O Brasil no G-20
O Grupo dos 20 (G20) é o principal fórum global de cooperação econômica. Juntos, os países do grupo representam cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e dois terços da população mundial. Trata-se de agrupamento de grande poder político e econômico coletivo, capaz de influenciar a agenda internacional, promover debates sobre os principais desafios globais e adotar iniciativas conjuntas para promoção do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentável.
O G20 foi criado em 1999 como um fórum informal de diálogo e cooperação, com o objetivo de enfrentar os desafios relacionados à instabilidade do sistema financeiro internacional. Quando eclodiu a crise financeira global de 2008, os membros do G20 decidiram elevar o nível de participação das autoridades para Chefes de Estado e Governo. Desde então, a agenda do grupo se expandiu para além da esfera econômico-financeira.
O G20 não é uma organização internacional, motivo pelo qual não possui secretariado permanente nem recursos próprios. A presidência do G20 é rotativa, em base anual, e os Líderes (Chefes de Estado e de Governo) reúnem-se anualmente desde 2011. O grupo é integrado por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Africana e União Europeia.
A atual presidência (2025) está a cargo da África do Sul. Durante quatro anos consecutivos, o G20 terá sido coordenado por nações em desenvolvimento (Indonésia em 2022, Índia em 2023, Brasil em 2024 e África do Sul em 2025), o que representa importante oportunidade para avançar pautas relevantes para os países emergentes, tais como a cooperação para o desenvolvimento e o combate à mudança do clima. Em 2026, a presidência de turno passará aos Estados Unidos.
O G20 é constituído por duas trilhas:
i) Trilha de Sherpas (coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores): ampla e multidimensional, envolve quinze linhas temáticas, incluindo comércio internacional e investimentos, agricultura, cultura, economia digital, energia, mudança do clima e meio-ambiente, emprego, saúde, educação, desenvolvimento sustentável, combate à corrupção, turismo e resposta a desastres;
ii) Trilha de Finanças (sob responsabilidade do Ministério da Fazenda e do Banco Central): focada em temas específicos da esfera econômico-financeira.
A Trilha de Sherpas ainda se responsabiliza pela negociação da Declaração de Líderes, adotada ao final de toda Cúpula do G20, e da coordenação dos trabalhos envolvendo os doze grupos de engajamento do G20 com o setor privado e a sociedade civil.
O atual Sherpa brasileiro é o Embaixador Mauricio Lyrio, Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty.
A presidência brasileira
Em 2024, o Brasil exerceu a presidência de turno do G20 sob o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, orientado por três prioridades: a inclusão social e o combate à fome e à pobreza; transições energéticas e desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental; e a reforma da governança global.
A presidência brasileira foi responsável, do ponto de vista logístico e substantivo, pela realização de 134 reuniões oficiais, das quais 109 em nível técnico e 24 em nível ministerial, culminando na Cúpula de Líderes do Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro de 2024. As reuniões ocorreram nas cinco regiões do Brasil, abrangendo quinze cidades no País e sete no exterior, com a mobilização de cerca de 26 mil delegados nacionais e estrangeiros. A essas reuniões oficiais somaram-se cerca de cinquenta encontros organizados pelos grupos de engajamento e por outros segmentos da sociedade civil, incluindo a Cúpula Social do G20, realizada no Rio de Janeiro entre 14 e 16 de novembro de 2024, e diversos eventos paralelos, nos mais diferentes formatos.
Dentre os principais resultados alcançados pela presidência brasileira, cabe ressaltar: a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, importante mecanismo de cooperação internacional, copresidido pelos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento Social, que atualmente conta com a adesão de 91 países e 77 organizações nacionais e internacionais, incluindo todos os membros do G20; o lançamento do Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global, documento de apoio à reforma das instituições multilaterais subscrito por todos os membros do G20 e 40 outros países; uma agenda de ambição reforçada em prol do combate à mudança do clima; uma declaração de cooperação tributária internacional que abrange a taxação de pessoas físicas com patrimônio líquido ultraelevado; um roteiro para o aperfeiçoamento dos bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs); e o primeiro documento multilateralmente acordado sobre bioeconomia.
A Cúpula de Líderes do Rio de Janeiro, por sua vez, reuniu Chefes de Estado, de Governo e representantes de 39 países, assim como dirigentes de 16 organismos internacionais. Os Líderes do G20 adotaram a Declaração de Líderes do Rio de Janeiro, que trata dos principais temas da agenda internacional, tais como paz e segurança, meio ambiente, desenvolvimento e inteligência artificial.
O exercício da presidência de turno do G20 representou um marco da inserção externa do Brasil, possibilitando que o País auferisse ganhos diplomáticos e aumentasse sua projeção mundial, com expressiva contribuição ao debate dos mais importantes temas da agenda internacional. Tratou-se, ademais, de oportunidade para a projeção positiva da imagem do País junto a governos, imprensa e sociedade civil de outros países.
Visite aqui a página da presidência brasileira do G20: https://g20.gov.br/pt-br