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Alunas da Escola de Belas Artes fazem visita guiada ao Museu do Índio
A professora do Departamento Arte e Preservação da Escola de Belas Artes (EBA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e alunas do curso de graduação em Conservação e Restauração fizeram uma visita guiada ao Museu do Índio (MI), na tarde do dia 28 de julho.
As dezesseis alunas iniciaram a visita no espaço de criação, área do museu onde é realizado o processamento técnico de itens do acervo. Lá, elas foram recebidas pela equipe da Coordenação de Patrimônio Cultural (Copac) e pelo consultor do Projeto de Salvaguarda de Línguas e Cultura Indígena, um acordo de cooperação entre a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O consultor explicou as diferentes etapas por que passam os artefatos desde seu recebimento pelo museu até sua efetiva incorporação ao acervo, além dos procedimentos adotados pelo MI para qualificação das peças. Falou também sobre o processo de catalogação e indexação dos itens na base de dados.
“O trabalho museológico, especialmente no que se refere à documentação, é muito mais dinâmico que se possa pensar. A documentação das peças do museu é revista de tempos em tempos, procurando tornar o acesso aos dados mais fácil, tanto para os profissionais do museu quanto a todos os interessados”, explicou.
Visita às reservas técnicas
Depois, a comitiva conheceu as reservas técnicas Berta Ribeiro e a de a adornos e plumárias onde puderam verificar a forma e os materiais utilizados para acondicionamento dos objetos. O coordenador da Copac contou que os materiais empregados variam de acordo com as peças. “Nas cestarias usamos PEPD tubular, que são sacos respiráveis e protegem de infestação. Usamos também tayvek e ethafoam para acondicionamento das peças".
Em seguida, o grupo visitou o laboratório de fotografia - onde são realizados registros fotográficos em alta resolução de cada peça, para alimentar o Tainacan, repositório digital do acervo etnográfico do museu - e o laboratório de conservação, que voltou a funcionar esse ano após ter passado por reformas e aquisição de novos equipamentos.
O responsável pela Copac contou que o controle climático para preservação dos acervos é um desafio. “Por mais que se reduza a infestação com controle da umidade, ela continua acontecendo. Temos de fazer conferências periódicas nas reservas e encaminhar os itens com danos para o laboratório”, esclareceu.
O chefe do Serviço do Patrimônio Cultural e Arquitetônico (Sepaca) lembrou que o lençol freático está a apenas um metro e meio do terreno que abriga o museu e que a umidade vem por capilaridade, do chão e das paredes. “Construímos uma espécie de piscina invertida abaixo do terreno e fazemos controle climático 24 horas, ajustando temperatura e umidade com ar condicionado e desumidificadores”. Ele contou que o MI está trabalhando para automatizar esse controle ambiental, permitindo que possa ser feito de forma remota.
Uma outra estratégia que o MI costuma adotar para desinfecção é o congelamento das peças por período controlado.
Colaboração Institucional
A professora do Departamento Arte e Preservação da EBA disse que a visita permitiu ampliar o olhar sobre o processo de conservação de acervos tão específicos como o do MI e colocou o laboratório de conservação da universidade à disposição.
Durante a visita teve início uma conversa sobre o desenho de uma possível colaboração institucional entre a EBA/UFRJ e o MI, visando, entre outras coisas, o aprimoramento das técnicas de conservação empregadas pelo museu e a abertura de vagas de estágio para alunos da Escola de Belas Artes.