República do Iraque
O Iraque é tradicional parceiro do Brasil no Oriente Médio. As relações diplomáticas foram estabelecidas em 1967. Em 1972, o Brasil inaugurou embaixada residente em Bagdá, e, em 1971, acreditou-se o primeiro embaixador iraquiano junto ao governo brasileiro. O Brasil é, atualmente, o único país latino-americano com embaixada residente em território iraquiano.
Ao longo das décadas de 1970 e 1980, o relacionamento bilateral foi caracterizado por significativa complementaridade econômica, resultando em expressivos fluxos de comércio. A Guerra do Golfo, porém, acarretou a interrupção de contratos e a consequente retração dos vínculos econômicos. Apesar do esvaziamento de pessoal diplomático em 1991, a embaixada brasileira em Bagdá nunca foi oficialmente fechada. Permaneceu em funcionamento, ainda que provisoriamente com sede em em Amã, entre 2006 e 2012. A retomada das atividades em Bagdá, em 2012, contribuiu para o gradual adensamento dos laços bilaterais.
Em 2003, o Brasil se opôs à intervenção militar no Iraque, por não ter decorrido de decisão específica do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Desde então, o governo brasileiro tem manifestado apoio à retomada do papel pleno da ONU nos esforços de reconstrução e reorganização política do país.
Em dezembro de 2017, o governo iraquiano anunciou a retomada completa das áreas antes ocupadas pelo Estado Islâmico, abrindo caminho para nova etapa de reconstrução nacional e retomada do crescimento econômico. A conclusão das negociações sobre a reestruturação da dívida do Iraque com a União, em 2018, foi passo decisivo para eliminar entraves legais à concessão de garantias e facilitar a ampliação dos fluxos de comércio e investimentos.
No campo comercial, o intercâmbio entre Brasil e Iraque apresentou variações ao longo do tempo. Em 2024, a corrente de comércio alcançou US$ 1,906 bilhão (aumento de 47,7% em relação ao ano anterior), resultado de US$ 1,906 bilhão em exportações brasileiras (alta de 47,9%) e apenas US$ 0,2 milhão em importações (queda de 91,7%). O superávit para o Brasil foi de US$ 1,906 bilhão. Os principais produtos exportados em 2024 foram açúcar (35%), carne de aves (21%), animais vivos (16%), soja (14%) e tubos e perfis de aço (5,1%). Já as importações brasileiras concentraram-se em produtos residuais de petróleo (56%), óleos combustíveis (33%), preparações e cereais (5,4%) e bombas para líquidos (4,5%).
Com a estabilização progressiva do cenário interno iraquiano e as iniciativas em prol da reconstrução e do desenvolvimento do país, o Iraque mantém-se como importante parceiro econômico do Brasil na região, sobretudo como mercado para produtos agrícolas. As oportunidades de investimento direto estrangeiro, em especial em infraestrutura, podem favorecer aproximação entre os dois países nos próximos anos.
Cronologia das relações bilaterais
2024 – Encontro do chanceler Mauro Vieira com o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque, Fuad Hussein, à margem da 79ª Assembleia Geral da ONU
2022 – Visita ao Iraque do Secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, almirante Flávio Rocha
2018 – Acordo de reestruturação da dívida iraquiana com o Brasil
2018 – Visita do Subsecretário-Geral da África e Oriente Médio do ministério das Relações Exteriores a Bagdá. Assinatura do Memorando de Entendimento para o Estabelecimento de Consultas Políticas
2018 – Visita ao Brasil do ministro dos Recursos Hídricos do Iraque, Hassan Al Janabi
2017 – Conclusão das negociações com delegação do ministério das Finanças do Iraque para reestruturação da dívida daquele país com a União, em Brasília
2015 – Visita ao Iraque do ministro da Defesa, Jaques Wagner
2015 – Visita ao Brasil do ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque, Ibrahim Al Jaafari
2012 – 9ª reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, em Bagdá
2012 – Realização de jogo de futebol amistoso entre Brasil e Iraque, na Suécia
2012 – Reativação da embaixada do Brasil residente em Bagdá, depois de 21 anos sem pessoal diplomático
2011 – 8ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, em Brasília
2011 – Encontro do chanceler Antônio Patriota com o chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, em Nova York, à margem da 66ª AGNU
