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Trabalho das mulheres precisa ser reconhecido, seja remunerado ou não, afirma ministra das Mulheres em debate no G20 Social
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, defendeu nesta quarta-feira (13) o reconhecimento do trabalho doméstico e do cuidado, realizado principalmente pelas mulheres no Brasil e no mundo, durante a conferência internacional “Construindo sociedades do cuidado no G20 e além”, evento paralelo à Cúpula Social do G20, no Rio de Janeiro. Sua participação foi no painel “Reflexões: um roteiro para ação no G20”, ao lado de Ana Moreno, Secretária Técnica da Aliança Global para os Cuidados.
“Seja remunerado ou não, o trabalho das mulheres não é reconhecido. É essencial que façamos com a sociedade o debate sobre a divisão sexual do trabalho doméstico e do cuidado, que hoje sobrecarrega as mulheres. Elas dedicam o dobro do tempo, em comparação aos homens, com atividades domésticas e cuidando de familiares ou pessoas com deficiência, e com isso acabam não se dedicando às suas próprias carreiras, sua autonomia econômica, saúde ou mesmo lazer”, afirmou Cida Gonçalves.
Na noite desta terça-feira (12), foi aprovado na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Cuidados. Para a ministra, a aprovação do texto no Congresso é um avanço enorme na pauta, mas traz desafios, uma vez que trechos importantes foram modificados em meio a um debate conservador provocado pela atual conjuntura política que divide o país. “Temos que lutar diariamente para que não haja retrocessos nos direitos sociais, nos direitos das mulheres”, apontou. Por isso, em sua avaliação, é muito importante que seja construído um processo para que a Política de Cuidados seja permanente, independente de quem esteja no poder.
A desigualdade salarial entre mulheres e homens, que é de 20% no Brasil, também foi trazida pela ministra Cida Gonçalves, uma pauta bastante relacionada ao cuidado. Ela enfatizou a importância da Lei da Igualdade Salarial e Remuneratória, junto a outros desafios que o governo federal tem enfrentado, como as ações judiciais de entidades empresariais para que não tenham obrigatoriedade de publicar o relatório de transparência salarial. Outro tema trazido foi a precariedade das trabalhadoras domésticas, que vivenciam a falta de uma série de direitos trabalhistas, quando não são submetidas a condições análogas à de escravidão.
Promovido pela Care 20 com o apoio do W20 e outras entidades, o encontro reuniu líderes e especialistas para discutir como a economia do cuidado pode impulsionar o desenvolvimento sustentável e equitativo. O evento contou com painéis e sessões interativas, como o “Cuidado como Oportunidade em Tempos de Crises Interligadas”, que explora a economia do cuidado como solução para crises sociais e econômicas, construindo um futuro mais justo para mulheres e meninas.