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Imola, 1 de maio de 2024
Cerimônia em memória aos trinta anos do falecimento de Ayrton Senna
Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente do Conselho de Ministros e Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional da República Italiana, Antonio Tajani,
Excelentíssimo Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria, Alexander Schallenberg,
Senhor Prefeito de Imola, Marco Panieri,
Senhor Stefano Domenicali, Presidente e Diretor Executivo do Grupo Fórmula Um,
Senhor Gian Carlo Minardi, Presidente do Autódromo de Imola,
Senhor Bruno Senna,
Senhor Rudolf Ratzenberger,
[Em italiano] Inicialmente, gostaria de expressar, em nome do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e meu próprio nome, o mais sincero agradecimento do Governo brasileiro pelo gentil convite formulado pelo Ministro Antonio Tajani, para celebrar a vida e o legado de Ayrton Senna da Silva.
[Em inglês] Permitam-me, por favor, passar agora ao inglês.
É com pesar que nos reunimos hoje também para homenagearmos um colega de Senna, Roland Ratzenberger, morto neste mesmo circuito, durante treino classificatório para o Grande Prêmio de San Marino, naquele fatídico final de semana. Ao lado do Ministro Schallenberg, tenho a honra de celebrar a vida daquele promissor automobilista que, como Senna, nos deixou prematuramente.
Ministro Tajani,
Todo brasileiro de uma certa idade sabe exatamente onde estava e o que fazia na manhã de 1º de maio de 1994. Ao assistirmos, estarrecidos, pela televisão, ao falecimento do Ayrton nesta Curva Tamburello, soubemos instintivamente que um luto nacional abateria o País. Soubemos também que uma dor individual tomaria conta de cada um de nós naquele e em muitos dias posteriores. São coisas difíceis de explicar e fáceis de sentir.
Naquela mesma tarde, São Paulo e Palmeiras — dois dos maiores times de futebol do Brasil — enfrentaram-se em partida decisiva. Os torcedores dos times rivais uniram-se antes do início do jogo em um só coro: “Senna, Senna, Senna”. Não houve quem não se emocionasse.
Ayrton Senna foi muito mais do que um ídolo da Fórmula 1. Herói para gerações de brasileiros, foi modelo de excelência, de perseverança e de integridade. Ao longo de sua brilhante carreira, coroada por três títulos mundiais de Fórmula 1, conquistou admiradores em todo o planeta, ajudando a popularizar o automobilismo em escala global.
O tricampeonato mundial, suas 41 vitórias e 65 pole positions são sem dúvida números impressionantes, mas não são suficientes para explicar a admiração e a reverência universal que Ayrton conquistou ainda em vida. Senna também contava – e ainda conta – com a admiração virtualmente unânime de seus pares. Em 2009, foi eleito, em consulta feita a 217 pilotos da modalidade pela revista inglesa Autosport, o melhor piloto de Fórmula 1 de todos os tempos.
No ano passado, Ayrton Senna foi declarado, por lei, Patrono do Esporte Brasileiro. Tal título, em um país que tem em seu panteão atletas como Pelé, Martha, Ronaldo, Oscar Schmidt, Maria Esther Bueno, Gustavo Kuerten e muitos outros, demonstra a extensão do impacto de Senna na vida da nação.
Senhoras e senhores,
A história é repleta de enigmas. O desaparecimento de um grande ídolo – um homem que tantas e tantas vezes hasteou a bandeira do Brasil literalmente no lugar mais elevado do pódio – coincidiu quase perfeitamente com o início de uma fase esplendorosa de nossa história nacional.
Naquele mesmo ano de 1994, logramos derrotar a hiperinflação. Elegemos, em eleições livres, justas, competitivas e ordeiras, três convictos democratas – um sociólogo de reputação internacional, o Presidente Fernando Henrique Cardoso; o maior líder popular de nossa história, o Presidente Lula; e uma guerrilheira que havia combatido ainda na juventude a ditadura militar, a Presidenta Dilma Rousseff, a cujo governo tive a honra de servir como Ministro do Exterior — para nada menos do que seis mandatos presidenciais consecutivos.
Conquistamos dois de nossos cinco títulos mundiais de futebol. Por vinte anos ininterruptos, experimentamos uma rara combinação de crescimento econômico, preservação do valor da moeda nacional, distribuição de oportunidades, redução das profundas injustiças sociais e econômicas que assombram historicamente o povo brasileiro, construção de uma diplomacia proporcional às nossas dimensões e aspirações nacionais – tudo em um ambiente profundamente democrático, em que grassavam amplas liberdades individuais.
Amigos e amigas,
Rememorando os trinta anos de sua partida prematura, voltamos a nos despedir, ainda enlutados, de Ayrton Senna, no local onde o destino quis que ele nos deixasse. Estivesse vivo, contaria hoje 64 anos, ainda muito jovem. Nesse período, quantas pole positions, quantos pódios, quantas vitórias, quantos títulos, quantas alegrias, quantos exemplos concretos de caráter, determinação e amor ao Brasil teria o Ayrton brindado ao povo brasileiro e a todos aqueles que o admiravam?
Este é o importante legado que celebramos hoje.
Muito obrigado.