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Discurso do presidente Lula durante o Fórum Empresarial Bolívia - Brasil em Santa Cruz de La Sierra
Há uma coisa que nós precisamos nunca esquecer.
Vou citar dois exemplos.
Quando eu deixei a Presidência da República do Brasil, dia 31 de dezembro de 2010, a economia brasileira crescia 7,5%, o comércio varejista crescia 13% e a gente estava vendendo 3,8 milhões de carros por ano no Brasil.
Quinze anos depois, eu voltei à Presidência do Brasil e o crescimento era quase negativo. A gente produzia apenas 1,8 milhão de carros por ano, menos da metade do que a gente produzia em 2010 e a inflação estava à mercê da vulnerabilidade.
Muita gente diz que eu tenho sorte. Como todo time bom de futebol, a gente tem que ter um atacante que tem sorte para marcar um gol e um goleiro que tenha sorte para não deixar os adversários marcarem um gol.
E é isso que está acontecendo no Brasil, mas na Bolívia também não é diferente. A Bolívia viveu um momento de ouro. A Bolívia chegava a causar inveja aos outros países da América do Sul, quando nós nos demos conta do crescimento da política de inclusão social da Bolívia, quando nos demos conta do controle inflacionário da Bolívia, quando nós nos demos conta do crescimento do PIB da Bolívia e, mais importante, quando nós nos demos conta de que a Bolívia tinha mais reservas internacionais do que o PIB.
Isso acabou no Brasil e acabou na Bolívia.
Por quê?
Há uma mágica em economia? Não. Economia não tem mágica. Economia tem algumas palavras mágicas que não podemos desperdiçá-las. As primeiras palavras mágicas para uma economia dar certo são estabilidade e credibilidade política. A segunda palavra chave para que um país dê certo, a economia cresça e tudo aconteça bem, é estabilidade na economia. A terceira palavra mágica é estabilidade fiscal. A quarta palavra mágica é a gente ter estabilidade jurídica. E a quinta palavra mágica é a gente ter estabilidade social.
São esses cinco componentes mais a palavra chave que interessa a todos os empresários: previsibilidade. As pessoas têm que saber o que vai acontecer no dia a dia de cada país.
Quero dizer a vocês que a minha vinda à Bolívia é porque aprendi muito nos meus mandatos na Presidência da República. Tive a satisfação de presidir o Brasil no momento de maior integração da nossa querida América do Sul. E eu voltei na perspectiva de fazer com que a gente faça melhor do que fez na última vez.
E é por isso que eu vim aqui e convidei os empresários e pedi ao companheiro Jorge Viana para convidar o máximo de empresários que ele pudesse. E fiz questão de trazer a presidente da Petrobras, porque eu sei a importância que a Petrobras já teve na política. E que ainda pode ter na medida em que ela não queira só ganhar dinheiro, mas ajudar na prospecção, na investigação, no investimento.
E eu trouxe o ministro das Minas e Energia para discutir a questão dos minerais da Bolívia, do lítio, da transição energética tão falada e propalada no mundo. Nunca se falou tanto em energia renovável no mundo, nunca se falou tanto em transição energética, nunca se falou tanto em hidrogênio verde como agora.
Isso fez com eu trouxesse o ministro aqui para que ele estabeleça com empresários bolivianos algum trabalho concreto. Fiz questão de trazer meu ministro da Agricultura, que é um homem do agronegócio brasileiro. Fiz questão de trazê-lo porque a agricultura brasileira tem muito a ver com a agricultura da Bolívia.
Aliás, nessa cidade de Santa Cruz de La Sierra parece que temos muitos empresários brasileiros criando gado, plantando arroz, plantando feijão, plantando soja. Igual temos no estado do Mato Grosso, estado vizinho da Bolívia. Muitas vezes as pessoas são as mesmas, muitas vezes as pessoas são brasileiras que estão aqui. Alguns já naturalizados, outros ainda não naturalizados.
O que nós temos que fazer é tentar saber quais as similaridades que existem entre nós para que a gente possa, enquanto governo, facilitar com que haja mais implemento, mais investimento, mais financiamento, mais produção, mais emprego, mais renda, mais crescimento, que é o que move uma nação.
