Memorial das Comunicações - Saiba mais sobre Lista de Ramais do Itamaraty (1968)
Explore a Lista de Ramais do Itamaraty de 1968 e saiba onde trabalhavam os servidores do MRE.
Apesar da inauguração de Brasília em 1960 e de o Palácio Itamaraty na cidade ter seu uso iniciado em 1967 para algumas cerimônias de recepção oficial, a transferência integral de pessoal do Rio de Janeiro para a nova capital deu-se somente em 1970, com a inauguração oficial da nova sede. Em 1968 havia poucos servidores atuando no Planalto Central (ver página 7 – “Gabinete em Brasília”).
Note-se a ausência do atual prefixo 61 nos ramais, pois a discagem direta à distância (DDD) no Brasil foi inaugurada apenas em 1969, e implantada em grande escala a partir de 1970. Antes do DDD, as chamadas eram feitas manualmente por operadores de telefonia. Era preciso ligar para a central telefônica local, informar o número do destinatário e esperar até que a ligação fosse completada pelo(a) operador(a), que conectava fisicamente os cabos. Era um processo demorado e sujeito a erros. Note-se ainda a presença significativa de funções vinculadas às tecnologias de escrita da época, tais como “Escrevente-Datilógrafos” e “Esteno-Datilógrafos”. Os esteno-datilógrafos utilizavam técnicas de escrita com caracteres abreviados especiais, que permitiam que se anotassem as palavras com a mesma rapidez com que eram pronunciadas (taquigrafia, logografia, pasistenografia).
A lista de 1968 permite ainda que conheçamos a estrutura de unidades adotada pelo MRE à época, lista a de serviços auxiliares da administração (quase todos atualmente terceirizados), situação de funcionários requisitados e licenciados aguardando designação, ou à disposição da administração. Note-se, por fim, menção na página 61 de “Diplomata agregado para acompanhar o cônjuge”, mecanismo obsoleto adotado no MRE até meados da década de 1980, que obrigava casais de diplomatas que serviam no mesmo posto a escolher quem seria ativo na função, restando a outra pessoa do casal em licença obrigatória, como “agregado”. Quase exclusivamente as diplomatas mulheres eram as “agregadas”. Acompanhavam o cônjuge, sem direito a remuneração e sem direito a que o tempo no exterior contasse como tempo de serviço. O efeito prático era a estagnação funcional da diplomata.