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Na pandemia, Museu do Índio apoia projeto de mulheres cineastas
Frame de vídeo-carta de Graciela Guarani, uma das cineastas idealizadoras do projeto Nhemongueta
Pela lente da câmera, olhares femininos perpassam o mundo em suspenso. As cineastas indígenas Graciela Guarani (PE), Michele Kaiowá (MS), Patrícia Yxapy e a artista visual e pesquisadora Sophia Pinheiro (GO) compartilharam nos últimos três meses, em mensagens videográficas, maneiras singulares de enxergar a pandemia, a partir do projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete - “Conversas entre mulheres guerreiras”, em língua Guarani Kaiowá e Mbya.
Por meio de 16 vídeo-cartas trocadas entre si, essas mulheres refletiram sobre questões como família, origens, força feminina, racismo estrutural e preconceito contra povos indígenas, a sensação da pandemia, as interferências das escolhas humanas na terra, as angústias e medos do momento, o que se espera do mundo que está por vir entre outros temas variados.
O projeto faz parte da parceria entre o Museu do Índio e o Instituto Moreira Salles (IMS) que convidou grupos de produção artística que atuam em regiões de vulnerabilidade para desenvolverem trabalhos voltados ao contexto da pandemia. O Museu do Índio foi convidado pela instituição para contribuir com sua experiência no apoio à produção cultural indígena, a partir do trabalho do Serviço de Apoio a Atividades Culturais (SEAC), e na divulgação do projeto.
A parceria com o IMS foi iniciada em 2019, por meio de oficinas do cineasta Guarani Alberto Álvares, e se desdobrou em atividades relacionadas à mostra fotográfica "Cláudia Andujar: a Luta Yanomami", exibida no IMS, e também na Oficina "Ocupar a Terra, Ocupar a Tela: Mulheres, Terra e Movimento", conduzida por Graci Guarani, Michely Fernandes e Sophia Pinheiro, onde se inicou o contato do Museu do Índio com as cineastas do projeto Nhemongueta.
NAS ASAS DAS BORBOLETAS
O Nhemongueta Kunhã Mbaraete ganhou visibilidade e conquistou os espectadores. Em entrevista à Rolling Stone , as cineastas revelaram: “Conversando sobre as ideias e possibilidades de criação durante a pandemia, o uso das vídeo-cartas caiu como uma luva, pois é uma técnica muito pessoal, íntima e que é feita de forma caseira, ideal para a produção durante esse momento (...) Estamos muito felizes com esse resultado. A página está transbordando de alegria das pessoas que nos seguem vindas de todas as regiões brasileiras e também vários outros lugares.”
Além da Rolling Stone, a Revista Zum também trouxe um pouquinho do Nhemongueta ao público e diversas páginas nas mídias divulgaram o trabalho das cineastas.
Os vídeos do projeto Nhemongueta podem ser vistos na íntegra na página do IMS e na página do projeto no Instagram , onde as cineastas publicam informações adicionais, como o conceito da obra, as bases de pesquisa que inspiraram as criações e outros assuntos. É possível, ainda, conhecer um pouquinho mais das cineastas e assistir a teasers das videocartas na página do Museu do Índio, também no Instagram .
No canal do projeto no Youtube , as cineastas compartilham a live que fizeram com a antropóloga Guarani Sandra Benites.
BORBOLETAS GUERREIRAS
Com experiências diferentes no campo audiovisual, as quatro cineastas uniram a relação que trazem com a antropologia, comunicação, artes visuais e educação para, juntas, formarem um trabalho de peso. Conheça um pouquinho de cada uma delas:
Michele Kaiowá (Kunhã Poty Rendy) mora na aldeia Panambizinho, em Dourados-MS. Formanda da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, é diretora e uma das criadoras do projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete. Repletas de experiências cotidianas com a família na aldeia, as videocartas de Michele remetem à tradição Kaiowá e o aprendizado passado de geração em geração. “ Eu gostei muito do projeto que estamos finalizando e agradeço a todas as equipes que nos apoiaram. Agradeço muito, de coração, a todo mundo.”
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Graciela Guarani nasceu na aldeia Jaguapiru, em Dourados, e hoje vive em Pernambuco. Cineasta Guarani Kaiowá, é diretora, roteirista e cinegrafista de diversas produções brasileiras. Para conhecer melhor seu trabalho e trajetória encantadora, confira seus relatos no projeto. “" Trabalho nesse meio há alguns anos sempre levando a visibilidade, a promoção, a diversidade, a pluralidade e a politização do mundo indígena”
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Patrícia Ferreira Pará Yxapy é professora em sua aldeia Ko'enju, em São Miguel das Missões. Além disso, é cineasta e uma das criadoras do projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete. " Além de ser professora aqui na aldeia eu trabalho com cinema, com audiovisual, tratando um pouco sempre a questão do território, as preocupações, as nossas realidades.”
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Sophia Pinheiro é artista visual, mestre em Antropologia Social e doutoranda em Cinema e Audiovisual. Se interessa pelas poéticas e políticas visuais, etnografia das ideias, do corpo e marcadores da diferença, principalmente em gênero e sexualidade. "Para mim é uma alegria muito grande poder conversar, trocar e estar nesse momento dialogando com essas amigas e parceiras de vida e que desembocam numa parceria de trabalho. Eu só tenho a agradecer e me senti muito honrada por esse assentamento de alma e essa força que elas me trazem e que toda a nossa conversa também emana nesse momento de pandemia mundial."
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