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Formação audiovisual de indígenas é aposta do Centro Audiovisual de Goiânia para 2022
O Centro Audiovisual de Goiânia (Caud), unidade descentralizada da Fundação Nacional do Índio (Funai) vinculada ao Museu do Índio (MI), planeja, para o ano de 2022, a realização de novos cursos de formação em linguagens e técnicas de audiovisual para indígenas. A proposta é dar continuidade às oficinas já realizadas no ano passado, com uma visão mais aprofundada dos temas abordados.
As oficinas serão planejadas em modalidade online, tendo como instrutores cineastas indígenas e professores universitários, todos com amplo conhecimento na área audiovisual. Além disso, o centro está desenvolvendo um Acordo de Cooperação Técnica com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para oferta de cursos online e presenciais.
Thiago Ikeda e Araújo, chefe do Caud, destacou a importância das iniciativas como fator motivacional para os participantes. “Essas oficinas marcaram o início das atividades finalísticas do Centro, trazendo motivação a todos os envolvidos, sejam servidores, colaboradores ou os próprios indígenas. Percebemos, inclusive, um grande interesse dos indígenas no aperfeiçoamento nessa área, demonstrando um potencial para que sejamos um polo irradiador da atividade audiovisual”, destacou.
Uma das alunas da oficina Narrativa Audiovisual: Uma Visão Guarani, Eileen Xukuru, parabenizou o Caud pela proposta. “O curso amplia o olhar para as práticas artísticas e lutas indigenistas. No meu campo de atuação, a troca de saberes estimula maior enriquecimento cultural e promove outros debates no caminho na Arte-Educação”, afirmou.
Saiba mais sobre as oficinas realizadas em 2021:
Vivências em Celumetragem
Realizada em setembro de 2021 e ministrada por Graciela Guarani, a oficina teve o objetivo de despertar o interesse dos participantes pela produção de vídeos e filmes a partir do que encontram em suas comunidades, aldeias e territórios. Além disso, apresentou possibilidades de realização de pequenos filmes com poucos recursos, possibilitando a interação de outras linguagens criativas para o mundo do audiovisual/cinema.
Nos encontros, foram apresentadas técnicas de produção audiovisual com celular para indígenas das etnias Anacé, Karajá, Kariri e Pataxó. Graciela instigou os alunos a pensarem no processo criativo para iniciar uma história, bem como a fazerem pesquisas para potencializar a história a ser produzida. Alguns dos vídeos produzidos pelos indígenas:
Narrativa Audiovisual: Uma Visão Guarani
Também realizada em setembro, a oficina, ministrada pelo cineasta Alberto Álvares, apresentou as noções básicas dos planos fotográficos e da captura do saber da imagem por meio da foto-etnografia e de audiovisual para indígenas das etnias Karajá, Karão Jaguaribaras, Kariri, Pataxó, Potiguara, Tarairiú e Xukuru.
Durante os encontros, o instrutor instigou o desenvolvimento de reflexões sobre a importância da filmagem como registro etnográfico do patrimônio imaterial dos povos indígenas, demonstrando a viabilidade de se fazer filmes com recursos de baixo custo.
A partir de conceitos básicos sobre fotografia documental, de posicionamento da câmera, cor, luz, simetria, figura e fundo, os alunos fizeram exercícios práticos com uso do celular, produzindo uma série de filmes. Alguns dos vídeos produzidos pelos indígenas:
Narrativa Audiovisual: Cinema Índio
Realizada em outubro de 2021, a oficina ministrada pelo cineasta indígena Takumã Kuikuro capacitou os participantes das etnias Akroá Gamela, Karajá, Kariri, Tapirapé e Tupi para a documentação, com intuito de dominar a língua, conhecer a cultura e difundir pelas aldeias a capacidade de realizar a documentação, bem como compartilhar experiências com outros povos.
Takumã Kuikuro destacou o documentário como ferramenta para utilização de técnicas e registros audiovisuais a partir das suas experiências em projetos de documentação visual etnolinguística, levando o conhecimento dos povos do Alto Xingu, entre os quais Kuikuro e Kalapalo, e estimulando os participantes a valorizar suas próprias organizações socioculturais.
Animação em Stop-Motion
Realizada em novembro de 2021, a oficina ministrada por Flávio Gomes apresentou a técnica de stop-motion, para que os participantes das etnias Karajá, Tapirapé e Xavante pudessem criar seu primeiro experimento animado, contando a história de uso da técnica, bem como o processo de criação de um personagem. Também foi apresentado aos participantes o aplicativo de celular utilizado para produção das animações.
O professor também ensinou os alunos a construir um suporte de mesa para celular e levou aos participantes vários curtas produzidos, dentre eles Vida de Boneco, vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2017 na categoria “Melhor Curta-metragem de Animação do Brasil”. Alguns dos vídeos produzidos pelos indígenas:
Compete ao Caud a capacitação de representantes dos povos indígenas em técnicas de registro audiovisual, bem como a preservação e divulgação de produtos audiovisuais. Acompanhe essas e outras ações em nossos canais.