Mahku, Novíssimo Edgar e Zahy Guajajara. Obras fundamentais de expoentes do modernismo brasileiro, como Alberto Guignard, Alfredo Volpi, Anita Malfatti, Candido Portinari, Djanira, Di Cavalcanti, Ismael Nery, José Pancetti, Oswaldo Goeldi e Tarsila do Amaral, entre outros, também estão presentes.
Denilson Baniwa: Co-curadoria
Foto: Denilson Baniwa (divulgação)
Mais do que adotar uma posição crítica de narrativas estabelecidas e procurar correções, a exposição do MAM pretende mostrar pontos de partida alternativos para pensar aquilo que poderia ser uma produção artística que se engaja com alguns dos ideais modernos, mas que escapa de suas armadilhas. Para apresentar essas perspectivas, o MAM convidou o artista Denilson Baniwa para uma co-curadoria.
Denilson é um dos grandes nomes da arte contemporânea do campo das articulações através da arte da comunicação no Movimento Indígena, como cofundador da etnomídia Rádio Yandé. Sua produção artística se insere na criação de dinâmicas de reinvenção históricas na aproximação satírica das esferas de poder do sistema-mundo. Em sua pesquisa, procura evidenciar algumas das contradições que balizam o percurso das histórias da arte, e sua dívida às cosmologias indígenas.
Saiba mais sobre a exposição Nakoada: estratégias para arte moderna.