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Discurso do Ministro Mauro Vieira na abertura do seminário ‘Sustainable Mobility: Ethanol Talks’ - Hanói, 10 de abril de 2024
Senhoras e Senhores,
É uma honra abrir este seminário e inaugurar a discussão de um assunto tão fundamental para o mundo. A questão crucial em questão é a necessidade urgente de descarbonizar nossas economias. A produção bioenergética sustentável é primordial para alcançar esse objetivo. O Brasil tem uma experiência importante em bioenergia, com o etanol figurando, há décadas, como um princípio fundamental de nossa emblemática política na área.
O mundo enfrenta o desafio de reduzir as emissões rapidamente, garantindo acesso à energia limpa e acessível em um contexto de demanda crescente. O Brasil aborda esse desafio com muita seriedade. Acreditamos que a única maneira razoável de superar coletivamente a crise climática é por meio da cooperação, troca de experiências e diálogo público-privado.
O seminário de hoje discutirá maneiras de reduzir as emissões do setor de transporte/mobilidade, com foco em como os biocombustíveis podem contribuir para esse objetivo. Juntos, podemos somar esforços globais rumo a um futuro com baixas emissões de carbono.
Parabenizo a Associação da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia do Brasil, UNICA, e o Cluster do Etanol do Brasil, APLA, por organizarem um evento tão esclarecedor. Os painéis abordarão temas como a importância dos marcos legais, o papel do etanol na indústria automobilística, soluções tecnológicas para redução de emissões e sustentabilidade e produção e uso de etanol no Sudeste Asiático.
Também gostaria de agradecer à nossa embaixada em Hanói pelo apoio em nos ajudar a organizar este evento aqui no Vietnã. Esta iniciativa é uma prova da renovada disposição do Brasil em cooperar ainda mais com o Vietnã e a ASEAN na construção de um futuro mais próspero e sustentável para nossos países.
Senhoras e senhores,
Não existe uma solução única que sirva para todos quando se trata de transição energética. É direito soberano de cada país escolher os caminhos tecnológicos que melhor se alinhem com as suas prioridades nacionais e realidades em seus esforços para descarbonizar as suas economias. No Brasil, cerca de 90% da produção de eletricidade e quase 50% do mix energético geral provêm de uma ampla variedade de fontes limpas e renováveis, e esses resultados foram alcançados com tecnologias adaptadas localmente e um entendimento de nossas realidades nacionais.
Os formuladores de políticas do Brasil nunca ignoraram a bioenergia. Pelo contrário, a bioenergia moderna e sustentável tornou-se a fonte de energia limpa mais importante em nosso país. Corresponde a quase um terço do total de oferta de energia no país. A experiência brasileira de mais de cinco décadas com biocombustíveis demonstra que eles são uma solução sustentável, de baixo custo e competitiva para reduzir as emissões no setor de transporte/mobilidade e limitar os gastos com importações de combustíveis fósseis. Graças aos biocombustíveis, o Brasil é o segundo maior criador de empregos verdes no mundo.
Aprendemos ao longo dessa jornada que a produção e o uso de biocombustíveis dependem fortemente de um ambiente público favorável - em outras palavras, depende de uma política pública sólida. Por meio de um programa inovador de bioenergia chamado RENOVABIO, o Brasil adotou um arcabouço legal que criou as condições para metas de redução de emissões e para a negociação de créditos de carbono para mitigar emissões no setor de transporte. O governo brasileiro planeja expandir esse programa para biocombustíveis de segunda geração, como combustíveis de aviação sustentáveis, biometano, biodiesel, diesel verde e bioquerosene de aviação.
O Brasil também está engajado em iniciativas internacionais que podem contribuir para compartilhar conhecimento e experiências sobre a produção e o uso de bioenergia. O Brasil é membro ativo da Parceria Global de Bioenergia na FAO e da Plataforma Biofuturo. Também somos membro fundador da Aliança Global de Biocombustíveis, a GBA, lançada durante a Cúpula do G20 em Nova Delhi no ano passado. Acreditamos que esta iniciativa pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de um mercado global de biocombustíveis, com uma contribuição especial do Sul Global.
A presidência do Brasil no G20 também trará a bioenergia para o centro do debate sobre transição energética, pois é um excelente exemplo de como o desenvolvimento sustentável deve ser nos países em desenvolvimento: os biocombustíveis podem, ao mesmo tempo, criar empregos de alta qualidade, reduzir as emissões de gases de efeito estufa, trazer desenvolvimento para áreas rurais e fortalecer a segurança energética.
Por fim, gostaria de elogiar o Vietnã por seu ambicioso Plano Nacional de Energia 2030. Espero que nossa experiência em bioenergia compartilhada aqui hoje contribua de alguma forma para o processo de transição energética do Vietnã.
Senhoras e senhores,
Nos últimos meses e anos, testemunhamos os sintomas cada vez piores das mudanças climáticas em todo o mundo. Eventos climáticos extremos tornaram-se mais frequentes. Estamos enfrentando uma emergência.
Conforme apontado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) e pela Agência Internacional de Energia (IEA), sem ampliar o uso de bioenergia, o mundo não alcançará nosso objetivo coletivo de limitar o aumento da temperatura para 1,5 graus Celsius. O Brasil acredita que o apelo da IEA para que o mundo triplique o seu fornecimento de bioenergia moderna até 2050 é viável, desde que políticas adequadas, estruturas, tecnologia, financiamento e boas práticas estejam em vigor.
Estou ansioso para trabalhar com todos vocês e desejo-lhes um seminário muito proveitoso hoje.
Obrigado!