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Painel indígena e obras táteis são destaque na pré-abertura da exposição Nakoada
Foto: painel Kapewẽ Pukenibu
O Museu de Arte Moderna (MAM Rio) realizou, na última sexta-feira (08), um coquetel de pré-abertura da exposição Nakoada: estratégias para arte moderna, realizada em colaboração com o Museu do Índio (MI). O evento contou com cerca de 730 pessoas, entre elas servidores do MI, artistas, profissionais da curadoria e das artes e participantes da mostra.
Logo na entrada, ocupando o centro do Salão Monumental, pode ser observado o painel Kapewẽ Pukenibu, com 12 metros de largura, pintado em tinta acrílica pelo coletivo Mahku. A obra representa o encontro do velho com o novo por meio do mito do jacaré, que serve de ponte para os Huni Kuin conhecerem outras realidades.
Foto: Placas Baniwa em exposição
Os presentes também puderam conferir uma ativação performativa da obra Sobre os vínculos invisíveis, que contou com esculturas criadas por sete máquinas de costura, posicionadas no centro do Salão Monumental, e bonecas de tecido feitas a mão, em meio à performance de uma bailarina e uma cantora lírica. Enquanto as bonecas eram costuradas pelas máquinas, as linhas de lã dos carretéis se cruzavam, formando uma teia.
Outro destaque foram adaptações táteis de algumas das peças da exposição, como as bonecas Karajá e as placas Baniwa, com diferentes relevos, texturas e cores em contraste, de forma a garantir a acessibilidade do evento a pessoas com baixa visão de obras de arte bidimensionais, e também pessoas com outras deficiências visuais.
Foto: peças táteis em exposição
A exposição
A exposição Nakoada ocorre entre os dias 9 de julho de 2021 e 29 de janeiro de 2023, e celebra o marco do centenário da Semana de Arte Moderna, e pretende somar às atuais discussões que visam revisão histórica acerca dos discursos de legitimação e centralidade de um ideal modernista no país, cuja construção insiste na invisibilidade de pessoas, criações e narrativas localizadas fora dos grandes centros e originárias de outras visões de mundo.
Para compor a exposição, o MI realizou o empréstimo de 37 obras de seu acervo etnográfico, dentre elas bonecas Karajá, placas Baniwa, potes e tigelas de diversas etnias como Marubo e Maku. As peças solicitadas ao MI ajudam construir reflexões e tecer comentários em torno do legado do modernismo brasileiro sob uma perspectiva indígena.
A exposição também reúne obras de artistas renomados como Guignard, Portinari, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Volpi, e projetos comissionados de arte contemporânea, oferecendo um recorte das principais obras modernistas presentes no acervo do MAM Rio.
Mais do que adotar uma posição crítica de narrativas estabelecidas e procurar correções, a exposição do MAM pretende mostrar pontos de partida alternativos para pensar aquilo que poderia ser uma produção artística que se engaja com alguns dos ideais modernos, mas que escapa de suas armadilhas.
Visite a exposição :
Local: MAM — Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo
Quando : Qui e sex, das 13h às 18h; sáb, dom e fer, das 10h às 18h. De 9 de julho de 2021 e 29 de janeiro de 2023.
Quanto : R$ 20.
Classificação : Livre.