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Na Paraíba, ministra Cida Gonçalves fala sobre iniciativa Brasil sem Misoginia na Assembleia Legislativa do Estado
Em visita à Paraíba, nesta quinta-feira (25), a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, apresentou a iniciativa "Brasil sem Misoginia” na Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba (ALPB). Para uma sessão composta principalmente por deputadas, a ministra falou sobre o desafio de assumir o Ministério das Mulheres e a missão, que recebeu do presidente Lula, de trabalhar duas questões primordiais: a igualdade salarial e o fim do feminicídio no país. A partir desses dois pontos, segundo a ministra, foram estabelecidos os caminhos para consolidar as políticas públicas e estratégicas para as mulheres, “e essas políticas passam pelo caminho do Brasil sem Misoginia”, explicou.
Segundo a ministra, a iniciativa Brasil sem Misoginia nasceu dos números de mortes, de violência, dos casos de estupros que crescem todos os dias no país. Para ela, a questão começará a ser resolvida quando o debate público chegar à raiz do problema, que é o ódio contra as mulheres.
De acordo com Cida Gonçalves, a misoginia também tira as mulheres dos espaços públicos, por isso há tão poucas mulheres ocupando as cadeiras de deputadas, senadoras e governadoras, e também altos cargos nas empresas. “A misoginia também nos tira o poder da decisão e reforça o estereótipo de gênero. Impõe um papel para a mulher na sociedade que as mantêm na subalternidade, e essa subalternidade nos tira dos espaços de poder e impacta na autonomia econômica das mulheres", afirmou.
Para a ministra, a principal estratégia é fazer com que todas as brasileiras entendam o que é a misoginia e como isso afeta a vida delas todos os dias. “Precisamos que todos os homens e mulheres desse país saibam o significado da misoginia e denunciem. A nossa missão, como governo, é investir em políticas públicas para que as mulheres possam denunciar, para que a informação chegue até elas. Precisamos trazer a sociedade para trabalhar com o Estado”, defendeu a ministra.
Fórum das Gestoras Municipais
Nesta quinta-feira, a ministra também participou do Fórum de Gestoras Públicas da Paraíba, que contou com a participação de 165 mulheres, no auditório do Sebrae, em João Pessoa. O evento reuniu gestoras públicas de 101 municípios, com a presenca da secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura. Na ocasião, Cida Gonçalves reforçou a importância das mulheres ocuparem os espaços de decisões. “Quando nós discutimos a criação de uma secretaria das mulheres, nós não estamos pedindo um favor, um cargo. Nós estamos falando da criação de um espaço de poder para todas as mulheres do município. E tem de ser secretarias das Mulheres, no plural, porque somos diversas. E a política tem de incluir todas" ressaltou.
Sobre a Lei de Igualdade Salarial, sancionada pelo presidente Lula em 2023, e marco na luta contra a desigualdade de gênero no Brasil, a ministra reiterou a importância de as empresas assumirem o compromisso de estabelecer a igualdade de remuneração entre homens e mulheres. "Como se discute o mercado de trabalho quando as mulheres ganham 20% a menos que os homens já no primeiro dia do trabalho?", questionou. Cida Gonçalves afirmou, ainda, que sem igualdade, as mulheres ficam relegadas aos serviços domésticos, e quando elas saem e decidem sair dos espaços de violência, elas morrem pelo feminicídio.
“Sem igualdade, as mulheres têm de ficar em casa, lavando, passando, cozinhando, porque eles não nos querem nos espaços públicos, não nos querem nos espaços de trabalho e nem nos espaços de poder. Essa é a realidade”, destacou Cida Gonçalves, enfatizando que, nas eleições deste ano, temos que fazer um debate para que os candidatos tenham, em suas propostas de campanha, a criação de secretarias de mulheres. Um espaço específico de política para as mulheres”, continuou.
Cida Gonçalves ressaltou ainda que não é possível avançar em políticas públicas se as mulheres não estiverem à frente dos municípios. “É lá que as mulheres sofrem violências, onde acontecem os estupros e as meninas ficam grávidas”, explicou. Nós vamos conversar, ouvir as mulheres, ir nos espaços onde elas estão, principalmente aquelas que têm menos acesso, como pescadoras, marisqueiras".
Encontro com governador
No período da manhã, Cida Gonçalves também se encontrou com o governador do estado, João Azevêdo, para tratar da ampliação de políticas públicas para mulheres no estado. A ministra também conversou sobre ações de enfrentamento à misoginia, o início das obras da Casa da Mulher Brasileira e a participação de artesãs paraibanas em feiras internacionais.
O governador agradeceu a visita da ministra ao estado e destacou a importância de fortalecer e implantar políticas públicas em defesa dos direitos das mulheres. “Essa é uma campanha fundamental para acabar, definitivamente, com a misoginia no país porque precisamos de políticas públicas firmes, efetivas, com conscientização, educação e formação para que a gente tenha uma sociedade mais justa e, acima de tudo, mais respeitosa”, disse Azevêdo.
Agenda
A agenda da ministra das Mulheres segue nesta sexta-feira (26), na Paraíba. Cida Gonçalves tem um encontro com mulheres marisqueiras e pescadoras dos municípios de Cabedelo, Pitimbu Bayeux e Santa Rita, um espaço de escuta ativa das necessidades das mulheres das águas e de formulação de políticas transversais que atendam aos anseios das trabalhadoras.