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Ministério das Mulheres e NetLab divulgam pesquisa inédita sobre desinformação, misoginia e fraudes em plataformas digitais
O Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab), vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou e classificou 1.565 anúncios publicitários dirigidos às mulheres como sendo problemáticos, irregulares ou ilegais/fraudulentos. Os dados foram coletados das redes sociais e plataformas Facebook, Instagram, Messenger e Audience Network. Foram 28 dias de coleta entre janeiro e fevereiro deste ano.
São os primeiros resultados da pesquisa inédita “Observatório da indústria da desinformação e violência de gênero nas plataformas digitais”, que tem o apoio e o financiamento do Ministério das Mulheres, no âmbito da iniciativa Brasil Sem Misoginia.
Acesse o relatório completo da pesquisa neste link.
O estudo identificou 550 páginas e perfis responsáveis por publicar anúncios categorizados como tóxicos pelo NetLab, pelo tipo de ameaça que representam às mulheres, principal público-alvo dos conteúdos. Uma análise das mensagens disseminadas e das normas jurídicas que incidem sobre os tipos de anúncios analisados permitiu identificá-los como problemáticos, irregulares ou ilegais/fraudulentos.
Na etapa seguinte buscou-se uma categorização mais específica do tipo de ameaça que o anúncio representava. A mais recorrente foi a de “risco à saúde pública ou individual”, que aparece em 78,6% dos anúncios analisados. Ela foi seguida por “desinformação ou publicidade abusiva ou enganosa”, presente em 66% dos conteúdos; “reforço de estereótipos de gênero, machismo e objetificação da mulher” (44,3%); “fraude ou golpe” (35%), e “uso de identidade falsa” (34%). A maior parte dos anúncios apresenta mais de um tipo de ameaça, de forma que há sobreposição de categorias.
Saúde e corpo da mulher
Do total de anúncios analisados, 1.253 tratam de temas relacionados ao corpo da mulher, inseridos no bilionário mercado da estética. Anúncios enganam, por exemplo, quando fazem referência à suposta aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para conferir legitimidade aos produtos. Muitos usam recursos como logo, fotos de fachada da agência e deep fakes para criar narrativas falsas e aplicar golpes.
Temas sensíveis
Na primeira etapa da pesquisa, todas as plataformas estudadas pertencem à Meta, que possui uma política de classificação de temas que considera sensíveis, na qual estão incluídos assuntos como eleições, política, direitos sociais, saúde, entre outros.
Em contraste com os achados da pesquisa, mais de 98% dos anúncios considerados problemáticos e ameaçadores às mulheres não foram classificados como sensíveis no sistema de anúncios da Meta.
É um cenário generalizado de desinformação, que pode levar a prejuízos à saúde, a impactos financeiros e danos psicológicos, segundo o relatório, além de criar obstáculos à igualdade de gênero. “Ao colocar em xeque a legitimidade das reivindicações por igualdade das mulheres, os anúncios dificultam o avanço da agenda feminista e fortalecem desigualdades de gênero no sistema judicial”, diz o documento.
Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, anúncios como os que foram avaliados pela pesquisa ajudam a reforçar a misoginia, incentivando a atuação de grupos masculinistas na internet. “A publicidade tóxica voltada às mulheres contribui para torná-las mais vulneráveis e se traduz no aumento dos feminícídios e de outras formas de violência de gênero. O estudo será fundamental para embasar ações e políticas públicas pelo Ministério das Mulheres para enfrentar esse cenário e proteger a integridade e dignidade das mulheres”, avalia.
"O que esse estudo mostra é a proliferação de conteúdos misóginos e de ataques contra as mulheres, porém não é um conteúdo orgânico e comum. Nós estamos falando de uma misoginia patrocinada na qual anunciantes segmentam mulheres com campanhas pagas usando técnicas da publicidade e de segmentação do público tanto para dar golpes em mulheres como para amplificar mensagens de misoginia e de culto ao machismo." destacou Rose Marie Santini, Fundadora e coordenadora do NetLab.
Principais anunciantes
Entre os perfis e páginas que mais veicularam anúncios problemáticos, destacam-se aqueles recém-criados, com poucos seguidores, poucos dados e informações conflituosas. Para o NetLab, a renovação constante de páginas anunciantes indica um esforço proposital para circular conteúdo falso, sem descartar a hipótese de aplicação de golpes financeiros.
Brasil sem Misoginia
O Ministério das Mulheres investiu R$ 300 mil na parceria com o NetLab, que irá publicar novos estudos ao longo do semestre no âmbito do projeto. O investimento em pesquisas para fundamentar o debate público e a tomada de decisões é uma das frentes da iniciativa do Brasil Sem Misoginia.
Lançado pelo Ministério das Mulheres em outubro de 2023, a iniciativa conta com mais de 130 parceiros, entre empresas privadas e públicas, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, segmentos como torcidas de futebol e setores religiosos.
Mais informações para imprensa:
Assessoria de Comunicação do Ministério das Mulheres
E-mail: imprensa@mulheres.gov.br
Tel.: (61) 2027-3676 / 2027-3629