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Marcha das Margaridas
Com participação da ministra das Mulheres, painel na Marcha das Margaridas propõe formas de reconstrução do Brasil
A ministra das mulheres, Cida Gonçalves, participou do Painel Temático (re)construção de políticas públicas para o bem viver: mulheres do campo, da floresta e das águas e as urgências sociais, que ocorreu no dia 16, na Marcha das Margaridas 2023, no palco principal do Pavilhão do Parque da Cidade. O comparecimento da ministra, junto com mulheres especialistas na discussão de direitos da igualdade de gênero, principalmente nos meios rurais, foi ressaltado pela coordenadora-geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, como um sinal dos novos ares.
“A presença da nossa ministra, Cida Gonçalves, diz muito sobre o compromisso do nosso governo. Ter a presença dela e ter criado o Ministério das Mulheres fala exatamente tudo aquilo que nós gritamos nas ruas: que nós queríamos respeito. Respeito para permanecer viva, respeito para cuidar dos nossos filhos e filhas, respeito para garantir o mínimo, a comida na mesa, o transporte coletivo, dignidade no campo, na floresta, nas águas. Essa é a realidade que a gente quer”, declarou Mazé.
O debate girou em torno do abandono que ocorreu em 2019, última edição da Marcha das Margaridas, quando as participantes não tiveram as suas demandas recebidas pelas autoridades brasileiras. “São dias e dias viajando pra estar aqui, para dizer que essas mulheres, as mulheres do Brasil, não vão se submeter àquilo que eles querem. Lutamos pelo bem viver e lutamos porque cuidamos da nossa horta, da nossa roça, da nossa fruta, dos nossos filhos, da nossa terra, da água. Nós cuidamos dos biomas desse país, nós cuidamos também da vida e aqui quero dizer que nós precisamos continuar lutando pela vida”, reforçou a ministra das Mulheres.
Cida parabenizou a força das cerca de 110 mil mulheres que compareceram ao evento deste ano. Reforçou que a sua função é executar as políticas públicas voltadas para elas, por isso o Ministério “trabalha dia e noite” pelas implementações do que já foi conquistado e do que virá.
“O meu papel de ministra é dizer que nós vamos fazer. O presidente Lula criou o Ministério no dia 1º de janeiro, mas o que eles [gestão anterior] nos deixaram foram R$ 23 milhões [de orçamento] para prestar política pública para as mulheres nesse país. Com R$ 23 milhões não dá R$ 1 milhão para cada estado, não ajuda as mulheres. Nós estamos lutando para que a gente possa fazer muitas coisas”, esclareceu. Após o início do governo, o orçamento da pasta recebeu um acréscimo para R$ 123 milhões.
A ministra lembrou que, até o momento, foi retomado o programa Viver sem Violência, com a previsão de construção de 40 novas Casas da Mulher Brasileira; e a aprovação, no Congresso Nacional, da lei da igualdade salarial entre homens e mulheres, entre diversas outras entregas para as mulheres. “Porque não é possível um país em que a mulher trabalhe a mesma coisa que um homem e ganhe menos. Agora, nós precisamos implementar a lei; estamos trabalhando dia e noite no governo para que, de fato, as mulheres tenham dignidade, vida e cidadania”, explicou.
Reforço na mobilização
Os problemas ainda persistem na invisibilidade para as mulheres dos meios rurais, mas a discussão pelo bem viver chega para descortinar essas demandas. A garantia dos direitos à autonomia econômica, de decisão, à proteção dos territórios, da vida e da qualidade das vivências das mulheres rurais foram alguns dos pontos levantados no painel.
A deputada federal Érika Kokay (PT-DF) trouxe a perspectiva da violência de gênero na política, que é refletida nos números: enquanto mais de 50% da população brasileira é feminina, apenas 18% ocupa espaço na Câmara dos Deputados. Há ainda a tentativa de silenciamento. “Quantas vezes a gente já escutou: ‘vocês deveriam dormir e não acordar mais’, ‘vocês são gaiolas das loucas’, ‘mulher que não age como mulher tem que apanhar que nem homem’. Ora, o que eles têm é muito medo da força das mulheres”, bradou.
Coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres e integrante da Sempreviva Organização Feminista (SOF/MMM), Miriam Nobre, ressaltou que invocar nomes femininos de vítimas de feminicídio ou de violência sexual no campo é uma maneira de destruição à comunidade ou ao que restou em meio à luta pela permanência desses espaços.
“Vamos reconstruir o Brasil, o estado, a capacidade de ação do estado e ao mesmo tempo executar políticas públicas que mudem e transformem a vida do povo brasileiro. A pauta da Marcha das Margaridas tem inúmeras dicas. Nós não estamos aceitando o que está dado em nosso país, nós queremos debater de novo, reconstruir e construir o Brasil. Cada pauta da marcha é um fio condutor que o governo pode tomar”, enfatizou a ativista.