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MARCHA DAS MARGARIDAS
“Jamais impedirão a chegada da primavera!”: presidente Lula recebe as margaridas na Esplanada dos Ministérios
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu as 100 mil mulheres da 7ª Marcha das Margaridas, na quarta-feira, 16 de agosto, ao lado de Janja, da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, diversas ministras e ministros, parlamentares e demais autoridades. Com o lema “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”, a Marcha trouxe ao planalto central as demandas das mulheres que produzem alimento, lutam por soberania e desenvolvimento sustentável.
Sobre a potência da organização das mulheres, o presidente relembrou a importância de Margarida Alves, trabalhadora rural e líder sindical paraibana, assassinada a tiros na porta de casa em 1983, em virtude da atuação na luta por terra, justiça social, igualdade e superação da violência contra as mulheres, seus filhos e seus territórios.
Podem matar uma, duas ou três margaridas, mas jamais a chegada da primavera. Lula no encerramento da 7ª Marcha das Margaridas.
O encontro, realizado na Praça dos Três Poderes, marcou a retomada das políticas voltadas às mulheres do campo, da floresta e das águas, com a entrega do Caderno de Respostas às pautas trazidas pelas margaridas. O documento que elenca as ações do governo para atender às mulheres rurais foi entregue à coordenadora-geral da Marcha e Secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Mazé Morais.
Durante a saudação, Mazé relembrou que a Marcha começa muito antes, a partir do diálogo com as mulheres que estão nos roçados e nas beiras dos rios, enfatizou a importância da parceria com a ministra Cida Gonçalves e com o MMulheres; além disso, destacou que desde 21 de junho, quando entregaram as pautas, já conseguiram dialogar com 23 ministérios.
“Este ano, diferente de 2019 em que a Marcha das Margaridas foi da resistência, marchamos pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”, afirmou Mazé.
Conheça a lista de ações do Ministério das Mulheres anunciadas na Marcha das Margaridas.
A parceria descrita pela coordenadora da Marcha com o MMulheres resultou em uma série de ações. A ministra Cida Gonçalves dirigiu-se às mulheres dizendo que era o dia das “respostas efetivas”. Entre as medidas governamentais estão: a criação do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios; a criação do Fórum Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas; e do Fórum para a Promoção de Estratégias de Fortalecimento de Políticas Públicas de Autonomia Econômica e Cuidado com Mulheres da Pesca, Aquicultura Artesanal, Marisqueiras e Outras Trabalhadoras das Águas, em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura.
Ainda foram anunciadas 270 unidades móveis, com 10 carros para locomoção de equipes e transporte de equipamentos de atendimento às mulheres; além de barcos e lanchas para acesso pelos rios, atendendo às usuárias das águas e do Pantanal, capilarizando e garantindo a presença dos profissionais da saúde, das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher e outros serviços públicos necessários.
Entre as novas ferramentas de escuta e participação social direta destaca-se o papel da Ouvidoria Itinerante que possibilita a escuta a partir dos territórios; e o trabalho conjunto com os Correios permitindo que as mulheres façam a denúncia direto ao gabinete do MMulheres, como salientou a ministra: “direto para minha mesa para que a gente possa resolver”.
“Agora, é o Ministério das Mulheres que vai marchar até vocês para garantir as políticas públicas. Sejam bem-vindas e levem com vocês as nossas respostas e ações que, com certeza, não vão parar por aqui", ressaltou Cida Gonçalves.
Cada mulher presente na Marcha carregava em si os anseios de tantas outras que ficaram nos territórios, é essa esperança urgente que trouxe as mulheres da Comunidade Quilombola do Povoado São José no Maranhão.
“A expectativa é de demarcação dos territórios quilombolas e indígenas, por direitos sociais e pelo fim da violência contra a mulher. Essa marcha vai mudar o Brasil, vai mudar o mundo. Nós queremos moradia e educação de qualidade, que os nossos filhos façam graduação, mestrado e até doutorado. Porque, hoje, se eles fazem segundo grau e não tem emprego, vão cortar cana e é arriscado até ser morto”, enfatizou Dona Dirce, quilombola e quebradeira de coco babaçu, militante na luta pelos direitos dos povos quilombolas, preservação das florestas, rios e lagos.