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O Museu do Índio e suas coleções
Qualificação do acervo de cerâmica do povo Kadiwéu/MT, 2014
A formação das primeiras coleções etnográficas indígenas do Museu do Índio aconteceu no ano de 1942, 11 anos antes mesmo da sua criação, em 1953, dentro do Serviço de Proteção aos Índios- SPI, órgão já extinto, hoje substituído pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI. Objetos de várias etnias eram recolhidos por fotógrafos e cinegrafistas em visitas às aldeias promovidas pela Seção de Estudos - SE do SPI que, além da tarefa de organizar um museu, tinha como atribuição realizar pesquisas para os registros das manifestações culturais das populações indígenas brasileiras. Esses conjuntos documentais - fotos, filmes e objetos - eram exibidos em prédios públicos por ocasião das comemorações do Dia do Índio (19 de abril).
Em 1947, a Seção de Estudos do SPI contratou o etnólogo Darcy Ribeiro e o linguista Max Boudin. A partir desta data, foram realizadas, dentro de uma metodologia etnológica, as primeiras pesquisas etnográficas do SPI. Como resultado, coleções orgânicas, sob responsabilidade dos funcionários da Seção, que já organizavam pequenas exposições.
Na década de 90, com o encaminhamento de artefatos pelo então Departamento Geral de Patrimônio Indígena (DGPI) da FUNAI - responsável pela aquisição e comercialização dos objetos por meio das lojas Artíndia, o Museu do Índio seguia captando e preservando acervos. Havia também doações de coleções por parte de antropólogos envolvidos com a temática indígena e de índios que procuravam a instituição para comercializar os seus produtos. Essa fase foi marcada pelo envolvimento do corpo funcional do Museu.
Assim, resultaram diversas coleções montadas pelos próprios funcionários da instituição: Xavante (1988), pela museóloga Maria José Novelino Sardella; Wruwuawau (1988) e Nambikuára (1989), pela antropóloga Cláudia Meneses; Tremembé (1992), pela antropóloga Jussara Vieira Gomes; Pareci (1997), pela antropóloga Sonia Coqueiro; Apurinã (1994), pelo antropólogo e atual diretor do Museu do Índio, José Carlos Levinho e Guarani-Mbyá (1994), pelo antropólogo Carlos Augusto da Rocha Freire.
A Coordenadora de Patrimônio Cultural, a museóloga Ione Couto, explica que, "a partir de 2009, com o Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas - PROGDOC - coordenado pelo Museu do Índio com apoio da UNESCO -, a instituição passou a receber coleções formadas por pesquisadores do projeto, resultando em um volume expressivo de acervo". Até o momento, 3.674 itens etnográficos já foram incorporados ao acervo institucional, devidamente qualificados.
"Atualmente, o acervo - totalizando 19.119 objetos - encontra-se totalmente identificado, acondicionado e disponibilizado virtualmente por meio de base de dados. A participação dos índios foi constante e indispensável, uma vez que contribuíram na identificação e documentação das peças, restauração e exibição", acrescenta Couto.