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NOTA À IMPRENSA Nº 595
Discurso do Ministro Mauro Vieira na Reunião de Sherpas do G20 — Brasília, 12 de dezembro de 2023
[Versão original em inglês | tradução abaixo]
Ladies and gentlemen,
It is an honor for Brazil to hold the rotating presidency of G20. It is also an honour for the Brazilian Ministry of Foreign Affairs to host its first Sherpas Meeting here at our Foreign Ministry, the Itamaraty Palace, one of the most iconic Brazilian landmark buildings, designed by the architect Oscar Niemeyer.
Brazil’s G20 Presidency is part of a sequence of four developing countries chairing the group. I highlight this point to underscore that developing countries have been taking up growing responsibilities in the search for solutions for the many challenges of our times.
We must tackle problems that range from geopolitical conflicts to hunger and malnutrition, from climate change to risks of new pandemics, from high inflation to the rise of poverty levels. As in the past, the world looks up to the G20 for lasting solutions to shared global challenges.
The G20 brings together a substantial share of the world´s GDP and population. More importantly, it brings together a broad range of developed and developing economies from all regions of the world, blurring the north and south, the east and west divides.
The inclusion of the African Union, in that sense, greatly adds to the bloc. On behalf of Brazil but certainly reflecting the common sense in the room, I would like once again to welcome the African Union as a full-fledged member of the G20.
Ladies and gentlemen,
As extensively discussed in today´s session, Brazil’s G20 chairship will focus on three general priorities:
1) to foster social inclusion and fight poverty and hunger;
2) to promote energy transitions and sustainable development in all of its three pillars – the economic, social and environmental; and
3) to advance the reform of global governance institutions.
These three priorities echo Brazil´s ambition to “build a just world and a sustainable planet”, the motto of our G20 Presidency.
In terms of working methods, Brazil intends to bring the two tracks of the group – the Sherpa and the Finance tracks – closer together. This reflects our view that discussions on policy and on macroeconomics coordination should go hand-in-hand.
Brazil also wants to foster the dialogue with civil society and its participation in the activities of the group. A G20 Social Forum – to take place in Rio de Janeiro in the days preceding the Leaders’ Summit – will bring together representatives of the existing engagement groups and other segments of civil society that may offer meaningful contributions to the G20.
The global community is facing several overlapping crises. Ongoing conflicts in different parts of the world demand our diplomatic efforts in a scale unseen in the recent past. The climate crisis is an ever-growing concern for all of us, with record high temperatures being registered this year in many countries, including in Brazil. At the same time, inequality and poverty persist, making it increasingly difficult for us to fulfill our promise of “leaving no one behind”. Sadly, human beings are being left behind – and the climate emergency will only exacerbate this problem, as the poorest will suffer the most. This is not acceptable by any standards.
Brazil is a large developing country with no geopolitical quarrels; a cultural mix bridging America, Africa, Europe, the Middle East and the Far East, all living in peace and cohesion; a large agricultural exporter, and yet one of the countries with the largest share of native forests still standing. We also have unique credentials regarding peace and security. Our region – Latin America – opted for peace, for denuclearization, for cooperation instead of zero sum games. We have a century-old tradition of solving our issues through diplomacy and negotiation.
Holding the G20 presidency, we do not plan to solve the problems of the world. Our plan is to present you with a set of good starting points, and we are ready to give our share of contributions.
During our chairship, we will work to build consensus within the group, listening to all members and seeking a high level of ambition for a result-oriented G20.
Count on Brazil as chair country for the year ahead.
Thank you very much.
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[Tradução ao português]
Senhoras e Senhores,
É uma honra para o Brasil assumir a presidência rotativa do G20. É também uma honra para o Ministério das Relações Exteriores sediar sua primeira Reunião de Sherpas aqui mesmo no Itamaraty, um dos mais icônicos edifícios históricos brasileiros, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
A presidência do G20 pelo Brasil faz parte de uma sequência de quatro países em desenvolvimento a liderarem o grupo. Destaco esse ponto para ressaltar que os países em desenvolvimento têm assumido responsabilidades crescentes na busca de soluções para os muitos desafios de nossos tempos.
