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Confoco debate desafios tecnológicos de acervos digitais
No quinto encontro do Projeto Conversas para Formação Continuada (Confoco), realizado no dia 17 de agosto, os servidores e colaboradores do Museu do Índio (MI) e de suas unidades descentralizadas conheceram um pouco melhor os repositórios digitais que abrigam os acervos do museu e os desafios que precisam ser superados para que o acesso a esses conteúdos seja ampliado e facilitado.
A conversa foi conduzida pelo coordenador da Coordenação de Patrimônio Cultural (Copac). Ele explicou que o Museu possui três tipos de acervos (arquivístico, bibliográfico e etnográfico) que juntos somam cerca de 100 mil itens, relativos à maioria das sociedades indígenas brasileiras.
A maior parte dos itens desses acervos está digitalizada e abrigada em diferentes bancos e repositórios de dados. O arquivístico e parte do bibliográfico estão abrigados no DocPro; e o etnográfico na plataforma Tainacan. O MI conta também com o Japiim, uma plataforma de dicionários multimídia de línguas indígenas. O coordenador da Copac explicou que a grande meta é tornar esses repositórios interoperáveis, ou seja, possibilitar que se comuniquem entre si e que possam ser acessados por mecanismos de busca na Internet. Isso permitiria, por exemplo, criar uma única interface para acesso aos dados de todas as bases, facilitando a consulta e a apropriação dos acervos pelas comunidades indígenas e demais usuários dos serviços do órgão.
As primeiras iniciativas de digitalização dos acervos no âmbito do MI datam do ano de 1996. Porém, os acervos do MI estão em constante crescimento, tendo dobrado de volume desde então, o que coloca grandes desafios à gestão da infraestrutura necessária para acompanhar essa expansão. “O museu tem hoje 80 terabytes (80 mil gigabytes) de acervo digitalizado. Frente a esse volume de dados, nossa preocupação é manter a capacidade de armazenamento para suportar o crescimento do acervo e garantir a segurança da base digital, evitando a perda de dados”, explicou.
Segundo o coordenador da Copac, 60% das peças do acervo etnográfico já foram reproduzidas digitalmente e ele estima que cerca de 200 mil páginas de documentos do Fundo SPI e 450 mil páginas do acervo bibliográfico também já foram digitalizadas.
Para cuidar desse acervo digital, o MI investiu em infraestrutura e conta, hoje, com um storage (um repositório de armazenamento de dados) e uma estrutura de espelhamento que abriga uma cópia de todos os itens digitalizados e um cofre de segurança, com gravação dos dados em fitas magnéticas LTO, cuja vida útil é estimada em 30 anos.
O diretor do MI explicou que o órgão investe anualmente R$ 1 milhão para manter essa estrutura e que trabalha para seu aprimoramento, buscando soluções tecnológicas mais modernas e seguras, de forma a ampliar o acesso do público aos acervos da instituição e assegurar a sua integridade.
Os Acervos do Museu
O acervo arquivístico é integrado por conjuntos documentais variados como o do Fundo SPI – Serviço de Proteção aos Índios, que traz registros de mais de 50 anos (1910-1967) de atuação do Estado brasileiro junto aos grupos indígenas, e é um dos dez acervos documentais brasileiros nominados no Registro Nacional do Programa Memória do Mundo da Unesco. Há também documentação audiovisual, como fotos, vídeos e áudios, em sua maioria produzidos pelos próprios povos indígenas.
O bibliográfico é composto de coleções especializadas nas áreas de etnologia indígena, antropologia e política indigenista, incluindo muitas obras raras e outras editadas pelo próprio Museu.
Já o etnográfico reúne mais de 20 mil objetos, expressões da cultura material de aproximadamente 180 povos indígenas que viveram e vivem no território brasileiro. São peças de uso ritual e cotidiano, a exemplo de cerâmicas, adornos e cestarias.