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MULHERES NO G20
Painel no G20 Social debate as mulheres no centro do desenvolvimento
A inclusão de mulheres em espaços de poder e decisão, o enfrentamento à violência, a autonomia econômica e a centralidade das mulheres nas decisões sobre ação climática foram temas debatidos no painel “G20 e as Mulheres: Desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável”, promovido pelo Ministério das Mulheres no âmbito do G20 Social. Participaram da abertura a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, e a deputada federal Benedita da Silva. O evento também contou com representantes selecionadas de Grupos de Trabalho e Grupos de Engajamento do G20.
A ministra Cida Gonçalves destacou como o Brasil foi privilegiado por estar na presidência do G20 durante o primeiro ano do Grupo de Trabalho Empoderamento de Mulheres. “É uma prioridade do presidente Lula, no debate internacional, enfrentar todas as desigualdades”, disse a ministra, que lembrou do esforço e empenho do presidente pela construção e aprovação da Lei da Igualdade Salarial.
Cida também passou pelos temas da política de cuidados e da ação climática e enfatizou como as mulheres não podem estar fora das tomadas de decisão em todo o planeta. ministra também fez um agradecimento ao Congresso Nacional pelas aprovações de dezenas de leis que avançam nos direitos das mulheres desde o início de 2023. “Precisamos construir um mundo que respeite as mulheres”, finalizou.
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, lembrou em sua fala que era um desejo do presidente Lula que a questão de gênero fosse transversal durante o G20. “Algumas dessas questões passam pelo financiamento, que impactam a vida de meninas e mulheres, como o tema da justiça climática”, observou. Para ela, o GT Empoderamento de Mulheres “foi não somente um sucesso, mas se tornou um exemplo para outros grupos e outros países, como a África do Sul”, país que preside o G20 a partir de dezembro. Ela agradeceu a todos os países que se esforçaram para que o GT apresentasse um “documento forte” em prol da igualdade de gênero em todos os setores.
Já Benedita da Silva observou a diferença positiva na construção de políticas públicas quando estamos sob um governo que se preocupa com o tema. “Hoje estamos discutindo políticas públicas para mulheres com mais esperança, pois temos um governo sensível a essas necessidades. Falo inclusive da retomada e da construção de um Ministério das Mulheres”, afirmou. Coordenadora-geral dos Direitos da Mulher da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, a parlamentar ressaltou ainda que a bancada feminina foi a que apresentou o maior número de projetos na Câmara Federal no atual período.
Transversalidade e sociedade civil
Em seguida à abertura, a Secretária-Executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, coordenou um painel no qual participaram Vanessa Dolce, Alta Representante para Temas de Gênero do Itamaraty; Ana Fontes, presidente do W20 Brasil; Tatiane Rosito, coordenadora da Trilha de Finanças do G20; e Alessandra Nilo, Sherpa do C20 Brasil. Foram debatidos temas urgentes para o fortalecimento econômico das mulheres, com ênfase em como a igualdade de gênero é um pilar central para o desenvolvimento sustentável.
Chair do GT Empoderamento de Mulheres, Maria Helena Guarezi destacou os pontos principais debatidos ao longo do ano, com ênfase na inclusão de mais mulheres em espaços de liderança e no princípio da transversalidade com grupos como de Trabalho, Transição Energética e Comércio Exterior. A secretária-executiva fez um agradecimento a todas as pessoas envolvidas com os trabalhos do GT, seja de governo ou da sociedade civil, e convidou a todas para a próxima Conferência de Políticas para Mulheres programada para setembro de 2025.
Alessandra Nilo abordou a importância de se financiar políticas públicas para a conquista da igualdade de gênero e descreveu as principais recomendações do C20, entre elas a redistribuição de recursos em tempos de crises, taxações progressivas com lentes de gênero e produção de dados e evidências para demonstrar como o trabalho do cuidado impacta na economia. “Nós precisamos levar uma mensagem muito mais forte aos líderes mundiais de que não é possível alcançar o desenvolvimento sem igualdade de gênero.”
Tatiane Rosito saudou a transversalidade feita entre o GT Empoderamento de Mulheres com a Trilha de Finanças no âmbito do G20 em 2023, um feito inédito, e disse esperar que esse “seja um caminho sem volta” para as próximas presidências. Como exemplos de temas transversais, a coordenadora da Trilha de Finanças citou que, no Brasil, o percentual de mulheres na informalidade é de mais de 60%, maior do que a média mundial, e que isso significa que elas são mais impactadas por impostos indiretos e pelo endividamento. Tatiane citou ainda a importância de se ter diversidade na alta direção de instituições financeiras.
Vanessa Dolce iniciou sua fala mencionando avanços recentes para as mulheres na política externa da América Latina: a criação de um Ministério das Mulheres pela presidente eleita do México, Cláudia Sheinbaum, cumprindo uma promessa de campanha; e a aprovação da proibição do casamento infantil pela Colômbia. “O GT é importante para a política externa brasileira e para o Itamaraty, que tem a igualdade de gênero como um compromisso”, frisou, citando que o Ministério das Relações Exteriores tem colocado em prática diversas ações para a promoção dos direitos das mulheres nos últimos anos. Em sua avaliação, o Brasil se destaca no debate global de gênero pela interseccionalidade. “A perspectiva de atuar pela igualdade de gênero considerando a questão racial não é óbvia e o Brasil está à frente nessa discussão”.
Líder do W20 (Women20) desde 2017, Ana Fontes apontou para o desafio de que a pauta de recomendações não fique “somente no documento” final, que é resultado de “muito trabalho e de um processo longo, de muitas discussões e às vezes até brigas”. “Construímos um documento muito forte, com cinco temas, para definir quais são os nossos próximos passos, sendo que três deles vêm de G20 anteriores”, afirmou Ana Fontes, citando entre eles o apoio a mulheres empreendedoras, o incentivo à inclusão de meninas e mulheres em áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e o enfrentamento à violência. “Esperamos que nosso legado como W20, estando na presidência, é que tudo isso seja colocado em prática. O conteúdo do nosso documento precisa entrar na cúpula, a pressão popular pode ajudar a fazer isso melhor”, finalizou.
Também esteve presente no evento a presidenta do Fórum de Mulheres Trabalhadoras da Índia, Nandini Azad, que fez uma fala durante a abertura do G20 Social.