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Mostra no MAM exibe placas Baniwa que resgatam arte tradicional
Dia 9 de julho estreia no Museu de Arte Moderna (MAM) a exposição “Nakoada: estratégias para arte moderna” que contará com 37 peças de cerâmica do acervo do Museu do Índio (MI), dentre elas bonecas Karajá, potes e tigelas de diversas etnias como Marubo e Maku, e placas de cerâmica com grafismos baniwa.
Essas placas são resultado de um projeto que ajudou a resgatar um conhecimento que estava se perdendo. Apesar de a produção de cerâmica branca com grafismos de coloração vermelho-alaranjado ser uma marca da tradição das mulheres baniwa do Alto Rio Negro, no Amazonas, as adolescentes e jovens da etnia já não dominavam o processo de obtenção de materiais, de confecção dos utensílios em cerâmica, nem das pinturas tradicionais. Isso porque a introdução de utensílios industrializados na cozinha das comunidades provocou uma ruptura na transmissão intergeracional desse conhecimento.
Com o intuito de resgatar esse saber, um projeto de cooperação técnica entre o Museu do Índio (MI) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), promoveu, em 2014, a visita de um grupo de ceramistas baniwa ao acervo etnográfico do MI para que conhecessem as peças que eram historicamente produzidas na região do Alto Rio Negro. As mulheres tiveram contato com mais de 100 artefatos recolhidas por colecionadores ao longo do século XX.
Durante a visita, as convidadas puderam reconhecer as formas dos objetos e o registro dos padrões gráficos na cerâmica baniwa. Em seguida, foi realizada uma oficina para produção de uma nova coleção para o MI, dando origem a mais de 100 novas peças, entre elas as placas emprestadas para a exposição.
Sobre a exposição Nakoada
"Nakoada" é uma estratégia de guerra do povo Baniwa da região do Alto Rio Negro para elaborar novas possibilidades de permanência no mundo. O conceito orienta a curadoria da exposição e faz referência à tática de mergulhar em aspectos de outra cultura para a garantia da própria sobrevivência. Se originalmente esta prática era usada pelos Baniwa para lidar com outros povos indígenas, hoje é repensada para a relação com culturas não indígenas.
A exposição celebra o centenário da Semana de Arte Moderna e, de acordo com a curadoria, mais do que propor uma revisão crítica do modernismo, pretende mostrar pontos de partida alternativos para refletir sobre o que poderia ser uma produção artística que se engaja com alguns dos ideais modernos, mas escapa de suas armadilhas.