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Entrevista coletiva concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após encontro com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo
Pergunta de jornalista do portal Metrópoles sobre o GSI e também sobre possível CPMI de atos golpistas
Lula: Deixa eu dizer pra você. Essas perguntas sobre o Brasil seria tão bom que fossem feitas para mim quando eu voltasse ao Brasil, porque fazer uma viagem a Portugal, fazer acordos com Portugal, discutir assuntos de interesse no mundo e não só dos nossos países, e depois eu ficar respondendo pergunta de problemas internos do Brasil, não é muito justo para quem vai nos ouvir. Eu vou decidir essas coisas do GSI. Eu não decido a questão de constituinte, que é uma questão do Congresso Nacional. CPI é por conta do Congresso Nacional, que decide na hora que ele quiser decidir, faça na hora que quiser fazer. O presidente da República não vota no Congresso Nacional. Eu não voto no Senado, não voto na Câmara. Os deputado decidem e o GSI, que é da minha responsabilidade, quando eu voltar eu vou tomar a decisão que achar mais importante para o Brasil.
Pergunta de jornalista da Lusa sobre declarações sobre a Ucrânia
Lula: Deixa eu falar uma coisa sobre a guerra da Rússia e da Ucrânia. Faz tempo que meu país tomou uma decisão de que nós condenamos a Rússia pela ocupação e ferir a integridade territorial da Ucrânia.
Isso logo nos primeiros dias e temos voto na ONU nesse sentido fazendo críticas à ocupação.
Entretanto, nós não somos favoráveis à guerra. Nós queremos a paz. O Brasil está tentando já há alguns dias. Foi isso que eu conversei com o Olaf Scholz, conversei com o Macron, conversei com o Biden, eu conversei como Xi Jinping. O Brasil quer é encontrar um jeito de estabelecer a paz entre a Rússia e a Ucrânia.
Olha, eu não quero participar de guerra. O Brasil quer é encontrar um grupo de pessoas que se disponha a gastar um pouco do seu tempo conversando com todas as pessoas que prezam pela paz para fazer a paz.
Eu não tenho experiência de guerra porque no Brasil a última do Brasil foi a do Paraguai e eu não era nascido.
Mas tenho experiência de muitos movimentos sociais. Conheço quando se radicaliza muito ou não. Às vezes você começa uma luta pensando que vai acontecer uma coisa e não acontece e depois você não sabe como parar.
No caso da guerra, a Rússia não quer parar e a Ucrânia não quer parar.
Pois bem, nós vamos ter que encontrar um grupo de países que possam formular sabe, uma relação de confiança, a ideia de que a guerra para, senta na mesa e conversa que a gente vai encontrar um resultado muito melhor, muito melhor.
Eu tenho certeza de que será infinitamente melhor para o mundo se a gente conseguir encontrar uma forma de fazer paz e eu acredito nisso.
Eu nasci na minha vida política negociando situações muito difíceis para o meu mundo sindical e eu há sempre acreditei que era possível você encontrar uma solução.
Eu acho que essa guerra da Rússia da Ucrânia a gente pode encontrar solução. É preciso que os dois países confiem em interlocução, que pode ser de fora, mas o que pode ajudar a resolver o problema e construir o fim dessa guerra.
É melhor encontrar uma saída em torno de uma mesa do que continuar tentando encontrar saída no campo de batalha.
Se você não fala de paz, você contribui para a guerra. Ou seja, eu vou lhe contar um caso. O chanceler Olaf Scholz foi ao Brasil. Ele foi pedir para que o Brasil vendesse os mísseis para que ele doasse à Ucrânia. O Brasil se recusou a vender os mísseis porque, se a gente vendesse os mísseis e esses mísseis fossem doados à Ucrânia e esses mísseis fossem utilizados e morresse um russo, a culpa seria no Brasil. O Brasil estaria na guerra e o Brasil não quer participar. O Brasil que é construir a paz.
