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8 de Março
Discurso da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em cerimônia alusiva ao Dia Internacional das Mulheres
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, durante discurso na cerimônia do Dia Internacional das Mulheres. Foto: Ricardo Stuckert.
Depois de 6 anos, o 8 de março volta a ser celebrado com políticas públicas para as mulheres neste país.
O que vocês veem aqui hoje é um enorme esforço coletivo para que políticas robustas sejam implementadas no sentido de enfrentar a violência contra as mulheres, promover a igualdade de gênero, a autonomia econômica, a saúde integral das mulheres e sua permanência, com os direitos garantidos, em todos os espaços.
Há uma semana, o Bolsa Família foi relançado aqui no Planalto e o discurso da Isamara, uma jovem que se beneficiou do programa, emocionou a todas e todos nós.
A transformação que este programa trouxe à vida de milhões de mulheres e meninas - e, portanto, de famílias inteiras - muda a história do Brasil.
As mais de 40 ações preparadas para março - sendo 28 apenas no dia de hoje - também mudarão a vida de incontáveis brasileiras.
São 956 milhões de reais do orçamento público apenas em 2023 destinados a essas ações.
Elas foram fruto de quase 60 dias de pactuação com os diversos Ministérios do Governo Lula, bancos públicos e outros órgãos, como a Controladoria Geral da União, a Enap… assim como, do diálogo com o movimento de mulheres.
Ações que passam:
- Pelo fomento às políticas de enfrentamento e prevenção à violência, com a criação de um eixo específico do Pronasci, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, conduzido pelo meu colega Flávio Dino.
- Pela retomada da construção de creches, fundamentais para a permanência das mulheres no mundo do trabalho.
- Pela formação e concessão de crédito a mulheres empreendedoras.
- Pelo esforço na inserção de meninas nas áreas da Ciência, Engenharia e Computação.
- Pelo incentivo financeiro a mulheres cineastas e escritoras.
- Pela garantia da saúde menstrual de mulheres e meninas.
- Por ações específicas a mulheres rurais e da periferia.
- Pela garantia de direitos a mulheres atletas.
- Pelo incentivo às trabalhadoras do setor do turismo, especialmente nas áreas de quilombos e aldeias.
- Pela ratificação de convenções internacionais, que asseguram, no mundo do trabalho: o enfrentamento a violências que atingem as mulheres e a igualdade de oportunidades e de tratamento entre trabalhadores e trabalhadoras com responsabilidades familiares.
Grupos interministeriais foram criados para:
- enfrentar a violência política de gênero e raça,
- combater e prevenir o assédio na Administração Pública Federal,
- combater a desigualdade salarial entre mulheres e homens, que hoje chega a até 30%, mesmo as mulheres tendo maior nível educacional;
- e definir uma Política Nacional de Cuidados.
Além das grandes ações que serão anunciadas pelo presidente Lula.
E elas não param por aqui.
Ainda em março, tenho viagens marcadas com minhas colegas e meus colegas, como com a ministra Sonia, quando lançaremos o Programa ‘mulheres guardiãs’ junto das nossas irmãs indígenas.
Marcaremos, Anielle e eu, nossa luta pelo enfrentamento à violência política em uma ida a Santa Catarina.
Lutaremos contra a violência política de gênero por todas as mulheres perseguidas, que foram cassadas, que foram mortas.
Lutaremos por Marielle Franco.
Estarei também com Daniela e Nísia em lançamentos de outras iniciativas em Sergipe e em Pernambuco.
Amigas e amigos aqui presentes,
Quero dar uma palavra sobre a misoginia.
E propor um pacto com a sociedade para que enfrentemos juntos esse problema.
É primordial que o poder público faça seu papel. Mas precisamos ir além e continuar avançando na compreensão de que o desprezo e o ódio às mulheres não podem ser naturalizados.
Não podemos aceitar o fato de que homens na internet ganhem dinheiro praticando misoginia e isso precisa parar.
Este ambiente nos faz retomar estatísticas tão repetitivas, mas ainda assim tão chocantes.
A cada dia, três mulheres são mortas no Brasil pelo fato de serem mulheres.
O enfrentamento ao feminicídio é uma luta política urgente.
Por isso, o Ministério das Mulheres retoma o programa Mulher Viver sem Violência, que terá como eixos: a implementação das Casas da Mulher Brasileira; a reestruturação do Ligue 180; o enfrentamento ao feminicídio e à violência sexual; a promoção de ações educativas e campanhas de prevenção à violência contra as mulheres.
Neste âmbito, irá estabelecer, nos próximos meses, um Pacto Nacional de Enfrentamento ao Feminicídio.
Com ele, iremos fortalecer ações junto a Estados e Municípios para o combate e prevenção das mortes violentas de mulheres em razão de gênero.
Também devemos ser respeitadas no mundo do trabalho e este 8 de março dá atenção inédita a este tema.
A política de “trabalho igual, pagamento igual” pode adicionar 0,2 ponto percentual à taxa de crescimento anual do PIB brasileiro, segundo a OIT.
Estamos trabalhando intensamente para que isso se concretize.
Por fim, trago minha mensagem de esperança.
Fui Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência durante 13 anos. E já há mais de 40 anos luto nesta causa.
Posso afirmar: minha esperança nunca foi maior em pôr fim às desigualdades que nos matam.
O primeiro motivo para isso é o fato de esta ser uma pauta levada tão a sério pelo Presidente da República.
Foi ele quem possibilitou que um grupo representativo como este, de 11 mulheres ministras e duas presidentas de bancos, trabalhasse em conjunto.
Que demonstra, todos os dias, que este é um governo que respeita todas as mulheres.
E o segundo motivo é ver reacender a luta dos movimentos sociais com liberdade e diálogo. Se reunindo, organizando as marchas…
Vocês são as principais responsáveis pelas grandes transformações das políticas públicas para as mulheres no País.
Muito obrigada!
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres