Painel "O sonho de Dom Bosco", de Alfredo Volpi (1966)
O painel em têmpera sobre gesso de Alfredo Volpi (Lucca, Itália, 1896 - São Paulo, 1988), intitulado “O sonho de Dom Bosco”, pode ser visto da área externa do Palácio Itamaraty, sobretudo no período noturno, quando está iluminado. A obra mede 3,50 x 4,50 metros, e retrata um mito da criação de Brasília. Diz-se que o rosto de Dom Bosco, na obra, foi inspirado nas feições de Oscar Niemeyer.
A obra
Em 1966, Alfredo Volpi executa a têmpera sobre gesso “O sonho de Dom Bosco”, restaurada em 2017 e localizada no segundo andar do Palácio Itamaraty, em Brasília.
A obra ocupa um local cuidadosamente projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com o intuito de que fosse refletida na parte direita do espelho d´água, com uma vista deslumbrante no período noturno. Desse modo, podendo ser contemplado do lado externo do Palácio também, o painel de Volpi surge como um contraponto à escultura “Meteoro”, de Bruno Giorgi, presente no lado oposto do espelho d’água. Ao trabalharem juntos, Niemeyer, Giorgi e Volpi criaram uma vista única da proposta modernista de integração entre arte e arquitetura.
Com 3,50 x 4,50 metros, a obra retrata um mito da criação de Brasília. Representa o sacerdote católico italiano Dom Bosco, com o rosto similar ao de Niemeyer, com braços abertos para a cidade. As tintas foram preparadas no local da obra, com o objetivo de alcançar a tonalidade ideal.
Assim como a têmpera sobre gesso na Igreja Nossa Senhora de Fátima (a “Igrejinha”), na superquadra 308 da Asa Sul do Plano Piloto, executada oito anos antes do painel no Palácio e não mais existente hoje, a obra “O sonho de Dom Bosco” é constituída de formas geométricas, com um fundo na cor azul muito semelhante ao usado no painel da igreja. Destacam-se as famosas “bandeirinhas” de Volpi, que levaram o artista a ser popularmente conhecido como o “mestre das bandeirinhas”. Os painéis refletem o exercício do artista de explorar a geometrização das formas, que une intrinsecamente as características da arquitetura moderna brasiliense, e seu interesse pelas culturas populares brasileiras.
O sonho de Giovanni Melchior Bosco
“Entre os paralelos 15º e 20º havia um leito muito extenso, que partia de um ponto onde se formava um lago. Então, uma voz disse repetidamente: 'Quando escavarem as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a grande civilização, a terra prometida, onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”.
No século XIX, em livro de memórias, Giovanni Melchior Bosco, o Dom Bosco, descreveu dessa forma um sonho que teria tido. As coordenadas geográficas no relato do sonho do italiano correspondem, aproximadamente, à localização geográfica de Brasília.
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Referências:
Acervo. Instituto Moreira Salles. Disponível em: Details for "" (ims.com.br). Acesso em: 05 de julho de 2024.
Alfredo Volpi. Galeria de Arte Ipanema, 2024. Disponível em: Alfredo Volpi – Galeria de Arte Ipanema (galeria-ipanema.com). Acesso em: 05 de julho de 2024.
Conheça as obras do pintor Alfredo Volpi em Brasília. Correio Braziliense, Brasília, 12 de janeiro de 2017. Disponível em: 10 anos do tombamento: como estão os Jardins de Burle Marx em Brasília? (correiobraziliense.com.br). Acesso em: 05 de julho de 2024.
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Instituto Alfredo Volpi. Disponível em: Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna. Acesso em: 05 de julho de 2024.
Instituto Volpi denuncia descaso do Itamaraty com afresco do pintor. Metrópoles, 23 de janeiro de 2017. Disponível em: Instituto Volpi denuncia descaso do Itamaraty com afresco do pintor | Metrópoles (metropoles.com). Acesso em: 05 de julho de 2024.
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Vistoria do Iphan aponta 10 problemas no mural de Volpi do Itamaraty. Metrópoles, 15 de fevereiro de 2017. Disponível em: Vistoria do Iphan aponta 10 problemas no mural de Volpi do Itamaraty | Metrópoles (metropoles.com). Acesso em: 05 de julho de 2024.