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TRANSVERSALIDADE
Abertura do II Fórum Nacional de Gestoras de Políticas para Mulheres reúne autoridades e destaca participação política
Empoderamento. Foi essa a palavra usada pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em sua fala de abertura do II Fórum Nacional de Gestoras de Políticas para Mulheres, nesta terça-feira (11), ao se referir como gostaria que as cerca de 300 gestoras presentes voltassem para seus estados e municípios após o evento, que termina nesta quarta-feira (12).
“O desafio aqui é discutir o empoderamento das mulheres. Temos que voltar cheias de poder para o nosso município. Estamos em ano eleitoral. Temos que dizer ao candidato eleito que ele tem de criar a secretaria de mulheres no município, essa tem de ser sua principal pauta”, disse Cida Gonçalves.
Orçamento, misoginia, igualdade salarial e violência de gênero permearam os discursos de todas as autoridades presentes, as quais também destacaram a baixa participação das mulheres em espaços de poder e a violência política que muitas sofrem.
Compondo a mesa de autoridades, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou o fato de ela ser a primeira indígena a ser ministra de estado. “Estar hoje falando nesse fórum nacional para gestoras mulheres é não só um orgulho, mas uma honra para mim, como mulher indígena que aguardou cinco séculos para que chegássemos a esse lugar”, frisou.
Ela salientou, ainda, a importância de ter outras indígenas em espaços importantes no ministério. “Essas mulheres que trazem consigo rica bagagem cultural e história de luta e resistência estão agora ocupando importantes espaços de poder e política. Elas representam o empoderamento de nossas comunidades e quando as mulheres têm oportunidade de liderar, lideram para transformar as distintas realidades”, comentou.
Congresso representado
A deputada federal Gisela Simona e a senadora Leila Barros também compuseram a mesa e destacaram a baixa participação das mulheres na política e a luta para aumentar o orçamento.
“A bancada feminina da Câmara dos Deputados está pronta e lutando diariamente para que nós tenhamos uma política orçamentária que realmente venha contemplar e assegurar recursos necessários para essas políticas públicas que nós precisamos enfrentar”, frisou Simona, destacando também o trabalho que tem sido feito em conjunto com o Ministério das Mulheres para a construção da Política Nacional de Cuidados.
Leila Barros trouxe os números da participação feminina no parlamento – onde as mulheres ocupam apenas 17% das vagas – e destacou a importância da discussão do código eleitoral para que as mulheres tenham cadeira garantida no Congresso Nacional.
Avanços
Representando a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros – primeira presidente mulher em 215 anos de história da instituição- , a vice-presidente Ana Cristina Rosa Garcia lembrou dos avanços do BB nas questões de gênero, muito motivadas pela adesão ao programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, do Ministério das Mulheres, ainda em 2005.
“A gente tinha menos de 5% de mulheres em cargos mais altos. O programa mudou a percepção do banco. A gente conseguiu localizar mais mulheres com competência e hoje fazem parte desse board de 27%”, celebra Ana Cristina.
A participação das mulheres em cargos mais altos também foi citada pela ministra substituta do Turismo, Ana Carla Lopes. “Ampliar a presença feminina no setor de turismo é medida necessária urgente. Respondemos por 54% da força de trabalho, mas não somos maioria nas gerências da cadeia de turismo. Somos maioria como cozinheiras, camareiras”, disse.
A abertura do Fórum contou também com a participação da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, que destacou os avanços das políticas públicas para mulheres em seu estado e falou da importância da realização do evento. “O Fórum é um espaço muito saudável e desejável para fazer algo necessário, que é o diálogo, a troca de experiência, como é que podemos avançar no ponto de vista de implementar, cada vez mais, as políticas que garantam o direito de as mulheres viverem uma vida com dignidade, com bem-estar, sem violência”, disse.
Protocolo de intenções
Durante a abertura do Fórum, as ministras das Mulheres, Cida Gonçalves, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, assinaram o Protocolo de Intenções para a implementação de ações no âmbito da Política Nacional de Mudança do Clima, da Justiça Climática e da Participação das Mulheres nas Políticas Ambientais.
“A política ambiental é transversal. É o enfrentamento do grave problema da mudança climática que afeta as mulheres, para que a gente possa desenvolver políticas de gênero para o enfrentamento da crise climática que afeta as pessoas com ondas de calor, fria e seca extremos”, destacou a ministra Marina Silva.
Campanha “Mais Mulheres no Poder, Mais Democracia”
Também durante a abertura do evento foi lançada a campanha “Mais Mulheres no Poder, Mais Democracia”, com a exibição do vídeo. Além de trazerem dados e informações sobre a sub-representatividade das mulheres na política, os materiais que serão utilizados na campanha divulgam canais de denúncia e orientações, como o Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher.
Fórum
Nos dois dias de fórum, serão discutidos temas relacionados à gestão das políticas, intercâmbio de experiências, participação das mulheres nos espaços de poder e decisão, orçamento e as estratégias de integração e articulação das políticas para mulheres.
Na tarde desta terça-feira, a discussão foi em volta da temática “Ampliando a participação das mulheres nos espaços de poder e decisão”, com a presença da ministra Cida Gonçalves, da secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política, Carmen Foro, da deputada federal Talíria Petrone, de Cristiana Almeida, do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos, e de Michele Ferreti, do Instituto Alziras.
Na quarta-feira, será abordado o tema “O impacto do orçamento nas políticas públicas para as mulheres”, além de uma mesa de apresentação de experiências sobre boas práticas de políticas para as mulheres nos estados.
Também no último dia de evento, haverá o lançamento dos cursos virtuais: Gestão e Implementação de OPM e O protagonismo das mulheres: passos para a atuação das mulheres nos espaços de poder e decisão, em parceria com a Enap (Escola Nacional de Administração Pública).