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Brasil sem Misoginia
Ministério das Mulheres faz parceria com UFRJ para pesquisar monetização do discurso misógino nas redes sociais
O Ministério das Mulheres firmou parceria com o NetLab, laboratório de pesquisa vinculado à Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para realizar uma pesquisa focada no discurso misógino e na desinformação direcionada às mulheres nas plataformas de redes sociais. Com um investimento de R$ 300 mil, a iniciativa tem como objetivo analisar duas formas principais de desinformação: a produção de conteúdo audiovisual com discurso de ódio às mulheres que gera receita em plataformas digitais e a ocorrência de golpes e fraudes direcionados às mulheres, que acarretam danos financeiros, psicológicos e de saúde.
Dentro de um contexto global em que mulheres são frequentemente alvo de campanhas baseadas em preconceitos de gênero, o estudo busca fornecer um panorama detalhado sobre o volume, o alcance e os impactos dessas práticas no Brasil. Um dos focos da pesquisa é a exploração das chamadas “manosfera” - comunidades online que promovem apoio tóxico e são usadas para orquestrar ataques contra mulheres, utilizando estratégias de influência em rede.
De acordo com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, é fundamental enfrentar a “monetização do ódio” nas plataformas digitais. “Esta prática não só perpetua estereótipos e violências, mas também se traduz em ganhos financeiros para aqueles que disseminam conteúdos misóginos. A nossa iniciativa de mapear e analisar essas atividades é um passo crucial para combater essa forma de desinformação e proteger a integridade e dignidade das mulheres”, defendeu.
“Nossa parceria visa coletar evidências que possam embasar ações e políticas públicas pelo Ministério das Mulheres para combater a violência e a desinformação de gênero online”, afirma a professora Rose Marie Santini, diretora do NetLab UFRJ. Ela explica que “o ambiente digital facilita diversos tipos de crimes contra as mulheres nas redes”, colocando em risco “sua saúde física e mental, além dos prejuízos materiais causados às mulheres”.
Os primeiros resultados, referentes à exploração de conteúdos audiovisuais e à monetização em plataformas de vídeo na internet, serão entregues em março de 2024 e vão compor um relatório especial que será lançado no Dia Internacional das Mulheres, em parceria com organizações da sociedade civil.
Golpes e fraudes
As conclusões sobre a pesquisa de golpes e fraudes serão apresentadas em junho. O estudo vai se concentrar no uso cada vez mais frequente de publicidade digital para fins predatórios contra as mulheres. Exemplos de golpes incluem venda de produtos falsos ou adulterados, venda de tratamentos sem eficácia que comprometem a saúde, golpes financeiros, além de vazamento de dados pessoais.
As estratégias de direcionamento de anúncios em plataformas como Meta e Google são baseadas no comportamento online dos usuários, permitindo a personalização de mensagens - o que torna, por um lado, a publicidade mais precisa para o anunciante, mas também revela eventuais vulnerabilidades dos consumidores.
As políticas de segmentação enfrentam críticas devido à falta de transparência e possíveis violações de privacidade. O objetivo do estudo é identificar, descrever e analisar esses anúncios fraudulentos.
O investimento nas pesquisas está alinhado com a iniciativa Brasil sem Misoginia, lançada pelo Ministério das Mulheres em 25 de outubro com a parceria de mais de 130 parceiros, entre empresas privadas e públicas, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, grupos de torcidas de futebol e religiosos, entre outros.