2009 – Visita ao Brasil do ministro da Indústria do Iraque, Fawzi Hariri
2009 – Visita ao Brasil do ministro do Planejamento do Iraque, Ali Ghalib Baban
2008 – Visita ao Brasil do ministro do Comércio do Iraque, Abdel Falah Al Sudani
2007 – Visita ao Brasil do ex-primeiro-ministro iraquiano e secretário-geral do partido Dawa, Ibrahim Al Jaafari
2006 – Abertura oficial, em Amã, de nova sede provisória da embaixada do Brasil junto ao governo iraquiano, em substituição ao Núcleo de Assuntos Iraquianos da embaixada em Amã
2005 – Participação do chanceler Celso Amorim, em Bruxelas, de Conferência Internacional sobre o Iraque, organizada pelo Conselho da União Europeia e pelos Estados Unidos da América
2005 – Visita a Brasília do presidente do Iraque, Jalal Talabani, para participar da I Cúpula América do Sul-Países Árabes – ASPA
2004 – Criação do Núcleo de Assuntos Iraquianos junto à embaixada em Amã, como parte do processo de reativação gradual de sua embaixada em Bagdá
2003 – Pronunciamento do Brasil lamentando o início da ação armada no Iraque e o recurso à força sem autorização expressa do Conselho de Segurança das Nações Unidas
2001 – Encerramento do regime de liquidação ordinária do Banco Brasileiro-Iraquiano
1994 – Visita a Brasília do chanceler iraquiano Mohammed, Said Al Sahaf
1991 – Partida de cidadãos e empresas brasileiras do Iraque em decorrência da Guerra do Golfo, acarretando a ruptura de contratos e o não pagamento de dívidas iraquianas. A embaixada brasileira em Bagdá é esvaziada de seu pessoal diplomático
1988 – 7ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, em Bagdá
1988 – Missão do secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, a Bagdá
1987 – 6ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, em Brasília
1985 – 5ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, Bagdá
1984 – Assinatura da ata do acordo final estipulando o pagamento dos sobrecustos ocasionados pela guerra na construção do projeto da Ferrovia
1984 – 4ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, em Brasília
1983 – Visita a Bagdá do ministro das Relações Exteriores, embaixador Ramiro Saraiva Guerreiro
1982 – 3ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, em Bagdá
1982 – Início das pendências comerciais envolvendo sobrecustos de guerra reivindicados pela Mendes Júnior ao cliente do projeto da Ferrovia. Estabelecimento do Banco Iraquiano-Brasileiro, com sede no Rio de Janeiro
1982 – Assinatura do Programa Executivo de Cooperação Cultural, Científica e Educacional
1981 – Assinatura do contrato de construção da rodovia Express-Way n. 1 pela Mendes Júnior. 2ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, em Brasília
1979 – 1ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Iraque, em Bagdá
1979 – Visita a Brasília do vice-presidente do Iraque, Taha Marouf
1978 – Assinatura de contrato para construção dos hotéis Novo Hotel em Bagdá e Baçorá pela Esusa Construtora. Primeiros contratos de fornecimento de veículos Passat e VW. Missão do ministro da Indústria e Comércio do Brasil a Bagdá. Assinatura do contrato de Construção da Ferrovia Baghdad-Al Kashat pela Construtora Mendes Júnior, no valor de US$ 1,2 bilhão
1977 – Assinatura do Acordo de Cooperação Econômica e Tecnológica
1972 – Estabelecimento de embaixada residente do Brasil em Bagdá (Decreto nº 70.775, de 28 de junho de 1972)
1971 – Acreditação pelo Iraque de seu primeiro embaixador residente no Brasil. Assinatura, em Bagdá, de Acordo de Cooperação Comercial entre o Brasil e o Iraque (expirado em 6 de julho de 1977)
1968 – Criação da embaixada do Brasil no Iraque, cumulativa com a embaixada em Damasco (Decreto nº 62.123, de 16/1/68)
1967 – Estabelecimento oficial das relações diplomáticas entre o Brasil e o Iraque
1939 – Assinatura do primeiro acordo comercial entre os Estados Unidos do Brasil e o Reino do Iraque
1935 – Envio de carta do ministro da Justiça e dos Negócios Estrangeiros do Reino do Iraque, Jamal Baban, ao chanceler brasileiro reconhecendo o Crescente Vermelho iraquiano como órgão oficial do governo árabe para efeitos da Convenção de Genebra para Melhoramentos da Sorte dos Feridos e Enfermos dos Exércitos em Campanha (1929). Trata-se da primeira correspondência oficial trocada entre os dois governos.