Treliça, de Athos Bulcão (1967)
O pintor, desenhista e escultor Athos Bulcão (Rio de Janeiro, RJ, 1918 - Brasília, DF, 2008) criou diversas obras integradas à arquitetura modernista da capital federal, a partir de 1957, quando se integrou à equipe da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), a convite do arquiteto e amigo Oscar Niemeyer. Entre as obras espalhadas por toda Brasília e entorno, encontram-se painéis de azulejos, muros escultóricos, relevos, murais e treliças.
No Ministério das Relações Exteriores há importantes exemplares desta diversidade de linguagens existente na produção do artista. Tanto nos espaços internos, como nos externos do ministério, é possível contemplar as obras de Bulcão que ambientam o Palácio Itamaraty, o Anexo Maria José de Castro Rebello Mendes (antigo Anexo I) e o Anexo II, conhecido popularmente como “Bolo de Noiva”.
A treliça encontra-se na Sala dos Tratados, no segundo andar do Palácio Itamaraty, e pode ser vista da área externa do prédio. Na Sala dos Tratados, autoridades brasileiras e estrangeiras assinam acordos internacionais sobre os mais diversos temas, como comércio, meio ambiente, ciência e tecnologia, entre outros.
Athos em Brasília
Um dos maiores artistas plásticos de nosso país e uma das referências artísticas quando se fala da construção de Brasília, Athos Bulcão nasceu no Catete, na cidade do Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918. Desde pequeno tinha um profundo interesse pela arte e aos 21 anos de idade abandonou o curso de medicina para se dedicar às atividades artísticas. No mesmo ano em que deixou a medicina, seus amigos o apresentaram a Candido Portinari, passando a colaborar com o pintor em várias obras. Além de Portinari, Bulcão também manteve relações próximas com outros nomes importantes do meio artísticos da época, como Carlos Scliar, Jorge Amado, Enrico Bianco, Burle Marx, Milton Dacosta, Vinícius de Moraes e Oscar Niemeyer.
Da relação com Niemeyer, veio o convite para integrar a equipe da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e contribuir com a equipe responsável pela construção de Brasília. Mudou-se para a cidade em 1958, onde morou até o final de sua vida. Foi um dos grandes artistas da construção de Brasília, trabalhando em parceria com os arquitetos da nova capital, sobretudo com Oscar Niemeyer.
Seus painéis e murais vão além de meras fórmulas ou composições geométricas. O artista mesclava elementos de movimentos como o neoplasticismo, o concretismo e o neoconcretismo, embora não se limitasse a estes movimentos. Sua obra tinha como proposta um diálogo aberto com o seu entorno, com a arquitetura. Para admirar sua arte, tirar uma fotografia ou vê-la não é suficiente, faz-se necessário olhar sob diferentes ângulos e aproximar os detalhes da composição de cada azulejo ou módulo.
Considerado doutor honoris causa pela Universidade de Brasília em 1999, Bulcão trabalhou com diversas linguagens artísticas, como painéis de azulejos, muros escultóricos, relevos, murais e divisórias, os quais estão espalhados por diversos prédios e repartições públicas da cidade. É possível encontrar suas obras no Instituto de Artes da UnB; na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na Superquadra 308 da Asa Sul; nas escolas públicas mais antigas de Brasília; e em Ministérios, sobretudo no Ministério das Relações Exteriores.
Athos no Palácio Itamaraty e Anexos
Entre as obras espalhadas por toda Brasília e entorno, encontram-se painéis de azulejos, muros escultóricos, relevos, murais e treliças, e no Ministério das Relações Exteriores há importantes exemplares desta diversidade de linguagens existente na produção do artista. Tanto nos espaços internos, como nos externos do ministério, é possível contemplar as obras de Bulcão que ambientam o Palácio Itamaraty, o Anexo Maria José de Castro Rebello Mendes (antigo Anexo I) e o Anexo II.
