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MULHERES NO G20
Seminário internacional sobre trabalho de cuidados marca a primeira entrega do GT de Empoderamento de Mulheres
Nos dias 9 e 10 de julho, o Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres do G20 (EWWG, na sigla em inglês) realizou o Seminário Internacional "Trabalho de Cuidado e a Sustentabilidade da Vida e da Economia". Com a participação das delegações de países-membros, convidados e organismos internacionais, o evento marcou a primeira entrega do GT, que se reúne pela primeira vez sob a presidência brasileira do G20 em 2024.
Dividido em três paineis (Assuntos Globais, Uso do Tempo em Foco e Políticas Públicas em Foco), o seminário fez uma análise sobre a divisão desigual do trabalho do cuidado, as consequências socioeconômicas e subjetivas que essa desigualdade causa em meninas e mulheres ao redor do mundo e os impactos econômicos dessa disparidade na economia global. Também foram debatidas alternativas para a superação do cenário hoje existente.
A secretária nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados do Ministério das Mulheres, Rosane Silva, destacou a centralidade do cuidado na reprodução da vida e a importância da justa divisão das tarefas, incluindo a corresponsabilização entre Estado e sociedade, e uma reestruturação da divisão sexual do trabalho.
“Dentro das famílias, os homens precisam ser responsáveis pelo cuidado. Se o cuidado é tão fundamental para a sustentação da vida humana, é necessário dividir isso entre todos, com aqueles que compartilham a vida cotidiana conosco. Nenhum homem deixa de ser homem se lavar uma roupa, lavar uma louça, cuidar de uma criança, de um idoso. Se nós, mulheres, podemos fazer isso, e de forma gratuita e não valorizada, os homens também podem fazer”, pontuou a secretária, que foi uma das painelistas do encontro.
Maria Helena Guarezi, secretária-executiva do MMulheres e coordenadora do GT, aproveitou a oportunidade para pontuar a importância do tema estar em pauta no G20 e avaliou como esse passo pode reverberar para os países-membros. “Estar debatendo a questão do cuidado em um seminário como o que aconteceu dentro desse grupo, nesse espaço que discute as economias, não é só simbólico, ele é uma mudança de paradigmas”, destacou.
A exposição realizada pela professora doutora Flávia Biroli, docente do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, teve como tema “Cuidado e precariedade: conceitos e desafios políticos”. Com uma abordagem voltada à análise da interdependência entre quem cuida e quem recebe o cuidado, a pesquisadora demonstrou a urgência para a formulação de uma legislação trabalhista que reconheça o cuidado como trabalho gerador de valor para a sociedade, a necessidade de políticas públicas como creches e cuidado institucionalizado para idosos e pessoas com deficiência, e a transversalização das políticas nos sistemas de educação, saúde, assistência social e previdência.
A cerimônia de encerramento na quarta-feira (10) teve um diálogo entre a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e Nadine Gasman Zylbermann, presidente do Instituto Nacional de Mulheres do México (INMUJERES).
Sobre os desdobramentos do seminário e do GT de Empoderamento de Mulheres, Cida Gonçalves pontuou que “eles vão garantir, na história da humanidade, uma grande diferença para todas as pessoas que vivem agora, porque não é só para o futuro, nós queremos resultados para agora e para os próximos cem anos. Nós queremos uma humanidade viva e feliz”.
O ineditismo do debate sobre o trabalho de cuidados também foi tema da fala da presidente do INMUJERES. “Nosso grupo de trabalho, que é um grupo novo com visão de inclusão, de não discriminação e que está olhando para o direitos das mulheres e das meninas, tem que realmente ter um impacto em todos os grupos do G20”, pontuou Nadine Gasman.
GT de Empoderamento de Mulheres
O Grupo de Trabalho Empoderamento de Mulheres foi criado durante a presidência da Índia, em 2023, e se reúne pela primeira vez sob a presidência do Brasil em 2024. A institucionalização de um grupo de trabalho sobre essa temática representa uma grande conquista das mulheres e um salto no compromisso assumido pelos países membros com a efetivação dos direitos de mulheres e meninas.
Com mais duas reuniões marcadas durante a presidência brasileira, o GT realiza em outubro a última reunião técnica e a reunião ministerial, na qual uma declaração conjunta sobre os eixos prioritários (Igualdade e Autonomia; Trabalho e Políticas do Cuidado; Enfrentamento à Misoginia e às Violências; e Justiça Climática) será assinada para entrega na Cúpula de Líderes.