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Brasil inicia movimento para abrir mercado de pescados do Reino Unido
Em cuidadosos movimentos diplomáticos e comerciais, o Brasil retomou nesta semana negociações pela reabertura do mercado de pescados do Reino Unido, fechado desde 2018. As reuniões bilaterais estão acontecendo remotamente, dos dois lados do Atlântico, e envolvem equipes técnicas dos ministérios da Pesca e Aquicultura, Agricultura e Pecuária e do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (Department of Environment, Food and Rural Affairs (DEFRA), que é o equivalente deles ao nosso MAPA). Trata-se de um comércio que, ao ser interrompido, movimentava cargas de mais de 200 toneladas produzidas no Brasil e rendia US$ 1,6 milhão aos pescadores e aquicultores brasileiros.
No MPA, a reabertura do mercado do Reino Unido é visto como estratégica. Ele foi fechado cinco anos atrás porque o Brasil perdeu acesso às compras da União Europeia. À época, o Reino Unido ainda compunha aquele bloco — embora a decisão de saída tenha sido tomada em 2016 com o Brexit, o processo só foi concluído em 2020. Logo, em 2018, quando a comunidade europeia se fechou, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte ainda tinham que seguir as políticas do velho continente.
Entre as causas alegadas para a interrupção, as condições higiênico-sanitárias da produção brasileira foi uma das mais repetidas. Agora, retomar a corrente de comércio com o Reino Unido vai significar um sinal claro da superação desse obstáculo. Consequentemente, seria um passo na direção da reabertura da rota comercial com a própria União Europeia.
“Temos tratado desse tema com todo o cuidado que ele merece”, diz o ministro André de Paula. “Primeiro tivemos que fazer um dever de casa, promover alterações nas nossas normas, melhorar as condições de produção, e então começar a dialogar com os países sobre acesso a mercados”, completa.
O primeiro passo das conversas coube ao MPA, numa reunião com o Departamento de Negócios (Department of Business, equivalente ao nosso Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio). O pescado foi posto por nós como pauta de interesse comercial. E daí o assunto evoluiu até o DEFRA, onde está agora.
Em 2017, último ano de rotas abertas para a Europa, o Brasil exportou US$ 246 milhões em pescados para todo o mundo. O principal destino comercial era os Estados Unidos, que , sozinho, comprava 44% do que vendíamos para fora. A União Europeia, com o Reino Unido incluído, ficava com pouco mais de US$ 23 milhões, quase 10% do bolo, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Ainda assim, perder os europeus foi um baque para o setor pesqueiro. Tanto que, durante a transição de governo, a retomada deste mercado foi elencada como uma das três grandes prioridades da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Iniciar a construção da ponte com a Europa pelo Reino Unido é um primeiro passo lógico.
“É um país com quase 70 milhões de habitantes, com localização europeia, normas de consumo similares às europeias e, no entanto, desde o Brexit, um país fora da Comunidade Europeia. Faz todo o sentido negociarmos com eles”, diz Expedito Netto, secretário nacional de Pesca Industrial, que recentemente liderou uma comitiva do MPA à Rússia para conquistar mercado para o pescado nacional.
Em relação à mão exportadora da corrente de comércio do pescado, o Brasil exportou neste ano até outubro pouco mais de US$ 215 milhões — observando-se quatro grandes subgrupos de produtos (filés de peixes congelados, frescos ou refrigerados; pescado inteiro vivo, morto ou refrigerado; crustáceos ou moluscos preparados ou preservados; e pescado seco, salgado, em salmoura ou defumado).
Os EUA seguem como o principal destino, ao comprar 53% das nossas vendas externas de pescado. A Ásia, excluindo-se o Oriente Médio e o Sudeste Asiático, vem em segundo lugar, com 14%, e a América do Sul, excluindo o Mercosul e os países andinos, vem em terceiro, com 10% das compras.
Fechada para o Brasil, a União Europeia registra compras de novecentos e setenta e seis mil dólares, enquanto os demais países da Europa somam menos de US$ 2 milhões.
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