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Marcha das Mulheres Indígenas
Diálogos e oficinas marcam atuação do Ministério das Mulheres na III Marcha das Mulheres Indígenas
A III Marcha das Mulheres Indígenas, que aconteceu de 11 a 13 de setembro, em Brasília/DF, teve como tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”. O evento reuniu cerca de 5 mil mulheres indígenas, uma diversidade de territórios e etnias estiveram representados.
Ao longo de toda a programação, o Ministério das Mulheres esteve presente com uma tenda, garantindo um espaço para a promoção de diálogos e oficinas, propiciando a escuta de demandas, a troca de experiências e saberes. Na segunda-feira (11/9), o MMulheres realizou a Roda de Diálogos LBT, em parceria com Ministério dos Povos Indígenas e Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para ouvir sobre os desafios enfrentados pelas indígenas lésbicas, bissexuais e transexuais em seus territórios e quais políticas públicas ainda precisam chegar para auxiliar na atenção à saúde, no direito à segurança e à vida.
O relato da indígena Boe Bororo da Aldeia Meruri, Andrya, destaca a importância deste momento. "A gente se sentiu acolhida por esse espaço. Para nós, mulheres indígenas trans - sim, primeiro eu sou indígena, essa é a minha identidade primeira - esse debate é muito importante. Estamos felizes por estar aqui”, enfatizou.
Ainda na mesma tarde, aconteceu a segunda edição do “Diálogos pela inclusão”, uma iniciativa do MMulheres que promove a escuta ativa nos territórios, desta vez com o tema “Políticas Públicas para Mulheres Indígenas”. A atividade contou com a participação da secretária nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados, Rosane da Silva, a secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres, Denise Motta Dau, e a representante da Secretaria Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política, Andreza Silva Xavier. Na oportunidade, as mulheres indígenas relataram os desafios para representação de suas pautas.
O espaço contou ainda com a presença da representante da ONU Mulheres, Isadora Candian dos Santos, e da professora, escritora e ativista indígena, Eliane Potiguara, indicada para o projeto internacional "Mil Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz".
“Foi um momento importante de escuta das demandas dos territórios, uma escuta forte e difícil, porque recebemos uma série de denúncias do que as mulheres estão vivendo em suas realidades. Foi uma atividade que, com certeza, marcou a necessidade e urgência de termos políticas reparatórias para as mulheres indígenas do Brasil”, destacou Pagu Rodrigues, indígena e coordenadora-geral de Prevenção de Violência contra as Mulheres do Ministério das Mulheres.
Mulheres indígenas na política e justiça climática
Na terça-feira (12/9), o Ministério das Mulheres promoveu a roda de diálogo “Mulheres indígenas na política: avanços e conquistas”. Ao longo das exposições, as indígenas destacaram a importância da existência do Ministério das Mulheres e do Ministério dos Povos Indígenas como uma conquista na promoção da garantia de seus direitos e, sobretudo, na defesa de seu modo de vida e de seus territórios.
"Pra mim, é muito importante estar aqui brigando pelo meu povo — tem dois meses que estou aqui, em Brasília, batalhando pelos meus filhos e meus netos. Nós, mulheres, temos que entrar no mundo da política, nós estamos mostrando que a gente consegue e a gente quer avançar mais ainda”, enfatizou Antonia Konheco Pate, cacique da aldeia Koplag (José Boiteux), da terra Laklãnõ/Xokleng, em Santa Catarina.
Finalizando as atividades da tenda do MMulheres, a oficina “Justiça climática e as guardiãs do território” promoveu uma troca de experiências entre as indígenas a partir do relato de como a crise climática tem alterado as suas realidades. Relembrando que “Pindorama é terra indígena!”, as mulheres destacaram como o modo de produção vigente não apresenta alternativas à crise climática que estamos enfrentando e apontaram que, sem ouvir os povos originários, não há mudança de paradigma possível.