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NOTA OFICIAL
Nota sobre o assassinato do casal indígena Nhandesy Sebastiana e Nhanderu Rufino
O Ministério das Mulheres recebeu com indignação a notícia do assassinato brutal do casal indígena Nhandesy Sebastiana e Nhanderu Rufino, encontrados carbonizados na casa onde moravam, na aldeia Guassuty, em Aral Moreira, Mato Grosso do Sul.
Sebastiana era uma liderança religiosa da etnia Guarani-Kaiowá e rezadeira da comunidade Guassuty. Além da suspeita de racismo religioso, o episódio revela fortes indícios de feminicídio político, uma vez que assassinar lideranças religiosas mulheres tem sido uma estratégia de desmobilização de comunidades.
Em recente relatório divulgado pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de Mato Grosso do Sul (CDHU-MS), é registrado o crescimento vertiginoso do número de parteiras e rezadoras (es) perseguidas (os). O documento ainda informa que ao menos 17 casas de rezas indígenas foram incendiadas nos últimos cinco anos.
Apoiamos o Ministério dos Povos Indígenas e o Povo Guarani-Kaiowá e temos acompanhado de perto as violências ocorridas contra esta população no estado, especialmente em relação às mulheres indígenas. Em junho, nossas equipes de Enfrentamento à Violência contra Mulheres e Ouvidoria estiveram no território dialogando com 125 mulheres indígenas, em cinco cidades e diferentes contextos, para listar os problemas vivenciados e construir um relatório de aperfeiçoamento aos serviços públicos prestados.
Nos dias 20 e 21 de setembro, o Grupo de Trabalho Interministerial de Enfrentamento à Violência Política contra Mulheres também realizará uma reunião para debater os casos de violência política de gênero contra mulheres do campo, da floresta e das águas, religiosas e povos tradicionais. Na ocasião, serão recebidas lideranças quilombolas e uma liderança Guarani-Kaiowá para debater o cenário de violação de direitos.
Cabe ainda informar que, na última sexta-feira (15), representantes do Ministério das Mulheres também se reuniram com familiares de Mãe Bernadete, líder quilombola assassinada a tiros em 17 de agosto em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.
Toda nossa solidariedade aos familiares de Nhandesy Sebastiana e Nhanderu Rufino e à comunidade neste momento de dor. O Ministério das Mulheres seguirá em articulação com as demais pastas do governo federal trabalhando contra toda forma de violência contra as mulheres.
MINISTÉRIO DAS MULHERES