Devemos enfrentar problemas que vão desde conflitos geopolíticos até a fome e a desnutrição, das mudanças climáticas aos riscos de novas pandemias, da alta inflação ao aumento dos níveis de pobreza. Assim como no passado, o mundo espera do G20 soluções duradouras para os desafios globais compartilhados.
O G20 reúne parcela substancial do PIB e da população mundial. Mais importante, reúne uma ampla gama de economias desenvolvidas e em desenvolvimento de todas as regiões do mundo, borrando as divisões entre norte e sul, leste e oeste.
A inclusão da União Africana, nesse sentido, agrega muito ao bloco. Em nome do Brasil, mas certamente refletindo o senso comum na sala, gostaria de, mais uma vez, dar as boas-vindas à União Africana como membro de pleno direito do G20.
Senhoras e senhores,
Conforme amplamente discutido na sessão de hoje, a presidência do G20 pelo Brasil terá foco em três prioridades gerais:
- Promover a inclusão social e combater a pobreza e a fome;
- Promover transições energéticas e o desenvolvimento sustentável em seus três pilares: econômico, social e ambiental; e
- Avançar na reforma das instituições de governança global.
Essas três prioridades ecoam a ambição do Brasil de "construir um mundo justo e um planeta sustentável", o lema da nossa presidência do G20.
Em termos de métodos de trabalho, o Brasil pretende aproximar as duas vertentes do grupo – a Sherpa e a Financeira. Isso reflete nossa visão de que as discussões sobre política e coordenação macroeconômica devem andar de mãos dadas.
O Brasil também quer fomentar o diálogo com a sociedade civil e sua participação nas atividades do grupo. Um Fórum Social do G20 – que acontecerá no Rio de Janeiro nos dias anteriores à Cúpula de Líderes – reunirá representantes dos grupos de engajamento existentes e outros segmentos da sociedade civil que podem oferecer contribuições significativas ao G20.
A comunidade global está enfrentando várias crises simultâneas. Os conflitos em curso em diferentes partes do mundo exigem nossos esforços diplomáticos em escala nunca vista no passado recente. A crise climática é uma preocupação cada vez maior para todos nós, com recordes de altas temperaturas sendo registrados este ano em muitos países, inclusive no Brasil. Ao mesmo tempo, a desigualdade e a pobreza persistem, tornando cada vez mais difícil cumprir nossa promessa de “não deixar ninguém para trás”. Infelizmente, seres humanos estão sendo deixados para trás – e a emergência climática só vai agravar esse problema, pois quem mais sofrerá serão os mais pobres. Isso não é aceitável por nenhum padrão.
O Brasil é um grande país em desenvolvimento sem disputas geopolíticas; uma mistura cultural que une América, África, Europa, Oriente Médio e Extremo Oriente, todos vivendo em paz e coesão; um grande exportador agrícola e, ainda assim, um dos países com a maior parcela de florestas nativas ainda em pé. Também temos credenciais únicas em matéria de paz e segurança. Nossa região – a América Latina – optou pela paz, pela desnuclearização, pela cooperação em vez de jogos de soma zero. Temos uma tradição centenária de resolver nossos problemas por meio da diplomacia e da negociação.
Ao assumir a presidência do G20, não pretendemos resolver os problemas do mundo. Nosso plano é apresentar a vocês um conjunto de bons pontos de partida, e estamos prontos para dar nossa parcela de contribuições.
Durante nossa presidência, trabalharemos para construir consenso dentro do grupo, ouvindo todos os membros e buscando um alto nível de ambição para um G20 orientado para resultados.
Contem com o Brasil como país presidente no próximo ano.
Muito obrigado.