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Exposição do MLP sobre línguas indígenas conta com acervo do Museu do Índio
O Museu do Índio (MI) cedeu vídeos ao Museu da Língua Portuguesa (MLP) para a exposição "Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação", que entra em cartaz dia 12 de outubro. Com curadoria da artista, ativista, educadora e comunicadora indígena Daiara Tukano, a mostra conta também com curadoria especializada no tema da linguista Luciana Storto.
Foram cedidos registros sonoros e audiovisuais produzidos pelo MI de cantos, falas cotidianas e narrativas de indígenas de diferentes etnias, todos com tradução para o português. Entre os registros selecionados estão os dos troncos linguísticos Macro Jê, Tupi-Guarani e Aruak.
Além dos curadores, a exposição contou também com participação de cerca de 50 profissionais indígenas, entre cineastas, pesquisadores, influenciadores digitais e artistas visuais como Paulo Desana, Denilson Baniwa e Jaider Esbell, falecido em novembro de 2021. A antropóloga Majoí Gongora coordenou a pesquisa e atuou como assistente curatorial em diálogo com a curadora especial do MLP, Isa Grinspum Ferraz.
Boas palavras
O convite para conhecer as línguas faladas pelos povos indígenas e as transformações decorrentes da invasão colonial é também um chamado para experimentar outras concepções de mundo, e começa no próprio nome da exposição que vem da língua Guarani Mbya, composto a partir de duas palavras: Nhe’ẽ significa espírito, sopro, vida, palavra, fala; e porã quer dizer belo, bom. Juntos, os dois vocábulos significam “belas palavras”, “boas palavras” - ou seja, palavras sagradas que dão vida à experiência humana nesta terra.
A proposta é que o público faça uma imersão em uma floresta cujas árvores representam dezenas de famílias linguísticas às quais pertencem as línguas faladas hoje pelos povos indígenas no Brasil – cada uma veicula formas diversas de expressar e compreender a existência humana. “Língua é pensamento, língua é espírito, língua é uma forma de ver o mundo e apreciar a vida”, analisa Daira Tukano.
A Década Internacional das Línguas Indígenas
A abertura da exposição marca, no Brasil, o lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e coordenada pela Unesco em todo o mundo. A proposta é apresentar outros pontos de vista sobre os territórios materiais e imateriais, histórias, memórias e identidades dos povos indígenas, trazendo à tona suas trajetórias de luta e resistência, assim como os cantos e encantos de suas culturas milenares.
Sobre Daiara Tukano
Daiara Hori Figueroa Sampaio, do povo indígena Tukano do Alto Rio Negro, na Amazônia, é uma artista que apresenta a sabedoria e a ancestralidade indígena em obras como murais em empenas de edifícios, pinturas e desenhos em nanquim. Graduada em Artes Visuais e Mestre em direitos humanos pela Universidade de Brasília, ela pesquisa o direito à memória e à verdade dos povos indígenas. Foi coordenadora da Rádio Yandê, primeira web-rádio indígena do Brasil.
Para saber mais, visite o site do Museu da Língua Portuguesa.