É por isso que fiz questão de trazer o secretário-executivo do ministro da Indústria e Comércio. O ministro nunca pode vir porque ele é o vice-presidente e não pode viajar comigo. Ainda eu vou, ele não vai. Aonde ele vai, eu não vou. Mas a gente tem muito interesse em fazer com a Bolívia possa participar do processo de crescimento e de desenvolvimento do Brasil.
Quem me conhece sabe que não é apenas discurso. Eu já cansei de dizer. Um país do tamanho do Brasil, com a população do Brasil, com a base intelectual do Brasil, um país com a base industrial que tem o Brasil e com o potencial agrícola do Brasil não pode crescer sozinho. É preciso que o Brasil faça com que nossos parceiros cresçam juntos. Não queremos ser uma ilha de prosperidade cercada de miséria por todos os lados.
Se os americanos tivesse feito isso durante muito tempo, os americanos não teriam a América Central empobrecida, a América Latina empobrecida. Exportando trabalhador para fazer o trabalho pesado e que agora passaram a ser inimigos. Antigamente, latino-americano era bem-vindo aos Estados Unidos.
Mas agora resolveram dizer que nós, latino-americanos, estamos prejudicando a economia americana.
Então, só tem uma solução, companheiros e companheiros, empresárias, empresários, dirigentes políticos. Só tem uma solução: é a gente evitar que nosso povo seja nômade, andando atrás de oportunidades, andando atrás de emprego, andando atrás de comida. Nós temos que garantir, em cada país, a oportunidade de as pessoas terem a chance de trabalhar e viver tranquilamente.
Se a gente garantir condições ninguém vai ficar perambulando pelo mundo a não ser de férias, a não ser viagem de conhecimento, de visitas. Mas ninguém vai ficar viajando pelo mundo para procurar um lugar para comer, para procurar um lugar para trabalhar, se a gente não oferecer em quantidade.
Quero que vocês saibam, eu disse isso de manhã. Durante muito tempo, os empresários da América do Sul tiveram medo do Brasil, tiveram medo dos empresários brasileiros. Durante muito tempo, o Brasil também não ligava para a América do Sul. O Brasil vivia como elite imponente, olhando a Europa, olhando os Estados Unidos, não via nem o continente africano. E a América do Sul era sinal de problema, sinal de pobreza, era tratada com certo desdém. Desde 2003, quando assumi a Presidência, eu disse ao companheiro Celso Amorim: nós vamos mudar a geopolítica brasileira, mas não vamos desprezar a Europa, que é muito importante.
Aliás, quero dizer aos empresários que se depender do que fizemos até agora, este ano nós vamos firmar o apoio da União Europeia com o Mercosul. Da nossa parte está totalmente pronto, da nossa parte está tudo acordado. O que falta agora são os europeus se arranjarem, diminuírem as divergências entre eles, porque nós estamos prontos para recebê-los.
A gente estava cansado deles dizerem que era nós que não queríamos fazer acordo, que era a América do Sul que não queria fazer acordo. Pois bem, nós nos preparamos, fizemos a proposta, está aprovada a proposta, agora depende da companheira Ursula von der Leyen, que é a chefe da Delegação Europeia, vir sentar na mesa e a gente fechar, finalmente, um acordo que espera mais de 30 anos entre o Mercosul e a União Europeia.
E isso num momento extraordinário, em que a Bolívia passa a ser membro pleno, sabe, do Mercosul. Isso vai ser muito importante, presidente Arce, para a Bolívia, isso será muito importante, da mesma forma que nós temos que tentar ver quais os nossos irmãos que vão entrar nos BRICs, porque os BRICs são importantes agora, o BRICs não é mais só uma reunião de países grandes, não.
Os BRICs agora representam o Sul Global. A palavra é chique: Sul Global. Ou seja, porque a gente quer competir em igualdade de condições não apenas pelo tamanho da nossa população, mas pelo PIB e pelo que a gente representa no comércio mundial. E nós precisamos nos fazer respeitar nesse momento em que o mundo precisa de coisas novas que somente nós temos para oferecer.
Quem quiser mais alimento é aqui nesse continente que a gente tem capacidade de produzir e de qualidade. Ninguém pode mais falar que a carne da América do Sul é ruim, que a carne da Bolívia é ruim, que a carne do Brasil é ruim, porque nós produzimos carne de qualidade igualzinho eles, com mais saúde, porque é um gado verde criado na base saudável de comer grama. Um pouquinho de ração também ajuda, de vez em quando.
