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PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Governo Federal recebe reivindicações da Marcha das Margaridas 2023
Trabalhadoras do campo, da floresta e das águas entregaram ao Governo Federal, nesta quarta-feira (21/06), a pauta de reivindicações da Marcha das Margaridas 2023 em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. A mobilização deste ano tem o lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.
Em seu discurso, a ministra Cida Gonçalves destacou o poder de decisão de cada mulher, seja no campo, na floresta ou na cidade, e reforçou que o governo está aberto ao diálogo. “Sejam bem-vindas a Brasília e ao Brasil que voltou. O Brasil das mulheres que marcham. Vamos trabalhar para que o governo responda a todas as pautas apresentadas aqui hoje", disse Cida, destacando que as mulheres marcham pela democracia, pelo bem viver, contra a violência, por saúde e dignidade.
A coordenadora nacional da Marcha, Mazé Morais, afirmou em sua fala que as pautas apresentadas pelas margaridas não dizem respeito a apenas um ministério, mas a todo o governo. E mencionou os novos tempos com que essas mulheres são recebidas no Palácio, depois de anos de retrocessos em todas as áreas.
“Representamos milhares de mulheres que enraízam a sua existência em uma diversidade de territórios rurais, mulheres que vêm de uma realidade bem difícil. Desempenhamos um importante papel na produção de alimentos saudáveis, aquela comida que chega, de verdade, na mesa do brasileiro. Somos fundamentais para a preservação da biodiversidade e para a conservação dos nossos biomas, somos guardiões dos saberes populares que herdamos das nossas ancestralidades”, destacou Mazé Morais.
Pauta de reivindicações
Construído de forma coletiva, o documento está estruturado em 13 eixos políticos que apontam para a reconstrução de um Brasil sem fome e sem violência:
- Democracia participativa e soberania popular
- Poder e participação política das mulheres
- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo
- Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade
- Proteção da natureza com justiça ambiental e climática
- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética
- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios (territórios costeiros, influenciados pela maré)
- Direito de acesso e uso social da biodiversidade e defesa dos bens comuns
- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional
- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda
- Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária
- Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo
- Universalização do acesso à internet e inclusão digital
Transversalidade
O diálogo com a coordenação da Marcha das Margaridas está sendo liderado pelos ministérios das Mulheres e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e pela Secretaria-Geral da Presidência da República, em uma agenda transversal com os demais ministérios do governo.
Essa transversalidade é fundamental para a construção de soluções conjuntas que abordam questões como violência doméstica, acesso à saúde, educação, trabalho digno, reforma agrária, entre outras demandas urgentes. Na próxima segunda-feira (26), há uma reunião marcada para que as equipes das três pastas possam se debruçar sobre a pauta da marcha.
Participaram também do evento no Palácio do Planalto as ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima); Nísia Trindade (Saúde); Anielle Franco (Igualdade Racial); Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação); Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos); Daniela Carneiro (Turismo); Ana Moser (Esporte); Renan Filho (Transportes); o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), entre outros representantes e autoridades.
Marcha das Margaridas
Realizada desde 2000 a cada quatro anos, a Marcha das Margaridas é considerada a maior mobilização de mulheres do campo e das cidades da América Latina. Participam camponesas, quilombolas, indígenas, cirandeiras, quebradeiras de coco, pescadoras, marisqueiras, ribeirinhas e extrativistas de todo o Brasil. Em 2023, será realizada a sétima edição, nos dias 15 e 16 de agosto, e mais de 150 mil mulheres são aguardadas em Brasília.
O nome da Marcha é uma homenagem a Margarida Alves, líder sindical assassinada por defender os direitos das trabalhadoras e trabalhadores rurais.