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COMÉRCIO EXTERIOR
Trabalho de cuidado: Ministério das Mulheres leva tema para reunião do Grupo de Trabalho de Comércio e Investimentos no Rio de Janeiro
Foto: MIDC
Catorze por cento. Este é o número total de negócios de exportação e importação brasileiros que pertencem a mulheres, segundo dados de 2019 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Para mudar este quadro e promover a participação feminina, o Ministério das Mulheres, através da equipe dedicada ao Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres do G20 (EWWG/G20, na sigla em inglês), acompanha atentamente as discussões do GT de Comércio e Investimento, co-coordenado pelo MDIC e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Hoje e amanhã, 27 e 28 de junho, o GT de Comércio e Investimento está reunido na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e, nesta manhã, o debate foi focado no tema "Mulheres no Comércio Internacional" com algumas perguntas provocadoras, principalmente:
Como pode o G20 encontrar respostas cooperativas para promover políticas que possam melhorar a participação das mulheres no comércio internacional?
Como informou a secretária nacional de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, o objetivo foi o de realizar um exercício de escuta com as delegações que também fazem referência ao mapeamento das barreiras enfrentadas pelas mulheres no comércio internacional.
"O G20 pode liderar esforços para aumentar a participação das mulheres no comércio internacional, promovendo abordagens cooperativas como a defesa de políticas comerciais inclusivas e o apoio ao desenvolvimento de princípios internacionais para orientar essa regulamentação", disse. Um desafio que o GT de Comércio e Investimento busca é o consenso com o compromisso de um monitoramento abrangente da participação das mulheres no comércio internacional.
Para este ano, o governo brasileiro está desenvolvendo uma pesquisa, em parceria com o grupo de engajamento Business 20 (B20), e que já envolveu 1.900 entrevistas tanto dos países-membros como dos países convidados. A previsão é que o relatório completo seja apresentado em meados de julho.
Transversalidade e articulação
Segundo a assessora da Secretaria-Executiva do Ministério das Mulheres, Viviane Cesário, a abordagem dos desafios que as mulheres enfrentam recai, inevitavelmente, em um tema chave para a atuação da pasta e do EWWG: o trabalho de cuidado e a autonomia econômica das mulheres. "Mulheres dedicam 2.8 horas a mais do que homens ao trabalho doméstico por dia, segundo a ONU Mulheres. Não tem como pensar a baixa participação de mulheres na área ignorando que elas não possuem as mesmas 24 horas que os homens possuem, porque se dividem entre trabalho, a casa e, às vezes, os estudos e outros interesses", ressaltou.
Os dados de participação de mulheres brasileiras estão apenas um pouco acima da média de 76 países em desenvolvimento e emergentes analisados pela World Bank Enterprise Survey, pesquisa do Banco Mundial, que mostra que, entre as empresas exportadoras, as mulheres possuem apenas 10% das empresas de manufatura e 12% das empresas de serviços.
Essa constatação, reforçada em reuniões que o Ministério das Mulheres vem fazendo com o MDIC desde o mês de abril já se mostrou relevante. Nesta manhã, vários dos países membros citaram o contexto da dupla jornada de trabalho como um impeditivo para a atuação de mulheres e compartilharam práticas de inserção e equidade com destaque para Chile, França e Austrália.
Elas Exportam
Neste sentido, uma das boas práticas compartilhadas pelo Brasil é o Programa de mentorias "Elas Exportam", parceria do MDIC com a ApexBrasil e o MMulheres. "Esta iniciativa de mentoria oferece apoio e formação personalizados a mulheres empreendedoras na fase inicial da carreira no mercado de exportação", explicou Tatiane.
Com ciclos semestrais, o Elas Exportam oferece mentorias individuais, oficinas e seminários para auxiliar no desenvolvimento de competências e habilidades técnicas e socioemocionais necessárias à atividade exportadora.