Ninguém pode ignorar e dizer não, porque a América do Sul só exporta commodities, porque a América do Sul não exporta manufaturados, não tem problema. É preciso parar com essa disputa pequena entre o commodities e indústria de manufaturados.
Por que isso? A gente já parou pra pensar quanto de tecnologia tem num grão de soja hoje? A gente já parou pra pensar quanto de engenharia genética tem na criação de um pollo, na criação de um porco, na criação de uma cabra, na criação de uma vaca, um boi? Tem muito investimento em genética pra melhorar a qualidade da carne, a qualidade de leite, e o mundo vai precisar cada vez mais de alimento.
Eu rezo todo dia, meus amigos, para que cada dia até os indianos voltem a comer carne, até voltem a comer porque nós temos o que vender, nós temos onde criar, nós temos como produzir. E sabemos. E temos conhecimento tecnológico extraordinário.
Um Brasil que tem uma empresa como a Embrapa é motivo de orgulho para qualquer lugar do mundo dizer que teve a assistência da Embrapa. Pois bem, companheiros e companheiras, é com esse clima de otimismo que eu estou aqui na Bolívia. Quero dizer olhando na cara de cada um de vocês. Eu tenho 78 anos de idade, já fui presidente duas vezes. Aliás, eu digo que só tem mais experiência do que eu na presidência, duas pessoas. O Imperador D. Pedro II, que ficou 69 anos no poder, e o Getúlio Vargas, que governou de 1930 a 1945 e depois de 1950 a 1954. O restante ninguém tem mais experiência do que eu na Presidência da República.
E daí o meu otimismo, o meu otimismo de que a economia na América do Sul vai voltar a crescer, de que a economia brasileira vai voltar a crescer, de que a inflação vai ser estável, de que o PIB vai crescer. E quando cresce o PIB a gente tem que fazer distribuição de renda. O crescimento do PIB tem que ser dividido entre o conjunto da população.
Porque senão você eterniza um grupo menor muito rico e um grupo maior muito pobre. Uma outra frase que eu queria que vocês guardassem, para nunca esquecerem: muito dinheiro, na mão de poucos, significa miséria, significa pobreza, significa desnutrição, significa analfabetismo, significa mortalidade infantil, significa desemprego. Agora, pouco dinheiro na mão de muitos significa exatamente o contrário. Significa crescimento econômico, significa consumo, significa geração de emprego, significa participação na renda do país.
E é isso que vai acontecer. E é por isso que eu estou aqui na Bolívia para dizer: a Bolívia será o que ela quiser ser. O que nós precisamos é garantir, primeiro estabilidade política, depois estabilidade fiscal, estabilidade econômica, estabilidade jurídica e estabilidade social. Se a gente garantir esses quesitos, não há porquê a Bolívia não ter uma economia pujante e vocês voltarem a ter reservas extraordinárias até porque vocês já fizeram isso. Você era o ministro da economia quando a economia cresceu, presidente Arce. Agora que você é presidente, tem que fazer crescer outra vez.
Eu tenho que tomar cuidado, porque senão eu não paro de falar, eu vou ler o meu discurso aqui. Eu quero dizer para vocês que eu estou feliz. Se vocês tiverem dúvida de um ser humano feliz, de um ser humano otimista, olhe para esse jovem que está falando com vocês. Esse jovem de 78 anos que tem o desejo de viver 120. Eu converso com Deus todo dia. Eu não quero ir lá, o discurso é bom, mas eu não quero. Eu quero ficar aqui nessa terra sofrida. Eu quero ficar amassando o barro por uns 120 anos para a gente poder consertar a nossa querida América do Sul.
Portanto, queridos companheiros, minha visita à Bolívia não seria completa sem um evento empresarial deste porte.
Em uma situação normal, eu iniciaria este discurso exaltando as oportunidades de comércio e investimentos entre nossos países.
Mas a tentativa de golpe sofrida há poucos dias pela Bolívia demanda uma reflexão sobre a democracia.
O setor produtivo tem plena consciência da importância do estado de direito para o bom funcionamento da economia.
