Diplomacia da Inovação
A diplomacia da inovação busca promover a inserção estratégica de um país no cenário internacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) por meio da internacionalização de seus ecossistemas de inovação e da busca por parcerias internacionais com foco na inovação tecnológica. Em outras palavras, a diplomacia da inovação utiliza as ferramentas da diplomacia para fortalecer os sistemas de inovação dos países e aumentar sua competitividade na arena global.
Para além da diplomacia científica, que se concentra principalmente na interação entre instituições acadêmicas, científicas e governos, a diplomacia da inovação reconhece a importância de governo, academia, setor privado e sociedade civil (quádrupla hélice) como atores fundamentais no processo de inovação. O objetivo é aproximar esses diversos setores para promover a transferência de tecnologia, incentivar o desenvolvimento de empresas de base tecnológica, atrair projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e criar soluções inovadoras para os desafios globais e para a melhora das condições de vida da população brasileira. Além disso, a diplomacia da inovação não se restringe à pesquisa aplicada, mas também apoia mecanismos que impulsionam avanços em pesquisa básica. Diante da complexidade dos processos de inovação, faz-se necessária, por parte do agente da diplomacia da inovação, intensa atuação em rede, de modo a dialogar, integrar e conectar, de maneira construtiva, diversos atores, como governo, universidades, centros de pesquisa, empresas, associações e outros integrantes da quádrupla hélice.
A inovação tecnológica é considerada crucial para o incrementar a produtividade e para fomentar o desenvolvimento sustentável do país. A diplomacia da inovação conduzida pelo Itamaraty reconhece a inovação tecnológica como interesse nacional estratégico do Estado brasileiro para alcançar seus objetivos de política externa. Busca, assim, fortalecer o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) por meio de ações de promoção e de cooperação internacionais, em linha com o preceito constitucional de que “o Estado estimulará a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos e privados, a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores independentes e a criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia” (CF. Art. 219, Parágrafo único).
A diplomacia da inovação prioriza o estabelecimento de parcerias com instituições e empresas estrangeiras de ponta em áreas estratégicas de CTI. Essa abordagem visa à absorção de conhecimento, ao aprendizado de melhores práticas e à cocriação de soluções inovadoras em áreas-chave para o desenvolvimento do país.
A internacionalização de ecossistemas de inovação é componente importante da diplomacia da inovação. Entende-se como a atividade de conectar os ecossistemas de inovação domésticos com os ecossistemas mais dinâmicos e desenvolvidos no exterior, de forma a permitir que startups, empresas, universidades e outros atores dos ecossistemas brasileiros locais expandam suas redes de contato, acessem novos mercados, atraiam investimentos e se beneficiem do intercâmbio de conhecimento, conhecimentos de tendências, rotas tecnológicas e experiências com outros países.
Com este pano de fundo, o Itamaraty lançou, em 2017, o Programa Diplomacia da Inovação (PDI).
Programa Diplomacia da Inovação (PDI)
O PDI tem o objetivo de quebrar estereótipos vinculados à imagem do Brasil no exterior e promover a imagem de País que produz conhecimento, produtos e serviços em setores da fronteira tecnológica. O PDI reúne as atividades de promoção tecnológica desenvolvidas pelos postos do Ministério das Relações Exteriores no exterior, as quais são orientadas por três missões institucionais:
- Promover a imagem do Brasil como nação inovadora;
- Fomentar conexões entre parceiros brasileiros e estrangeiros; e
- Engajar agentes dos ecossistemas brasileiros de inovação em processos de internacionalização.
O Programa baseia-se na identificação de um hiato de conhecimento entre a percepção de agentes externos e a real capacidade de produção tecnológica do Brasil, o que prejudica o lado real da economia brasileira ao afetar adversamente a comercialização de produtos tecnológicos e a atração de investimentos e talentos para o setor. Além disso, verifica-se que diversos atores do SNCTI não desenvolveram mentalidade voltada à internacionalização, o que pode acarretar defasagem tecnológica e perda de oportunidades econômicas.
A existência de rede de 65 postos com Setores de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTECs) confere ao Ministério das Relações Exteriores capilaridade externa para facilitar conexões, coletar informações e elaborar análises de grande valia para o SNCTI. O PDI tem uma abordagem “bottom-up”, por meio da qual os SECTECs propõem atividades alinhadas aos objetivos do programa e ao planejamento estratégico da unidade. Essa dinâmica parte do diagnóstico de que os postos possuem compreensão mais profunda da realidade local em que se inserem, sendo, assim, mais capacitados para delinear estratégias de engajamento. Postos sem SECTEC também estão habilitados a dedicar-se em estreitar a cooperação bilateral em ciência, tecnologia e inovação, elaborar um plano de trabalho, bem como propor e executar atividades no âmbito do PDI.
O PDI visa reunir a execução de ações de promoção tecnológica no exterior alinhadas à Política Nacional de Inovação (Decreto nº 10.534, de 28/10/2020), a qual dispõe como uma de suas diretrizes de ações estratégicas o “reconhecimento do Brasil no cenário internacional como uma nação inovadora”. O PDI foi considerado pela Câmara de Inovação como ação estratégica do governo federal para alcançar esse objetivo. O Programa integra a Ação 1133 do eixo de Cultura de Inovação da Estratégia Nacional de Inovação, no âmbito da Iniciativa C466: "Difundir internacionalmente o estado da arte dos temas em que o País tem potencial de liderança e das melhoras nos seus indicadores de comparação internacional".
A implementação do PDI integra, igualmente, um dos projetos do Planejamento Estratégico Institucional 2020–2023 do MRE (PEI-MRE), ao contribuir para resultados institucionais de "promover a imagem e cultura do Brasil no exterior" e de "ampliar as parcerias políticas e a inserção econômica competitiva do Brasil no mundo, com foco na prosperidade da sociedade brasileira". Ademais, o PDI é parte, desde 2020, da MEI Tools, plataforma da Mobilização Empresarial pela Inovação da CNI, que reúne informações atualizadas sobre os instrumentos de apoio aos integrantes dos ecossistemas de inovação brasileiros.
Apesar de não haver um rol exaustivo de atividades que se podem ser executadas dentro do Programa Diplomacia da Inovação, seguem exemplos de ações:
- Mapeamentos de ambientes promotores de inovação no exterior;
- Estudos de mercado e de tecnologias;
- Missões de startups;
- Programas de incubação cruzada;
- Campanhas de mídia;
- Oportunidades de matchmaking.
Para mais informações sobre o PDI, consulte o Relatório do Programa Diplomacia da Inovação 2023 e 2022.