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PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
Ministério das Mulheres realiza escuta de lideranças sobre violência política
Nos dias 20 e 21 de setembro foi realizada, em Brasília/DF, a 6ª Reunião do Grupo de Trabalho Interministerial de Enfrentamento à Violência Política Contra as Mulheres. O evento reuniu representantes de movimentos sociais e entidades de mulheres do campo, da floresta e das águas e de órgãos do governo federal para levantar informações que contribuam na elaboração da Política Nacional de Enfrentamento à Violência Política contra as Mulheres.
A escuta foi mediada pela secretária nacional de Articulação Institucional e Ações Temáticas e Participação Política, Carmem Foro, e a secretária Nacional de Enfrentamento à Violência Contra Mulheres, Denise Dau. O espaço contou ainda com a presença de representantes do Ministério dos Povos Indígenas e da deputada federal Juliana Cardoso, que relataram os desafios da atuação política no Congresso Nacional.
Ao longo do evento, lideranças vindas das mais diversas partes do Brasil trocaram experiências das lutas e desafios enfrentados em seus territórios, e contribuíram com proposições para a formulação de alternativas que viabilizem a superação da violência que resulta no afastamento das mulheres dos espaços públicos de debate e decisão.
Em todos os relatos, a violência política apareceu expressa não apenas com o cerceamento dos espaços de poder, como também as perseguições e ameaças contra a vida das lideranças, especialmente ao defenderem seus territórios e crenças.
O caso do assassinato brutal do casal indígena Nhandesy Sebastiana e Nhanderu Rufino, encontrados carbonizados na casa onde moravam, na aldeia Guassuty, em Aral Moreira, Mato Grosso do Sul, em 18 de setembro, foi recebido com indignação pelo MMulheres.
Confira a íntegra da nota do Ministério das Mulheres sobre os assassinatos.
A barbaridade cometida contra o casal é mais um desdobramento da escalada de violência contra os povos originários no Mato Grosso do Sul.
"Enterramos ontem dois corpos carbonizados: uma anciã de 72 anos e um ancião de 75 anos. Eu não consegui dormir, mas eu ouvi o chamado para estar aqui. Preciso dizer que estou cansada de ciclos repetitivos de violência contra as mulheres indígenas de um modo geral. Como a gente vai se cuidar dentro de um território que deveria ser seguro para nós: a nossa casa", questionou Jaqueline Kaiowá, liderança indígena.
Participaram também da reunião representantes de religiões afro-brasileiras, do Instituto Zé Claudio e Maria, da Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas Costeiros Marinhos (COFREM), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da ONG CRIOLA, da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), que apresentaram propostas ao MMulheres para garantir a viabilidade e permanência das mulheres nos espaços de poder.
As reuniões do GTI de Enfrentamento à Violência Política Contra as Mulheres seguem a fim de conhecer de perto as situações de violência e as mulheres por elas atingidas; mais do que dividir as dores, este espaço serve para a construção de um outro modelo de Brasil, onde as mulheres tenham voz e vez na política.