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Aprovada nova definição de museu
A definição de museu passou por uma significativa mudança. Pela primeira vez, foram incluídos os termos “inclusão”, “acessibilidade”, “sustentabilidade” e “ética. A aprovação da nova definição de museu se deu durante a 26ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (Icom), realizada de 20 a 28 de agosto, em Praga, na República Tcheca. Representantes de mais de 500 museus em todo o mundo votaram e 92,4% foram favoráveis à mudança.
Alberto Garlandi, presidente do Icom, disse que a nova definição “está alinhada com algumas das principais mudanças no papel dos museus hoje. Fomos forçados a mudar. Eu realmente acho que essa decisão melhorará o papel do museu em todo o mundo.”
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) adotará a nova definição, que servirá para determinar se novas galerias e instituições privadas em todo o mundo podem se descrever como um museu oficial reconhecido.
A antiga e a nova definição
A antiga definição estabelecia:
O museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite.
Já a nova, aprovada por unanimidade, estabelece:
Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe patrimônio material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus promovem a diversidade e a sustentabilidade. Atuam e se comunicam de forma ética, profissional e com a participação das comunidades, oferecendo experiências variadas de educação, entretenimento, reflexão e compartilhamento de conhecimento.
Uma discussão longa
A definição do que é um museu, e, em especial, do que deve ser um museu do século XXI, é complexa e envolta em controvérsia. Até a metade do século XX, os critérios administrativos e aquisitivos dos museus eram arbitrários e estas instituições consideradas elitistas, colonizadoras e excludentes.
Na década de 1970, o conceito de museu foi reformulado e teve início a fundação da museologia moderna. Desde então, houve várias atualizações na definição, sendo a última delas datada de 2007.
Porém, ainda se buscava uma definição nova que contemplasse a diversidade de museus, coleções, públicos e territórios. Durante a Conferência Geral de 2016, em Milão, a ideia de repensar a definição de museu do Icom ressurgiu, sendo criado, no ano seguinte, um Comitê Permanente (Committee for Museum Definition, Prospects and Potentials) com o objetivo de analisar o impacto das tendências da sociedade nos museus e avaliar a relevância da definição então em vigor. Porém, a tentativa de chegar a um acordo, empreendida durante a Conferência do Icom de 2019, realizada em Kyoto, no Japão, malogrou e a Assembleia Geral não chegou a um consenso sobre um projeto de definição antes de ser votado.
Museus devem promover a diversidade
Começou a haver um entendimento de que o setor cultural não pode permanecer neutro diante da exclusão e da discriminação, pois isso colocaria em risco a própria relevância dos museus. O site da 26ª Conferência Geral do Icom destaca que “muitas vozes foram levantadas sobre o papel que as instituições culturais devem desempenhar dentro de suas próprias comunidades locais. As batalhas democráticas travadas em todo o mundo em nome dos direitos humanos incitam os museus a assumir uma postura ativa em direção a um avanço justo da sociedade civil”.
Norteada por esses propósitos, a definição agora aprovada resultou de uma metodologia de 11 etapas desenvolvida ao longo de 18 meses, que envolveu centenas de trabalhadores de museus que integram 126 Comitês Nacionais de todo o mundo, com destaque para a América Latina, que registrou a maior participação.
Saiba mais no site do Icom Brasil.