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Dois destinos, um só objetivo (O Estado de S. Paulo, 23/07/2018)
Participo, esta semana, de dois compromissos que dizem muito sobre a política externa de nosso governo. Nos dias 23 e 24, estarei em Puerto Vallarta, no México, para a primeira reunião entre os presidentes do Mercosul e da Aliança do Pacífico. Entre os dias 25 e 28, estarei em Johannesburgo, na África do Sul, para a 10.ª Cúpula do Brics. Nos dois casos, transmitiremos ao mundo mensagem de diálogo e cooperação. Nos dois casos, trabalharemos com pragmatismo em busca de benefícios concretos para a sociedade brasileira.
A aproximação entre o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e a Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) é causa na qual estou pessoalmente engajado desde a primeira hora de nosso governo. Juntos, formamos mercado de 470 milhões de pessoas e representamos mais de 90% do PIB e dos fluxos de investimentos na região. Podemos e devemos caminhar unidos em direção a um continente de mais harmonia e prosperidade.
A construção de uma comunidade latino-americana de nações não é uma opção. É um imperativo histórico e, no caso do Brasil, um mandamento constitucional. Mas não queremos qualquer integração. Queremos uma integração voltada para o que importa ao cidadão: emprego, renda, bem-estar. Temos trabalhado em intensa agenda para desburocratizar o comércio entre nossos países e gerar novas oportunidades.
Essa cúpula constituirá um marco. Vamos assinar declaração conjunta que reforça os pilares da democracia e da integração em nosso continente. Vamos aprovar plano de ação com diretrizes claras sobre o caminho a seguir no processo de convergência entre nossos blocos. Vamos ampliar nossa colaboração para áreas de interesse de nossos cidadãos, como mobilidade acadêmica, turismo e facilitação de investimentos.
Em encontros paralelos, estamos prontos para assinar protocolo que traz mais segurança jurídica para o comércio de serviços com a Colômbia. Com o México, celebraremos acordo para agilizar trâmites aduaneiros e tornar mais fluído nosso intercâmbio comercial. E seguiremos avançando: reafirmarei, junto a meus homólogos do Chile e do México, nossa determinação em concluir, o quanto antes, as negociações comerciais em curso com esses dois países.
Num mundo de tendências protecionistas e isolacionistas, é emblemático que o Mercosul e a Aliança do Pacífico se reúnam para empunhar a bandeira do livre-comércio e do entendimento. Em contexto em que proliferam forças de fragmentação e tensões de toda sorte, defendemos firmemente as virtudes da abertura e da responsabilidade. Essa deve ser a contribuição da América Latina para o enfrentamento coletivo dos desafios do século 21.
É também ao enfrentamento desses desafios que nos dedicaremos em Johannesburgo, onde estarei com os líderes da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul para a cúpula do Brics. Ao alcançarmos a marca dos dez anos de nosso agrupamento, é oportuno refletirmos sobre o que conquistamos até aqui e sobre o que queremos alcançar nos anos vindouros.
O Brics nasceu em meio à grave crise financeira de 2008. Era natural, portanto, que nossa ação conjunta se concentrasse, precisamente, em temas financeiros. E assim foi. Atuamos de maneira coordenada em foros com o G-20, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Criamos o Arranjo Contingente de Reservas, que ajuda a evitar choques externos e contribui para a maior estabilidade de nossas economias. Estabelecemos o Novo Banco de Desenvolvimento.
O Brics que queremos para os próximos dez anos é um Brics cada vez mais a serviço do desenvolvimento. Somos cinco países com territórios amplos e população numerosa. Somos cinco países de renda média que compartilham desafios e querem compartilhar soluções.
A cúpula de Johannesburgo nos permitirá dar mais alguns passos nessa direção. Aprofundaremos nossa cooperação em áreas como meio ambiente, esportes, economia digital. Estamos trabalhando para a instituição de centro de pesquisa que nos auxiliará a desenvolver novas vacinas e a ampliar a capacidade de produção farmacêutica de nossos países. Estamos trabalhando, ainda, para lançar parceria com vistas à troca de informações e à exploração de mercados para a aviação regional.
Nosso encontro em Johannesburgo tem para o Brasil significado especial. O eixo dos debates na cúpula será “o Brics na África”. O tema nos toca profundamente: somos um país formado por múltiplas culturas, e a presença africana é das mais expressivas. Será rica ocasião para dialogar com uma dezena de líderes do continente africano sobre nosso desenvolvimento comum. Reafirmaremos o desejo de transformar nossos vínculos históricos e afetivos em mais intercâmbio econômico, em mais iniciativas de cooperação, em mais diálogo político.
Como manifestação concreta dessa disposição, inauguraremos, na África do Sul, um novo centro de treinamento da Embraer – empresa que é orgulho de todos os brasileiros. Com equipamentos de última geração, o centro formará, a cada ano, pilotos, engenheiros, mecânicos e comissários. Estamos investindo em tecnologia de ponta e capacitando profissionais de todo o continente africano.
No momento em que o Brasil se prepara para assumir a presidência do Brics, em 2019, é com satisfação que constatamos: progredimos na boa direção. Estamos trazendo o Brics, cada vez mais, para perto das demandas de nossos povos. Durante a cúpula, assinaremos acordo para a instalação de um escritório regional do Novo Banco de Desenvolvimento no Brasil. O escritório auxiliará a ampliar a carteira de investimentos no Brasil e nos demais países da América Latina.
Teremos uma semana cheia, mas é assim que estamos acostumados a trabalhar. Onde quer que estejamos, estamos promovendo os interesses do Brasil e dos brasileiros. Em nosso País ou no exterior, nosso objetivo é um só: construir um Brasil mais forte e mais justo.