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Alunos de Pós-Graduação da Unirio fazem visita técnica ao Museu do Índio
Conhecer um museu público com acervo indígena. Esse foi o propósito da visita técnica que alunos e professores do Curso de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) fizeram ao Museu do Índio (MI) no dia 16 de setembro. Eles assistiram uma apresentação sobre o processo de musealização das peças etnográficas e visitaram uma das reservas técnicas do MI.
No espaço de criação - área onde é realizado o processamento técnico de itens do acervo do museu – os visitantes foram recebidos por representantes da Coordenação de Patrimônio Cultural (Copac) do MI e por um consultor do Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, desenvolvido pelo MI em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O coordenador da Copac explicou as formas pelas quais uma peça pode ser incorporada ao acervo do museu; as diversas etapas do processamento técnico dos itens, desde seu recebimento até a efetiva musealização. Disse que a primeira etapa é a quarentena para avaliar o estado de conservação do item; seguido de procedimentos de conservação preventiva como a higienização mecânica e, caso necessário, restauração; tombamento, catalogação e indexação na base de dados; documentação, acondicionamento e armazenamento nas reservas técnicas.
Em seguida, o coordenador de Patrimônio Cultural falou sobre o processo de documentação e contou que, hoje, as fichas catalográficas contam com quase 60 campos, entre os quais estão o ano e o modo de aquisição do objeto, descrição, dimensão e função da peça, a matéria-prima utilizada, a técnica de confecção, o povo e o estado de origem. Disse também que a documentação das peças do museu é revista de tempos em tempos, procurando tornar o acesso aos dados mais fácil, tanto aos profissionais do MI quanto ao público em geral.
Comentou, ainda, sobre a digitalização do acervo, explicando que a primeira base de dados do MI data de 1996 e que, atualmente, 60% das peças do acervo etnográfico já foram reproduzidas digitalmente podendo ser consultadas no repositório digital Tainacan (http://tainacan.museudoindio.gov.br/) .
Ao falar sobre o processo de qualificação das peças, o consultor Unesco ressaltou que o saber especializado do indígena determina a documentação. “Aprendemos com eles. É comum alterarmos informações nas fichas catalográficas a partir de informações repassadas pelos indígenas que visitam as reservas técnicas”.
Ele explicou que a seleção das peças começa na aldeia e que, quanto maior o volume de informações obtidas em campo, melhor a qualificação do item. Contou que, no museu, a documentação é revista com muita frequência.
Depois dessa apresentação, a comitiva conheceu parte do acervo depositado na reserva técnica de adornos e plumárias. Eles viram peças de diferentes etnias e algumas coleções, como a formada pelo antropólogo Darcy Ribeiro, um dos fundadores do MI. Puderam também apreciar peças produzidas com materiais alternativos, como os cocares Kayapó feitos com canudos plásticos, no lugar de penas animais, e os colares Marubo confeccionados com contas de PVC em substituição às contas de conchas de aruá. Esses são alguns exemplos que demonstram como os povos indígenas podem utilizar em sua produção artesanal e em seu viver coisas do mundo dos brancos, afirmando as suas identidades e reproduzindo suas culturas.
Também acompanharam a visita o chefe do Serviço do Patrimônio Cultural e Arquitetônico (Sepaca), a chefe do Núcleo de Laboratório de Conservação (Nulac) e uma servidora do Sepaca.
Os professores que acompanharam a visita destacaram a importância da visita para provocar temas que serão levados para debate em sala de aula.