Continuação da resposta após fala do presidente Marcelo Rebelo de Sousa
Lula: Olha, eu sinceramente compreendo o papel da Europa. Eu estive com o presidente da Romênia antes de vir para cá. Ele tem 600 quilômetros de fronteira com a Ucrânia. Então compreendo o papel dele tranquilamente, mas eu quero que as pessoas compreendam o papel do Brasil.
Quando em 2002 fui aos Estados Unidos, o Bush queria fazer a guerra com o Iraque. Estava decidido a fazer guerra com o Iraque e convidou o Brasil para participar da guerra do Iraque. Eu disse para ele que a minha guerra não era do Iraque. A minha guerra era contra a fome no meu país. Conseguimos vencer a guerra. Agora tem 33 milhões de pessoas com fome também no Brasil e a minha guerra outra vez é combater a fome no Brasil e paralelamente tentar construir um jeito de fazer para que o mundo viva em paz, porque a guerra não constrói absolutamente nada. A guerra só destrói. E eu não acho correto as pessoas ficarem em guerra.
Pergunta de jornalista do SBT sobre a guerra na Ucrânia e a possível visita do ex-chanceler Celso Amorim ao país.
Lula: Se eu puder dizer para você o que o Celso vai conversar, ele nem precisa ir. O Zelensky vai ler nos jornais e ele não precisa mais ir. Ele tem que ir para poder conversar pessoalmente.
A segunda coisa: eu não fui à Rússia e não vou à Ucrânia. Eu só vou quando houver possibilidade de efetivamente ter um clima de construção de paz. Eu nunca igualei os dois países porque eu sei o que é invasão. Eu sei o que é que a integridade territorial e todos nós achamos que a Rússia errou e já condenamos em todas as decisões da ONU. Mas eu acho que é preciso agora parar a guerra e para parar a guerra tem que ter alguém que converse e o Brasil está disposto a estabelecer essa conversa.
Continuação da pergunta do jornalista
Deixa eu lhe falar uma coisa. Se fosse possível a gente resolver os problemas teoricamente, a gente resolveria. Como a gente vai ter que resolver na prática, você tem que convencer as pessoas que você pensa que não quer parar, parar. Foi assim. Estamos numa situação em que a guerra da Rússia e da Ucrânia não está fazendo bem à humanidade. Não está fazendo bem à Europa porque tem problema de energia, porque tem problemas de fertilizante, que tem problema de comida e está fazendo mal até no Brasil, porque o Brasil também compra fertilizantes. E é por isso que nós temos que encontrar um grupo de pessoas que estejam (interrupção da transmissão)
Pergunta de jornalista (sem contexto)
Lula: Eu saí do Brasil para vir para Portugal com a agenda feita. E a agenda para visitar outro país não é feita na semana. É feita com antecedência. Portanto, eu sempre soube que eu vim à Portugal, que eu iria ter esta reunião que estou tendo aqui, que eu ia conversar com o primeiro-ministro, que ia a Porto fazer reunião com empresários, que iria entregar o prêmio ao Chico Buarque e que segunda-feira iria ao Congresso Nacional. Eu sempre soube disso. Eu tenho uma agenda feita pelos companheiros que me convidaram e ela vou cumprir. Eu não vejo nenhum problema na minha agenda. Minha agenda não foi mudada de última hora. Minha agenda é feita com muita antecedência e depois da uma hora viajo à Espanha. Tenho uma reunião com os empresários na Espanha. Depois de uma reunião com o primeiro-ministro e depois tenho um almoço com o rei Felipe. Aí volto para o Brasil.
Pergunta da jornalista sobre a participação do presidente Lula na agenda da revolução dos Cravos
Lula: Eu fui convidado para participar da comemoração da Revolução dos Cravos e é com muita alegria que eu vou participar. É com muita alegria, seja de manhã ou à tarde. Só espero que não seja à noite. O restante eu posso participar tranquilamente.