Prevenção ao suicídio
Esta cartilha foi criada com o intuito de servir a comunidade brasileira com recursos para a busca de informação, orientação e apoio em relação ao tema de suicídio.
É importante ressaltar que as informações contidas nesta cartilha não equivalem e não substituem tratamento ou avaliação médica ou psicológica.
DEMISTIFICANDO O ASSUNTO
Existem muitos tabus, mitos e preconceitos sobre o tema suicídio. Muitas pessoas ainda acreditam e disseminam a ideia errônea de que pensamentos suicidas somente acontecem com pessoas fracas, egoístas, manipuladoras ou pecadoras. Pensam que quando procuramos ajuda para nossos pensamentos suicidas, encontraremos somente medo, aversão e ignorância. Isto gera mais dificuldade para que a pessoa que esteja sofrendo decida procurar ajuda, além de impedir ainda mais a possibilidade de prevenção. Confira abaixo algumas verdades sobre pensamentos suicidas e como você pode ajudar:
1- Pessoas que dizem que vão se matar, somente querem chamar atenção. ERRADO!
O que fazer: Fique atento. Qualquer pessoa que expresse pensamentos suicidas, mesmo em tom de brincadeira, necessita atenção e atendimento imediato. Mais de 75% das pessoas que cometem suicídio teriam demonstrado de alguma maneira que estavam sofrendo ou mesmo comentaram sobre seus pensamentos suicidas semanas/meses antes do ato final.
2- Uma pessoa precisa “estar louca” ou ter problemas psicológicos para desenvolver pensamentos suicidas. INCORRETO!
O que fazer: Leve a sério. De acordo com pesquisas, muitas pessoas que cometeram suicido tinham capacidade de gerenciar muito bem suas emoções ou às vezes fingiam estar bem para não chamar atenção, seja por vergonha ou por culpa. A ausência de instabilidade emocional ou psicológica não significa ausência de risco ao suicido.
3 – O problema não parece tão grave para se cometer suicídio. ERRADO!
O que fazer: Preste atenção no quão dolorido o problema é para a pessoa ao invés de focar na gravidade do problema. Aquilo que acreditamos não ser motivo para se cometer suicídio poderá ser o suficiente para uma outra pessoa querer morrer. Ofereça ajuda o mais rápido possível, tente reduzir ou controlar aquilo que causa dor na pessoa. Mantenha contato e se mantenha disponível.
4- Ninguém pode “mudar a ideia” ou “a cabeça” de um suicida. FALSO!
O que fazer: Ouça! Lembre-se de que ter pensamentos suicidas é uma maneira de pedir socorro. Suicidas são ambivalentes, parte deles quer viver e a outra parte quer liquidar a dor. Suicidas não necessariamente querem morrer. Considere positivo o fato de alguém comentar sobre seus pensamentos suicidas com você, isto significa que esta pessoa ainda não está decidida e confia em você. Seja empático, ouça, e ofereça recursos.
5- Falar sobre suicídio aumenta a probabilidade do mesmo. FALSO!
O que fazer: Pergunte! Lembre-se, a pessoa já tem o pensamento na cabeça e muitas vezes por medo ou vergonha, guarda para si. Se você notar algum comportamento de risco, pergunte sem julgamento : “Você pensa em morrer/em suicídio/em se matar?” se a pessoa responder que sim, tente verificar mais sobre o pensamento, se a pessoa disser que não e você não estiver convencido, continue monitorando-a.
É comum não saber o que fazer. Em caso de dúvida, não deixe a pessoa sozinha e não tente fazer tudo sozinho. Procure ajuda para a pessoa e para você. Nunca hesite em ligar 911 ou em levar a pessoa para a emergência hospitalar mais próxima.
SINAIS DE ALERTA E FATORES DE RISCO
Algumas situações da vida podem deixar as pessoas mais vulneráveis e contribuir para pensamentos sobre suicídio. Observe se a pessoa:
- já tentou tirar a própria vida alguma vez;
- escreve, lê ou comenta sobre morrer ou se matar, mesmo que em tom de brincadeira. A pessoa pesquisa na internet sobre suicídio e como se matar;
- comenta ou descreve sobre como planeja se matar;
- escreve, lê ou comenta sobre falta de esperança, fracasso pessoal, ansiedade, desespero ou culpa;
- têm histórico de problemas psicológicos ou distúrbios mentais;
- é ou foi vitima de crimes, abuso, violência doméstica, assédio, bullying;
- encontra-se ou demostra sinais de depressão. Praticamente todos os dias, durante duas semanas ou mais, a pessoa apresenta tristeza, isolamento e desinteresse em fazer coisas que antes fazia, ou apresenta maior irritação, mau humor e pessimismo;
- aumentou o consumo de álcool, cigarro e drogas, incluindo certos remédios, como calmantes, remédios para dormir e para dor;
- sofreu algum tipo de perda, emocional ou financeira, como: falecimento de ente querido, perda de privacidade por exposição da pessoa nas redes sociais, término de relacionamento, perda de emprego, negócios, propriedades ou dinheiro;
- é portadora de doença grave, incurável ou que cause dores crónicas ou dependência;
- recentemente comprou ou tem acesso a meios letais como armas de fogo, medicação, substâncias tóxicas. A pessoa tem visitado, ou falado sobre lugares propícios para suicídio como viaduto, prédios altos, etc;
- apresenta tendência a comportamento impulsivo ou agressivo. Pessoas impulsivas podem cometer suicídio acidentalmente. Por exemplo, acelerando o carro, tomando vários comprimidos de uma vez, etc;
- fala sobre doar ou dividir seus pertences sem razão aparente;
- usa frases do tipo: “Ninguém se importa mesmo” ou “ Eu não me importo mais com o que pode acontecer comigo” ou “Ninguém entende o que eu sinto” ou “Nada vale mais a pena”.
