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Exposição virtual
O Olhar precioso de Darcy Ribeiro: Museu do Índio lança exposição virtual em comemoração ao centenário do indigenista
Exposição virtual disponível na plataforma Google Arts & Culture
Em comemoração ao centenário de nascimento de Darcy Ribeiro, principal idealizador do Museu do Índio, o MI adaptou a exposição “O Olhar Precioso de Darcy Ribeiro” para a plataforma digital Google Arts and Culture. A mostra virtual está dividida em quatro partes: introdução, Kadiwéu, Urubu Ka’apor e Ofayé.
Com curadoria de Milton Guran, a exposição física foi realizada originalmente em 2010 e exibiu fotografias feitas por Darcy no período em que conviveu com as três etnias. A concepção da mostra virtual adaptada traz ao público, além das fotografias, material textual, gráfico e audiovisual. São exibidas fotos tiradas por Darcy entre 1949 e 1951; grafismos Kadiwéu coletados pelo antropólogo; cartas endereçadas ao SPI com relatos da expedição; o filme Os Índios Urubu - A Vida Diária Numa Aldeia Indígena da Floresta Tropical, filmado por Heinz Foerthmann, com o roteiro de Darcy; áudios do indigenista; cantos entoados pelos indígenas; e textos retirados do catálogo da exposição de 2010 e adaptados. Confira a seguir:
Darcy e suas múltiplas faces
Indigenista, antropólogo, sociólogo, professor, escritor, membro imortal da Academia Brasileira de Letras, ex-ministro da educação e da Casa Civil. Graduado em Etnologia pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo em 1944, Darcy Ribeiro se destacou em cada área na qual atuou.
No acervo bibliográfico do MI, constam 62 obras escritas por Darcy, além de publicações de outros autores sobre sua vida e obra. Alguns desses livros geraram trabalhos reconhecidos como a obra rara Religião e Mitologia Kadiwéu (1950), vencedora do Prêmio Fábio Prado de Ensaios, e Arte Plumária dos Índios Kaapor (1957), escrita em parceria com sua esposa, a antropóloga Berta G. Ribeiro. Acesse aqui a lista de obras disponíveis em nosso acervo.
Como antropólogo, indigenista e político, Darcy integrou o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), que mais tarde deu origem à Funai, e foi um dos principais idealizadores do Museu do Índio e do Parque Indígena do Xingu (MT). Inaugurado em 1953 no Rio de Janeiro, o MI é o primeiro museu no mundo contra o preconceito e com o objetivo de difundir a cultura indígena e promover o respeito aos povos indígenas. É também no MI que Darcy, juntamente com o antropólogo Eduardo Galvão, organizou o primeiro curso de pós-graduação em Antropologia Cultural no país.
Já o Parque Indígena do Xingu, criado em 1961, representou um marco do indigenismo brasileiro, estabelecendo novos parâmetros de reconhecimento e regularização de terras indígenas. Concebido pelos antropólogos Darcy Ribeiro e Eduardo Galvão e pelos sertanistas Villas-Boas, o Parque do Xingu considera a intrínseca relação dos indígenas com os ambientes naturais que habitam, em uma concepção simbiótica da necessidade de preservar uma extensa área de natureza como forma de garantir a sobrevivência desses povos e a perpetuação de suas culturas.
Em um trabalho desenvolvido para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o antropólogo formulou o estudo do impacto da civilização sobre os grupos indígenas brasileiros no século XX. Também colaborou com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) na elaboração de um tratado sobre os povos nativos de todo o mundo.
Já no campo da educação, Darcy atuou na construção das políticas de educação no Brasil, sendo responsável pela fundação da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), bem como pela criação de um projeto de educação em tempo integral no Estado do Rio de Janeiro (os Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs). Também contribuiu para a organização da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei nº 9394/96) e para o art. 8º da Lei Estadual nº 5.361, de 29 de dezembro de 2008, que versa sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no Estado do Rio de Janeiro.
Por toda sua contribuição, Darcy Ribeiro foi reconhecido com títulos de doutor honoris causa emitidos pelas Universidades Central da Venezuela, de Sorbonne, Copenhaguen, Universidade de Montevideu e Universidade de Brasília.
Darcy Ribeiro faleceu em 1997, mas sua memória está viva no Museu do Índio e em todas as áreas nas quais atuou e contribuiu de forma significativa.
Confira as demais partes da exposição abaixo: