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Declaração do Ministro Mauro Vieira à imprensa por ocasião da Conferência da Diáspora Africana nas Américas – Salvador, 31/08/24
Gostaria de iniciar agradecendo o governo do Togo e a União Africana, que sugeriram ao Brasil, e, mais especificamente, à cidade de Salvador, sediar a Conferência da Diáspora Africana das Américas.
Por dois dias, representantes da sociedade civil internacional e brasileira discutiram temas relevantes para a diáspora africana: pan-africanismo, memória, reparação, restituição e reconstrução.
Os participantes puderam, ainda, visitar lugares e conhecer a vibrante cultura soteropolitana, que tanto é fruto das raízes e da diáspora africana. Conheceram, por exemplo, o Centro Histórico de Salvador, em que vivenciaram e aproveitaram a diversificada cena cultural do Pelourinho.
No dia de hoje, pudemos, também, comemorar o Dia Internacional da Pessoa Afrodescendente, com a participação de autoridades governamentais de mais de 50 países.
Nesta data importante, os representantes da diáspora africana dos países das Américas apresentaram carta de recomendações, entregue ao Ministro das Relações Exteriores, da Integração Africana e dos Togoloses no Exterior e Presidente do Comitê de Alto Nível da União Africana para a Implementação da Agenda da Década das Raízes Africanas e da Diáspora Africana, Professor Robert Dussey.
Essas contribuições serão levadas ao 9º Congresso Pan-Africano, a ser realizado em Lomé, no final de outubro.
Parabenizo os participantes da Conferência da Diáspora Africana nas Américas pelo comprometimento e engajamento, que permitiram esse relevante resultado.
Como sabem, a história do Brasil e das Américas está profundamente marcada pelos laços com a África. Poder celebrá-los por meio desta Conferência da Diáspora foi um privilégio inigualável.
Trata-se de mais um passo para a integração regional e para o reengajamento com a África, prioridades da política externa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
É importante, também, poder contribuir para a realização do 9º Congresso Pan-Africano, que, aliás, tem tema relevante para a política externa brasileira: a "Renovação do Pan-Africanismo e o papel da África na reforma das instituições multilaterais: mobilizar recursos e reinventar-se para agir".
A reforma das instituições de governança global é, precisamente, uma das prioridades da presidência brasileira do G20.
O apoio dos países africanos e da União Africana – o mais novo membro do G20, com apoio do Brasil – é de grande valor para avançar em temas de interesse comum aos países em desenvolvimento.
Manteremos nossos esforços na direção do fortalecimento da parceria com o continente africano, reafirmada em fevereiro, quando o presidente Lula teve a honra de discursar na abertura da Cúpula da União Africana. Temos atuado, também, para o reforço de nossas relações com os países das Américas.
Procuraremos aprofundar essa parceria com medidas concretas que aproximem os dois lados do Atlântico e suas populações.
Cito, como exemplo, o Programa de Diplomacia Cultural. O Itamaraty determinou que fossem priorizadas propostas que ressaltassem as diversas manifestações culturais brasileiras, incorporando conhecimentos e vivências da diáspora africana.
No âmbito da cooperação educacional, ressalto que há, aqui na Bahia, o campus dos Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, a UNILAB, criada para contribuir com a integração entre o Brasil e os países africanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Cito, por fim, a cooperação técnica do Brasil com os países da África. Destaco os projetos de fortalecimento do setor algodoeiro, que se espalham por mais de 15 países. Temos, ainda, programas na área de saúde, educação, formação profissional, entre outros, por todo o continente.
Como sempre sinalizado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, daremos continuidade a esses esforços de retomada e reconstrução de relações com os países da África e da América Latina e Caribe, tanto em âmbito bilateral quanto em âmbito multilateral.
Espero, por fim, que esse evento, ao aproximar participantes africanos de representantes da diáspora, possa robustecer também as conexões humanas, para incentivar as promissoras trocas comerciais, culturais e sociais entre nossos países e nossas populações.
Muito obrigado.