Painel de mármore branco apicoado em baixo relevo (1966)
Localizado na parede lateral direita do térreo do Palácio Itamaraty, este painel de mármore possui módulos retangulares de 40 x 56 cm e quatro tipos de figuras trapezoidais. Altas autoridades estrangeiras, em visitas oficiais ao Brasil, são recebidas no Ministério das Relações Exteriores. Ao entrarem no Palácio Itamaraty, pela rampa sobre o espelho d’água, passam pelo grande painel de autoria de Bulcão.
Painel divisório treliçado em madeira e metal (1967)
Localizado na Sala dos Tratados, que fica no segundo andar do Palácio Itamaraty, o painel divisório treliçado de Athos Bulcão está disposto em intervalos variáveis de 10, 15 ou 20 cm, e possui chapas metálicas pintadas nas cores vermelho, branco e preto. Estas peças metálicas, em formato retangular, ora estão sob orientação vertical e ora horizontal.
Na Sala dos Tratados, autoridades brasileiras e estrangeiras assinam acordos internacionais sobre os mais diversos temas, como comércio, meio ambiente, ciência e tecnologia, entre outros. Neste espaço, o painel divisório favorece a iluminação e a ventilação do local.
Painel decorativo de mármore branco em baixo relevo (1982)
Feito em peças retangulares verticais de mármore branco, é uma composição geométrica abstrata formada por cinco padrões. Estes padrões são formados por três placas de mármore branco, gerados a partir de módulos que apresentam três níveis diferentes de sobreposição.
A obra está localizada na passarela de acesso entre os anexos do Ministério das Relações Exteriores, em frente ao painel de azulejos em amarelo e branco, produzido no mesmo ano. O painel compõe, ainda, o fundo do jardim assinado por Roberto Burle Marx, que se estende por toda a passarela.
Piso de granito (1967)
Piso cuja paginação é feita por meio de peças retangulares de mármore branco com medidas que podem ser 75 x 50 cm, 50 x 50 com e 75 x 75 cm, é uma composição geométrica abstrata, gerada pela repetição dos módulos, orientados em sentidos variados. Está localizado no mezanino do Palácio Itamaraty.
Painel de azulejos em amarelo e branco (1982)
Painel de azulejos composto por dois padrões de peças com medidas 20 x 20 cm, na cor amarela com fundo branco.
Este painel está localizado na passarela de acesso entre os anexos do Ministério das Relações Exteriores, na parede em frente ao painel decorativo de mármore branco em baixo relevo, produzido no mesmo ano. O painel compõe, ainda, o fundo do jardim assinado por Roberto Burle Marx, que se estende por toda a passarela, chegando à lanchonete do Anexo II.
Painéis de azulejos em azul e branco (1983)
Painel de azulejos azuis e brancos com módulos de 15 x 15 cm. Os painéis revestem volumes de alvenaria localizados na cobertura do Anexo II, parte da infraestrutura do edifício.
Da via S2, dos estacionamentos dos anexos e de diversos andares do Anexo I, é possível apreciar esses painéis de Athos Bulcão.
Assista a gravação completa da palestra "Athos Bulcão: azulejos e baixos-relevos na passarela entre os anexos do Itamaraty", ministrada por Valéria Cabral, Secretária-Executiva da Fundação Athos Bulcão - Fundathos, no ciclo de debates "Arte e Diálogo no Itamaraty", durante a Semana do Patrimônio 2024.
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Referências:
ALVES, Leandro Leão. Athos Bulcão em Brasília – do azulejo, do espaço. In: 9º Seminário Docomomo Brasil. Brasília, 2011.
Fundação Athos Bulcão - Biografia. Disponível em: <https://www.fundathos.org.br/athos-bulcao> Acesso em: 01 jul. 2024.
Inventário da obra de Athos Bulcão em Brasília /Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Superintendência do IPHAN no Distrito Federal; coordenação Sandra Bernardes Ribeiro e Tiago Pereira Perpétuo - Brasília - DF, 2018. 210p.; 23x25 cm.
OLIVEIRA, Fabiana Carvalho de. Athos Bulcão e Brasília: O repertório de soluções formais do artista e o discurso moderno. In: III Coletivo da Pós-Graduação em Arte: ENTRE LINHAS. Brasília: Fundação Athos Bulcão, 2012. p.186-194