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O Brasil na Rússia e na Noruega (O Estado de S. Paulo, 16/06/2017)
Visitarei na próxima semana a Rússia e a Noruega. Meus compromissos incluirão reuniões com o presidente Vladimir Putin, em Moscou, e com o rei Harald V e a primeira-ministra Erna Solberg, em Oslo. Nas duas capitais, falarei também a investidores sobre o momento de modernização econômica que vive o Brasil – momento de responsabilidade fiscal, de maior racionalidade e de mais segurança jurídica. Apresentarei as oportunidades de negócios que daí decorrem, em especial no âmbito do programa Crescer. Uma vez mais, porei a diplomacia presidencial a serviço das prioridades dos brasileiros: o crescimento econômico e a geração de empregos.
Com o respaldo indispensável do Congresso Nacional, estamos levando adiante reformas que não se viam no Brasil há muitos anos. Os resultados já aparecem: pusemos a inflação novamente sob controle, criamos as condições para a queda consistente dos juros, deixamos para trás a recessão. Mas ainda há muito por fazer. E nessa empreitada a política externa desempenha papel de relevo. A reconstrução do Brasil passa, necessariamente, por uma maior e melhor integração ao mundo.
A primeira etapa da viagem será a Rússia, potência incontornável do cenário internacional. Lá, nossa agenda de captação de investimentos partirá do forte interesse de investidores russos na área de energia. E iremos além: exploraremos possibilidades, igualmente, em empreendimentos de ferrovias, portos e outros domínios de infraestrutura.
Levarei à capital russa a notícia da conclusão dos procedimentos internos, no Brasil, para a entrada em vigor, já nos próximos dias, de acordo bilateral para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal. E, na visita, assinaremos novos acordos para promover investimentos e facilitar o comércio.
Reflexo da trajetória de recuperação da economia de ambos os países, o intercâmbio comercial entre o Brasil e a Rússia cresceu mais de 40% nos primeiros cinco meses de 2017, em comparação com o mesmo período do ano passado. Ainda nos achamos, contudo, abaixo do potencial.
Em 2016 o Brasil forneceu à Rússia 60% de suas importações de carnes. É volume de comércio expressivo, marcado pela confiança mútua. Dada a dimensão das duas economias, porém, há espaço para mais. Estamos engajados em ampliar o acesso de nossos produtos agropecuários ao mercado russo e em diversificar nossas exportações. Além disso, trabalharemos pela aproximação entre o Mercosul e a União Econômica Eurasiática, integrada por Rússia, Armênia, Belarus, Casaquistão e Quirguistão.
Em Moscou trataremos, ainda, de estruturar o diálogo político, tornando-o mais sistemático. Assinaremos plano de consultas bilaterais para o período 2018–2021. Consolidaremos, assim, nossa interlocução sobre questões que mobilizam russos e brasileiros nas Nações Unidas, no G-20, no Brics e em outras instâncias internacionais.
A vertente cultural não estará ausente de minha visita à Rússia. Firmaremos acordos que abrem caminho para o estabelecimento de centros culturais brasileiros na Rússia e russos no Brasil. Aliás, a Copa do Mundo de Futebol de 2018, que se realizará na Rússia, contribuirá para acercar ainda mais as nossas sociedades.
Com a Noruega temos relação duradoura em tema crucial para a sociedade brasileira e para todo o mundo: o meio ambiente. O Brasil é uma potência ambiental. Somos parte da solução para os problemas ambientais de escala global. E no desafio do desenvolvimento sustentável a Noruega é nossa parceira de primeira grandeza. Esteve na origem do Fundo Amazônia, administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e mantém-se como o maior financiador da iniciativa.
A Noruega já aportou ao Fundo Amazônia R$ 2,8 bilhões. Hoje são 89 projetos em áreas como combate ao desmatamento, regularização fundiária e gestão territorial e ambiental de terras indígenas. São projetos geridos com transparência e com a participação dos governos dos Estados amazônicos e da sociedade civil. Reafirmaremos às mais altas autoridades norueguesas o significado que atribuímos a nossa atuação conjunta no fundo.
Esse país escandinavo é, também, o oitavo maior investidor estrangeiro no Brasil, com marcada presença no setor de energia. O novo marco regulatório brasileiro, mais previsível e seguro, tem despertado particular interesse entre empresários noruegueses. Estamos empenhados em atrair novos investimentos.
Do mesmo modo, buscamos mais comércio com a Noruega. Acabamos de concluir a primeira rodada de negociações para acordo entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), de que fazem parte, além da Noruega, a Islândia, o Liechtenstein e a Suíça. Meus contatos em Oslo inserem- se em nosso esforço mais amplo de efetiva universalização das relações exteriores do Brasil, inclusive em matéria econômico-comercial.
Assim como na Rússia, manterei com nossos parceiros noruegueses diálogo franco e aberto sobre temas da agenda global. A Noruega tem significativa participação em missões da ONU. É facilitadora do processo de paz que envolve as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e integra, como o Brasil, o grupo de países que apoiam as conversas entre o governo colombiano e o Exército de Libertação Nacional (ELN). São muitos os interesses que compartilhamos também na pauta política.
Em Moscou e em Oslo terei intensa programação. Fortaleceremos os laços de amizade e de cooperação que unem brasileiros e russos, brasileiros e noruegueses. Amizade fundada na admiração e no respeito recíprocos e cooperação voltada para o desenvolvimento e o bem-estar de nossos povos.