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Alunos de museologia da Unirio conhecem reserva técnica do Museu do Índio
No dia 15 de junho, 12 alunos da Escola da Museologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) tiveram a oportunidade de conhecer parte da reserva técnica e do espaço de criação do Museu do Índio (MI). Eles vieram acompanhados da professora de Antropologia dos Museus, Regina Abreu, e foram recebidos pelo Coordenador da Coordenação de Patrimônio Cultural (Copac), Bruno Aroni.
Durante a visita, o grupo foi dividido em dois. Uma parte foi para o espaço de criação e a outra para uma das reservas técnicas. Depois os grupos se revezaram.
Qualificação das peças musealizadas
No espaço de criação - área onde é realizado o processamento técnico de itens do acervo - o coordenador da Copac explicou que o acervo etnográfico do MI conta com 20.600 peças, todas catalogadas, e descreveu as diversas etapas do processamento técnico dos itens, desde seu recebimento até a efetiva musealização. “Não incorporamos ao nosso acervo peças que não venham com qualificação ou uma documentação bem elaborada”, ressaltou. Ele contou que os indígenas atuam diretamente no processo de formação de novas coleções e na qualificação daquelas já existentes. “Sempre que indígenas visitam o museu, é promovido um intercâmbio de conhecimentos e tenta-se aprimorar a qualificação das peças musealizadas”, disse.
Um atrativo inesperado para os estudantes foram os itens separados para empréstimo ao Museu de Arte Moderna (MAM) destinados à exposição “Nakoada: estratégias para a arte moderna”, que tem como um dos curadores Denilson Baniwa, e foi naugurada no dia 08 de julho. Entre as 37 peças que foram emprestadas estavam algumas bonecas Karajá, da coleção do museu, que conta com mais de 800 exemplares diferentes.
Diversidade da arte indígena
Na reserva técnica de adornos e plumárias, os estudantes foram recepcionados pelo chefe do Serviço do Patrimônio Cultural e Arquitetônico (Sepaca), Daniel de Oliveira Lira, e pelo consultor Leandro Guedes, do Projeto Salvaguarda do Patrimônio Linguístico e Cultural de Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente Contato na Região Amazônica, um acordo de cooperação técnica entre o Museu do Índio e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Foto: Reserva Técnica de adornos e plumárias / Arquivo
Daniel explicou que o MI tem seis reservas técnicas: três museológicas, duas de arquivo e uma bibliográfica. “Nós somos um museu vivo, estamos sempre recebendo novas coleções”, enfatizou. Ele esclareceu que a reserva de adornos e plumárias é a que abriga maior diversidade de materiais, como osso, dente, plumária, semente, tecido, trançado, fibra.
Durante a visita, os alunos puderam apreciar diversos objetos, tocar em alguns deles, tirar dúvidas e ouvir algumas histórias e curiosidades sobre as etnias, os materiais utilizados nos adornos, técnicas de confecção, processos de pigmentação e formas de acondicionamento das peças.
O consultor Leandro Guedes relatou que o acervo do museu começou a ser criado ainda na época do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), e que a formação das coleções contou com a contribuição de vários antropólogos de renome como Eduardo Galvão, Roberto Cardoso de Oliveira e Darcy Ribeiro, criador do museu. “Atualmente, as coleções são compradas diretamente dos indígenas ou são incorporadas ao acervo por meio de projetos desenvolvidos por antropólogos junto com os povos indígenas nas aldeias”, informou.
Também acompanharam a visita Munique Cardoso Cavalcante, chefe do Núcleo de Laboratório de Conservação (Nulac) e a servidora da Sepaca Isabel Santos Saraiva.