A resiliência das instituições nacionais frente ao 26 de junho na Bolívia e ao 8 de janeiro no Brasil demonstra que não há margem para retrocessos.
Sem estabilidade política e jurídica não há desenvolvimento social e econômico.
Assim como a pobreza e as desigualdades estão na origem de instabilidades de toda ordem.
Os empresários sabem que podem ser tão vítimas das arbitrariedades de um regime autoritário quanto os trabalhadores.
Nossos países são a prova de que é possível crescer com distribuição de renda sem abrir mão de direitos.
A Bolívia quintuplicou seu PIB entre 2005 e 2023. E a renda per capita quase quadruplicou.
No caso do Brasil, na esteira da Constituição Cidadã de 1988, superamos os fantasmas da inflação e da dívida externa.
Reduzir o déficit fiscal sem comprometer a capacidade de investimento público é um compromisso da minha gestão.
Contrariando os pessimistas, o PIB do Brasil cresceu 2,5% nos últimos 12 meses.
O Programa de Aceleração do Crescimento prevê que serão investidos recursos da ordem de 320 bilhões de dólares, 75% dos quais até 2026.
A nova política industrial brasileira se propõe a aumentar a complementaridade com os vizinhos e adensar nossas cadeias produtivas.
O desenvolvimento de infraestruturas comuns é a base para um continente mais próspero e unido.
Investiremos na integração física por meio de rotas multimodais que cruzarão toda a América o Sul, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico. E que nós vamos poder transitar nossos produtos por muitos mares deste mundo, sem ter nenhum problema de barreiras.
E podem estar certos de que isso em grande parte vai acontecer no meu governo. Não é um discurso, é quase que uma profissão de fé, que nós vamos fazer isso acontecer.
É preciso transformar os discursos teóricos em coisas práticas. E coisas práticas quem faz são vocês, empresários.
Duas das cinco rotas previstas passarão pela Bolívia, incontornável por sua centralidade neste continente.
Até o final de meu mandato, quero concluir a principal, a rota rodoviária do Quadrante Rondon, que integra os estados do Acre, de Rondônia e do Mato Grosso, à Bolívia e ao Peru.
Quando a interconexão ferroviária entre Santa Cruz e Cochabamba for completada, as cargas que saem do porto de Santos poderão chegar diretamente ao Pacífico.
A conclusão desses corredores permitirá uma economia de, no mínimo, mil dólares para cada contêiner brasileiro exportado para a Ásia, bem como a redução no tempo de transporte de mercadorias em, pelo menos, quinze dias.
A Ponte sobre o rio Mamoré, um compromisso histórico do Brasil, finalmente vai sair do papel.
Temos em curso estudos que também permitirão o acesso da Bolívia ao Atlântico por meio de hidrovias na bacia Amazônica e na Bacia do Paraguai-Paraná.
O gasoduto Brasil – Bolívia é um patrimônio estratégico que pode ser aproveitado para transportar gás do campo de Vaca Muerta, na Argentina, até o Brasil, suprindo demanda da indústria nacional.
Também poderá contribuir para abastecer as plantas para produção de fertilizantes que queremos construir no Mato Grosso e aqui em Santa Cruz de la Sierra.
Nosso importante comércio bilateral pode crescer ainda mais e se diversificar com a integração física e energética do continente.
Em 2023, a corrente de comércio alcançou 3,3 bilhões de dólares. O Brasil foi o segundo maior fornecedor da Bolívia e o maior destino de suas exportações.
Essas cifras serão ainda maiores com a adesão da Bolívia ao Mercosul, ratificada ontem na Cúpula de Assunção.
Com sua entrada no Sistema de Pagamentos em Moeda Local, reduziremos a dependência do dólar e os custos de transação nas operações de câmbio entre os nossos países.
Essa é uma medida de grande utilidade, sobretudo para pequenas e médias empresas do nosso continente.
Na área de produtos agrícolas, nossas trocas ainda estão aquém de seu potencial. Com práticas sustentáveis, podemos garantir a segurança alimentar e promover o desenvolvimento rural dos dois lados da fronteira.
Além de fornecer material genético, rações e tecnologias de manejo, o Brasil tem interesse em avançar no diálogo sobre a certificação sanitária para exportação de proteína animal.
