O Brasil no G-20
O Grupo dos 20 foi criado em 1999, em resposta às crises financeiras no México (1994), Ásia (1997) e Rússia (1998). Foi concebido inicialmente como um fórum de diálogo informal entre ministros de finanças e presidentes de bancos centrais de economias desenvolvidas e emergentes, com o objetivo de enfrentar os desafios relacionados à instabilidade do sistema financeiro internacional. Quando eclodiu a crise financeira global de 2008, os países do G20 decidiram elevar o nível de participação das autoridades para Chefes de Estado e Governo. Desde então, a agenda do G20 se expandiu para além da esfera econômico-financeira, passando a incluir temas referentes ao desenvolvimento econômico e social sustentável.
O G20 não é uma organização internacional, motivo pelo qual não possui secretariado permanente nem recursos próprios. A presidência do G20 é rotativa, em base anual, e os Líderes (Chefes de Estado e de Governo) reúnem-se anualmente desde 2011 (de 2008 a 2010 foram realizados encontros semestrais). A atual presidência (2022) está a cargo da Indonésia.
O G20 é o principal mecanismo de governança econômica mundial. Juntos, os países do grupo representam cerca de 90% do PIB mundial, 80% do comércio internacional e dois terços da população mundial. Trata-se, portanto, de agrupamento com grande poder político e econômico coletivo, capaz de influenciar a agenda internacional, de promover debates sobre os principais desafios globais e adotar iniciativas conjuntas para promoção do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentável.
O Grupo é estratégico para o Brasil por se tratar de um foro de governança global que reúne as principais economias do mundo, em formato reduzido e flexível, que facilita o debate e a formação de consensos. Essas características são particularmente relevantes no momento atual, em que organismos multilaterais não têm demonstrado capacidade de responder satisfatoriamente às mudanças no cenário internacional.
Os trabalhos do G20 são divididos em duas “trilhas” (“tracks”, em inglês): uma de finanças e uma de “Sherpas” (alusão aos guias que atuam em altas montanhas). A “trilha de finanças” é coordenada pelo Ministério da Economia, com participação do Banco Central, e envolve debates sobre a economia global; o sistema financeiro internacional; infraestrutura; tributação da economia digital; inclusão financeira e finanças sustentáveis. A “trilha de Sherpas” é coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores e inclui debates sobre comércio internacional e investimentos; agricultura; economia digital; energia; mudança do clima e meio-ambiente; emprego; saúde; educação; desenvolvimento sustentável, combate à corrupção, turismo e igualdade de gênero.
O G20 é integrado pela África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia. Além dos membros permanentes, participam Espanha, Emirados Árabes Unidos, Singapura e Países Baixos como convidados da atual presidência da Indonésia, além de Ruanda, representando a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD), República Democrática do Congo, representando a União Africana, Camboja, representando a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Fiji, representando o Fórum das Ilhas do Pacífico, e Antígua e Barbuda, representando a Comunidade do Caribe (CARICOM). Outros chefes de Estado e de Governo foram convidados para participar exclusivamente da Cúpula.
A presidência indonésia do G20 teve início em dezembro de 2021 e deverá estender-se até a realização da Cúpula de Bali, nos dias 30 e 31 de outubro de 2022. O tema escolhido pela Indonésia para sua presidência foi “Recuperar Juntos, Recuperar Mais Forte”. Os trabalhos dos vários grupos de trabalho e forças-tarefa do G20 estão estruturados ao longo de três eixos: Arquitetura da Saúde Global, Transformação da Economia Digital e Transições Energéticas.
O atual Sherpa brasileiro é o Embaixador Sarquis José Buainain Sarquis, Secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Itamaraty.
Na Cúpula de Bali, o Brasil buscará contribuir para esforços conjuntos do G20 em resposta a desafios do cenário internacional, incluindo a resposta à pandemia do COVID-19, a revitalização da economia global e a reforma do sistema multilateral de comércio, especialmente da Organização Mundial de Comércio, além de esforços em áreas como a economia digital, agricultura, mudança do clima, sustentabilidade energética, meio-ambiente, desenvolvimento sustentável, emprego, saúde, educação e combate à corrupção.