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Museu do Índio inicia debates sobre novo projeto para a loja Artíndia
Foto: Acervo/MI
Nesta quinta (10), no Museu do Índio, órgão científico-cultural vinculado à Fundação Nacional do Índio, ocorreu uma reunião com os servidores da casa para uma apresentação do novo projeto para a loja Artíndia, com vistas à sua futura reabertura ao público. O projeto abrange a revisão dos instrumentos existentes e dos resultados esperados do programa e tem por objetivo aprimorar a política de comercialização da arte indígena empreendida pelo órgão.
A Artíndia é um negócio social público concebido para oferecer à sociedade acesso qualificado e seguro à arte produzida pela megadiversidade de Povos Indígenas brasileiros, unindo-os por meio de suas culturas, saberes, memórias e histórias.
O programa Artíndia, criado pela Funai em 1972, tem o objetivo de adquirir e comercializar a arte produzida pelos diversos povos indígenas do Brasil, e visa à divulgação e valorização de suas respectivas culturas, promovendo, dessa maneira, a geração de renda para as comunidades.
Na efetivação do Programa Artíndia foram criadas sete lojas, localizadas em Belém/PA, Cuiabá/MT, Goiânia/GO, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP e no Distrito Federal, onde eram comercializadas peças de cerâmica, trançados, madeira, tecelagem, dentre outras.
Desde a restruturação da Funai, em 2009, o MI assumiu a responsabilidade sobre o Programa. Atualmente, a Loja Artíndia está fechada devido a algumas questões normativas que já estão sendo solucionadas para que ela possa, futuramente, abrir suas portas novamente ao público.
Eduardo Barcellos, Chefe do Serviço de Gestão da Renda Indígena e Recursos Próprios (Seger) do MI, conduziu a apresentação, realizando um contexto histórico da loja e enfatizando sua conexão com o trabalho realizado com todos os setores da instituição. “É necessário saber qual o tipo de loja queremos aqui no museu, quais os serviços ela vai oferecer. Estamos pensando primeiramente numa concepção para que, depois, possamos pensar em uma operacionalização”, apontou Barcellos.
Barcellos também trouxe ao público valores importantes a serem considerados no processo de reestruturação da loja como o respeito ao protagonismo e ao etnodesenvolvimento dos povos indígenas; o compromisso com a representatividade das diferentes etnias; o reconhecimento de todas as formas de expressões artísticas, das ancestrais às contemporâneas, assim como do valor simbólico e cultural da arte indígena; o estímulo à aproximação contínua entre os artistas indígenas e a sociedade e também ao consumo educativo, sustentável e consciente; a produção de conhecimento participativo compartilhado sobre a cadeia de artesanato; e o compromisso com a qualidade dos serviços, pioneirismo e inovação.
Outros fatores apontados como importantes para o processo de reestruturação também foram destacados, como a gestão participativa dos resultados e investimentos da loja, o investimento contínuo na melhoria e aperfeiçoamento dos canais de comercialização físicos e virtuais e a necessidade de desenvolver parcerias com outras lojas de arte indígena.
Para Anete Macedo (à esquerda), última vendedora de artesanato da Artíndia ainda ativa no quadro de servidores da Funai, “é um orgulho trabalhar pra uma cultura tão rica que é a cultura indígena. Eu aprendi muito com eles, com a arte deles. São 36 anos de trabalho e me sinto uma pessoa muito feliz por esse contato com os povos e também com o público. Durante todo esse tempo, tive a oportunidade de conhecer pessoas do mundo inteiro”.
Ao discutir o Programa Artíndia, a Funai propõe uma avaliação do que há de mais precioso para os povos indígenas, que é o tratamento que o Estado brasileiro deve dar à cultura material, à arte contemporânea e à enorme diversidade cultural que o país possui. Para Giovani Souza, diretor do MI, “é muito importante a gente compartilhar o que está sendo feito diante desses desafios que nos foram impostos”.