Cerimônia de encerramento do projeto de cooperação Beyond Cotton
Foi realizada, no dia 28/3/2024, na comunidade de Nguge, distrito de Misungwi, região de Mwanza, cerimônia de encerramento do projeto de cooperação trilateral “Para Além do Algodão”, implementado por Brasil, Tanzânia e Programa Mundial de Alimentos (PMA).
Do lado brasileiro, participaram o embaixador do Brasil em Dar es Salam, Gustavo Martins Nogueira, e representantes da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Pelo governo tanzaniano, participaram o representante do Ministério da Agricultura, Gungu Mibavu, o diretor-geral do Instituto de Pesquisa Agrícola da Tanzânia (TARI), Thomas Bwana, e o diretor-geral do "Tanzania Cotton Board”, Marco Mtunga. O PMA foi representado pela diretora do escritório na Tanzânia, Sarah Gordon-Gibson, e pelo gerente de projetos do Centro de Excelência contra a Fome em Brasília, Joelcio Carvalho.
Na ocasião, os participantes ressaltaram os principais resultados do projeto, que durou 18 meses e foi implementado nos distritos de Misungwi, Kwimba e Magu: (i) capacitação de mais de 13 mil agricultores; (ii) distribuição de sementes biofortificadas de batata-doce e milho para mais de 3 mil agricultores; (iii) fornecimento de batata-doce/milho nutritivos a mais de 4 mil estudantes; (iv) construção de 9 cisternas (3 em cada distrito); (v) capacitação e construção de fogão ecológico para os três distritos; (vi) doação de três motocultivadores e de 250 semeadoras às cooperativas dos distritos; e (vii) construção de infraestrutura de irrigação em área dedicada à produção de sementes em Nkanziga.
O sistema de irrigação do campo de produção de sementes do TARI, em Nkanziga, foi inaugurado após a cerimônia de encerramento do projeto. O sistema de irrigação financiado pelo projeto permitirá aumentar a produção anual de sementes de algodão das atuais 12 toneladas para 25 toneladas.
Objetivos e tecnologias sociais compartilhadas pelo “Beyond Cotton”
O projeto teve por objetivos aumentar a produtividade e adicionar valor à produção de algodão em pequena escala, promover a segurança alimentar e nutricional e incrementar a renda das comunidades beneficiadas. Buscou-se alcançar esses objetivos por meio da difusão e adaptação local de técnicas agrícolas modernas e sustentáveis e tecnologias sociais de baixo custo, especialmente adaptadas aos pequenos produtores e a ambientes de escassez de água. As intervenções adequaram-se, portanto, ao conceito de “climate-smart agriculture”.
Isso foi possível graças ao conhecimento e expertise da Universidade Federal de Campina Grande e do Centro de Excelência contra a Fome do PMA no Brasil em tecnologias voltadas para o pequeno produtor agrícola do semi-árido brasileiro.
No componente agrícola, as atividades incluríam a doação de pequenos motocultivadores e semeadoras, de fácil manuseio, a fim de reduzir o tempo de preparo do solo e de plantio do algodão e de culturas associadas, inclusive das hortas escolares; o controle biológico de pragas e a produção de biofertilizantes, técnicas sustentáveis e capazes de reduzir o custo de produção; a construção de casas de sementes comunitárias, para selecionar sementes de qualidade; e a introdução de culturas intercalares (milho e feijão e algodão e milho), úteis para a saúde do solo e para promover culturas alimentares associadas ao algodão.
No componente da segurança alimentar e nutricional, foram introduzidas sementes biofortificadas, para agregar nutrientes à alimentação da comunidade. Foram construídas nove cisternas de placas de 16 mil litros ao lado de escolas dos distritos, a fim de facilitar a disponibilidade de água e sua utilização para o preparo da alimentação escolar (e para outros usos da comunidade). A cisterna utiliza materiais simples e custa cerca de USD 350, podendo ser replicada. Foram construídos fogões eficientes (também replicáveis a baixo custo), para reduzir o consumo de lenha e a inalação de fumaça. Os fogões também reduzem o tempo de cozimento dos alimentos e auxiliam na higiene ao disponibilizar superfície para corte e manuseio dos alimentos. Foi realizado treinamento na construção de canteiros econômicos, que retêm mais água no solo, de forma a estimular o aumento e a diversificação dos alimentos produzidos para consumo familiar. Também foram feitas oficinas de nutrição e cozinha, para promover uma dieta mais nutritiva e a conservação e utilização completa dos alimentos.
O projeto disponibilizou página na internet que reúne os principais resultados projeto, além de guias práticos para a construção de cisternas e outras tecnologias sociais compartilhadas: