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MERCOSUL
Brasil e Argentina estreitam relações para enfrentar misoginia e violência contra as mulheres
Em reunião bilateral, as ministras Cida Gonçalves e Ayelén Mazzina dialogam sobre ações conjuntas de enfrentamento à violência política de gênero.
A ministra das Mulheres do Brasil, Cida Gonçalves, reuniu-se com a ministra das Mulheres, Gêneros e Diversidade da Argentina, Ayelén Mazzina, nesta quinta-feira (18) em Buenos Aires. O encontro marcou a retomada do diálogo entre os dois países no âmbito da garantia de direitos das mulheres. As duas concordaram em trabalhar conjuntamente no enfrentamento à misoginia e a todos os tipos de violência contra as mulheres na região.
“Nossos países têm suas particularidades, mas temos muito mais em comum para construir ações em conjunto do que diferenças. Conhecer as políticas públicas de gênero implementadas na Argentina tem sido um aprendizado neste contexto em que o Brasil assumirá a Presidência pro tempore do Mercosul no próximo semestre”, destacou Cida Gonçalves. A partir de julho, a ministra brasileira assumirá, no lugar da homóloga argentina, a presidência da RMAAM - Reunião de Ministras e Altas Autoridades da Mulher do Mercosul.
“Há muito tempo não conseguíamos construir uma agenda de gênero e diversidade conjunta com o Brasil. Para a Argentina, a vitória de Lula abriu caminho para que chegássemos a acordos e acertássemos agendas que antes não conseguíamos acertar devido aos reveses ocorridos durante o governo de Jair Bolsonaro”, disse Ayelén Mazzina.
Marcha Regional contra a Misoginia
A ministra Cida Gonçalves convidou Ayelén Mazzina para vir ao Brasil no segundo semestre e participar do debate que tem protagonizado em diversas audiências nos estados, a ‘Marcha contra a misoginia’. As duas também trocaram experiências e exemplos de políticas públicas em seus países construídas para a garantia de direitos das mulheres em sua diversidade e em diferentes campos.
As ministras concordaram que os atuais governos de Brasil e Argentina são favoráveis à retomada do intercâmbio e do trabalho conjunto para a implementação de políticas e ações sobre gênero, com o objetivo de promover processos de transformação em ambos os países que alcancem uma efetiva erradicação da violência baseada em gênero.
RMAAM
A ministra das Mulheres do Brasil esteve em Buenos Aires entre 16 e 18 de maio para participação da XXI RMAAM. Durante a reunião das equipes técnicas dos países-membros do Mercosul, no dia 16, foi construída uma lista de dez recomendações de enfrentamento à violência política de gênero e à misoginia na região. O documento foi referendado por consenso na quarta-feira (17), segundo dia de reunião, pelas ministras.
A compreensão da misoginia enquanto manifestação do ódio às mulheres, que visa expulsá-las dos espaços de poder, foi incluída de forma estrutural nas recomendações, conforme apresentado e defendido pela delegação brasileira.
O documento pontua que “a violência de gênero e a misoginia impedem que todas as mulheres exerçam seus direitos civis e políticos em plenitude, em particular, desencoraja a participação em igualdade de condições na vida pública, política e espaços de tomada de decisões, incidindo negativamente nas democracias dos povos”.