E temos muito o que aprender com a experiência boliviana de extrativismo, beneficiamento e comercialização de castanha, como ficou evidente com a realização, ontem, do Fórum Bilateral, com a participação de empresas dos dois países e da Embrapa.
Articular a promoção conjunta da castanha no mercado internacional é só um exemplo do muito que podemos fazer juntos.
OpPresidente Arce e eu queremos que as indústrias da Bolívia e do Brasil se desenvolvam, para que não fiquemos vendendo apenas produtos primários.
A energia renovável é fundamental para o processo de reindustrialização.
Bolívia e Brasil são abençoados com recursos energéticos e minerais abundantes.
Investir em energia solar, eólica, hidrelétrica é imperativo da transição energética e uma grande oportunidade para criar empregos de qualidade para nossos jovens.
O Brasil optou pelos biocombustíveis há quarenta anos, muito antes que a discussão sobre alternativas a combustíveis fósseis ganhasse atenção.
A tecnologia e a experiência brasileira nessa área podem contribuir para acelerar a transição ecológica aqui.
Não falo apenas sobre o aumento da demanda boliviana por etanol em função da recente atualização no percentual permitido para mistura na gasolina, que passou de 12% para 25%.
O Brasil que contribuir para a modernização e ampliação das seis usinas de açúcar e etanol que existem na Bolívia, cinco delas aqui na região de Santa Cruz.
Também podemos exportar máquinas e implementos agrícolas adaptados à produção local.
Não é preciso buscar uma caldeira ou um trator na China, quando há opções no âmbito do Mercosul.
É urgente fazer do bloco uma plataforma para nossa participação nos mercados mundiais de minerais estratégicos e componentes de alta tecnologia.
Queremos agregar valor ao lítio e a outros minerais críticos aqui mesmo no coração da América do Sul.
Compartilhamos a maior floresta tropical do mundo, uma reserva de biodiversidade incomparável e fonte de conhecimento e tecnologias valiosas.
Como países amazônicos e membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) devemos alicerçar nossa visão de desenvolvimento sustentável na bioeconomia e na biotecnologia.
Fomentá-las pressupõe o uso adequado desses recursos, em harmonia com a natureza e com os povos da floresta, como pactuamos na Cúpula da Amazônia em agosto passado.
A batata, a quinoa, a chia, as castanhas da Amazônia, todos são produtos que os povos originários na Bolívia e no Brasil ajudaram a desenvolver ao longo de séculos e que ganharam o mundo.
Brasil e Bolívia devem exportar sustentabilidade!
Em Belém, na COP-30, vamos mostrar ao mundo todo o potencial de nossa região, ao aliar nossas riquezas naturais ao compromisso político, no mais alto nível, com metas ambiciosas de transição para economias de baixo carbono.
Nossa fronteira é a 8ª maior do mundo, com mais de 3.400 km de extensão, do Pantanal à Amazônia.
É preciso levar dignidade, bem-estar e emprego às populações fronteiriças.
Assinamos hoje um protocolo de intenções que permitirá que bolivianos e brasileiros usem os sistemas de saúde públicos nos dois países.
Retomamos todos os mecanismos bilaterais para combate ao crime transnacional.
Vamos garantir que brasileiros e bolivianos possam conviver nas nossas fronteiras livres da violência e da ameaça do crime organizado.
Senhoras e senhores,
A participação numerosa de empresários e empresárias que vejo aqui é a expressão do empreendedorismo latino-americano, da força da integração regional, e do potencial econômico-comercial de nossos países.
O sucesso do encontro confirma que o setor privado está plenamente engajado nesse projeto de desenvolvimento.
Peço aos líderes empresariais aqui presentes que busquem conhecer e aproveitar oportunidades na Bolívia e no Brasil.
Vamos aproveitá-las, superar os desafios e construir um futuro do qual nossos filhos e netos se orgulharão.
Amigos e amigas, vou terminar dizendo que nós vamos fazer a integração que nós quisermos fazer. Basta que a gente não sonhe pequeno, porque quem sonha pequeno quando acorda pensa que teve um pesadelo. Nós temos que sonhar grande, do tamanho dos nossos países, do tamanho de nossas vontades, do tamanho de nossos desejos, para que a gente possa, conjuntamente, transformar esse sonho em realidade.
Muito obrigado e boa sorte.
* Cotejar com versão oral