Leve a sério. Busque ajuda! Não hesite em ligar para o 911. O serviço possui profissionais preparados para lidar com essas situações e possui tradutor disponível.
COMO AJUDAR EM SITUAÇÕES DE RISCO
Pensamentos suicidas podem ocorrer com qualquer pessoa, em qualquer idade. Crianças e idosos também podem apresentar os sinais de alerta e necessitam atenção imediata. Leve a sério!
- Mantenha a calma, fique com a pessoa, ouça o que ela tem a falar, mostre que você está escutando. Mostre sua compreensão de que o sentimento e a aflição dela/dele é real e verdadeiro
- Busque ajuda profissional: ligue para o 911, leve a pessoa ao hospital ou a clínica de emergência o mais rápido possível.
- Não deixe a pessoa sozinha. Se possível acompanhe a pessoa na consulta ou fique com ela até que alguém de confiança que possa acompanhá-la esteja presente.
- Se você estiver com a pessoa ao telefone ou pela internet, tente não desligar ou desconectar até que alguém esteja presente com a pessoa em risco, ou que chegue uma ambulância. Por exemplo: dirija-se ao local onde a pessoa em risco se encontra está enquanto fala com ela pelo telefone, ou peça para alguém encontrá-la; chame ambulância ou ligue para o 911, ou peça para alguém chamar/ligar enquanto você mantém contato com a pessoa em risco.
Lembre-se: o mais importante é buscar ajuda profissional. Pessoas com pensamentos suicidas necessitam ver um médico psiquiatra o mais rápido possível. Na dúvida, ligue 911.
COMO CONVERSAR COM UMA PESSOA EM RISCO
Medo de falar sobre suicídio é muito comum, mas não induz a pessoa a cometer o ato. Falar sobre suicídio ajuda a pessoa a se sentir acolhida por alguém que se interessa. É importante manter contato com a pessoa, ouvir com empatia e tentar compreender o que a pessoa sente. Veja algumas dicas:
- Nunca ignore ou encoraje alguém a cometer suicídio.
- Ouça atentamente. Não fique tentando achar soluções para o problema
- Jamais julgue ou critique, nem diga como a pessoa deveria se sentir ou comportar-se.
- Pergunte se a pessoa tem pensamentos suicidas e se já houve planejamento de como fazê-lo.
- Outras maneiras de perguntar sobre pensamento suicida: “ Você pensa ou já pensou em se matar?”; “ Você pensa em tirar a sua vida?”; “Você pensa em morrer/ na morte”?
- Use frases que demonstre que você compreende a pessoa e a situação dela, como: “Eu entendo como deve ser difícil e frustrante se esforçar tanto para conseguir algo e não dar certo.”
- Converse abertamente, mencione os sinais de risco que você tem notado. Dedique atenção total a pessoa, livre-se de distrações (TV, música, computador) mas mantenha o celular por perto em caso de ter que ligar para o 911.
- Procure conversar também com a família, amigos e rede de apoio desta pessoa.
- Expresse respeito pelas opiniões, valores e sentimentos da pessoa.
- Demonstre sua preocupação, afeição e seu cuidado para com a pessoa.
- Caso a pessoa tenha acesso a métodos suicidas (armas, veneno, etc) remova-os imediatamente.
- Oriente e ajude a buscar ajuda nas redes de saúde mental, posto de saúde, hospital. Na dúvida, não deixe a pessoa sozinha.
- Depois de conversar sobre o problema e a pessoa se sentir compreendida, pergunte se a pessoa quer falar sobre fatores que a estimulam a viver.
- Se você não se sente confortável ou não sabe o que dizer, não precisa falar. Apenas estando presente e ouvindo a pessoa já pode fazer uma grande diferença. Ou você pode falar “ Eu não sei o que dizer mas quero ouvir/ajudar/estar com você neste momento”
- Evite frases que não ajudam, como: “Não está tão ruim assim”, ou “Isso vai passar”, ou “Eu sei o que você está passando” ou “Existem pessoas em situação pior do que você”. Prefira usar frases como:
- Você não está sozinho. Estou aqui para ajudar e escutar você.
- Eu estou disponível para conversar /desabafar/fazer companhia/para te ajudar.
- Mesmo não sabendo exatamente o que você esta passando, quero ajudar da melhor maneira possível.
Faça um “contrato/pacto de vida”, onde a pessoa promete para você (pode ser verbalmente) que vai ligar para o 911 ou procurar alguém de confiança para conversar quando tiver pensamentos suicidas. Faça/revise com a pessoa uma lista de nomes e telefones, incluindo amigos, família, hospitais e o 911.
Lembre-se: a pessoa não quer morrer, ela apenas não quer viver naquela situação, ela quer pôr um fim a um sofrimento. Busque ajuda para a pessoa e para você.
PROCURE AJUDA
- Disque 911 - de qualquer lugar dos Estados Unidos
- Disque 1-800-273-TALK (8255) Lifeline 24 horas
- Disque 1-800-SUICIDE (784-2433)
- Disque 188 – no Brasil