O projeto-piloto
Seguindo a identificação das Redes de Aprendizagem como ferramenta capaz de fomentar a melhoria do desempenho energético das instituições públicas, foi desenvolvido o projeto-piloto da RedEE – Edifícios Públicos, para analisar a viabilidade da aplicação da metodologia neste setor específico. No período compreendido entre maio de 2020 e junho de 2021, a RedEE – Edifícios Públicos desenvolveu suas atividades com o objetivo de capacitar 17 instituições públicas a analisar seus consumos de energia e a desenvolver, viabilizar e implementar ações de Eficiência Energética e integração de Geração Distribuída:
- Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
- Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal – CAESB
- Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
- Exército Brasileiro
- Força Aérea Brasileira
- Hospital da Criança de Brasília José Alencar
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
- Imprensa Nacional
- Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal
- Instituto Federal de Brasília – IFB
- Ministério de Minas e Energia
- Ministério Público do Trabalho
- Polícia Federal
- Presidência da República
- Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação
- Superior Tribunal de Justiça
O grupo instituído tem consumo anual da ordem de 60 GWh, o que representa um gasto de R$45 milhões ao ano com eletricidade. Durante 13 meses, estas instituições foram apoiadas na superação de barreiras, de caráter técnico e financeiro, através do trabalho em grupo e de um amplo acompanhamento técnico por profissionais especializados.
Realização de Diagnósticos Energéticos e Ações de Eficiência Energética
O diagnóstico energético permite conhecer exatamente em que situação o edifício está em relação ao nível de desempenho energético, etapa de extrema importância para tornar o edifício mais eficiente.
Com essa ferramenta é possível responder à pergunta: “Dado que os recursos financeiros são limitados, em que área ou sistema eu devo investir, se o meu objetivo é melhorar a eficiência do edifício?”. O diagnóstico é a base não só para entender a situação atual, mas também para identificar possíveis Ações de Eficiência Energética (AEEs) e analisar sua viabilidade.
As (os) participantes da RedEE – Edifícios Públicos receberam capacitações sobre como executar um diagnóstico energético, com base na norma ISO 50.002, incluindo os aspectos técnicos de como abordar cada uso final de energia relevante dos edifícios. Além disso, um conjunto de planilhas e modelos foram disponibilizados, para que as (os) participantes chegassem a um mesmo padrão de relatório de diagnóstico energético.
i. Estrutura do diagnóstico energético
A estrutura proposta pela RedEE – Edifícios Públicos para o diagnóstico energético dos edifícios é composta pelas seções:
- 1. Informações básicas
- Escopo do diagnóstico e da metodologia
- Descrição do edifício
- Histórico de consumo e gastos com energia
- Resultado da análise de consumo por uso final
- 2. Descrição dos sistemas prediais
- Dados de ocupação
- Envoltória
- Sistemas de iluminação
- Sistemas de ar-condicionado
- Outros sistemas relevantes
- Supervisão e operação
- Fotografias
- 3. Ações de Eficiência Energética
- Ações de zero e baixo custo
- Ações com investimentos significativos
- Ações sobre energias renováveis e geração distribuída
- Ações de operação e manutenção
- 4. Análise de viabilidade econômico-financeira
- Pré-estimativa de custos de equipamentos e serviços
- Análise de viabilidade econômico-financeira, levando em consideração eventuais cenários de desenvolvimento de custos/tarifas
- Identificação de soluções de financiamento
- ii. Passo-a-passo para a execução do diagnóstico
As (os) participantes da RedEE – Edifícios Públicos foram orientados a seguir o passo-a-passo abaixo:
- Análise das faturas de eletricidade
- Análise das memórias de massa
- Levantamento dos dados auxiliares (projetos elétricos, plantas, horários de funcionamento, número de funcionários, áreas disponíveis para eventuais instalações de sistemas fotovoltaicos, possíveis pontos de conexão, etc.)
- Levantamento e análise das principais cargas elétricas instaladas
- Identificação de necessidades de medições adicionais
- Identificação e análise de possíveis Ações de Eficiência Energética
- Dimensionamento e análise de sistemas de GD
- Preparação do Relatório de Diagnóstico Energético
- iii. Medição & Verificação
As Ações de Eficiência Energética são propostas e executadas para trazer uma redução no consumo de energia do edifício, sem prejuízo para o conforto ou para o uso da energia, redução essa conhecida como consumo evitado. Para conhece-lo são aplicados os conceitos da Medição & Verificação (M&V) seguindo o protocolo internacional de Medição e Verificação de Performance (PIMVP).
De acordo com o PIMVP, a M&V é o processo de planejar, medir, coletar e analisar dados para verificar e determinar a economia de energia de uma instalação individual resultante da implementação de AEEs. Todo esse processo, padronizado internacionalmente, é coordenado por um(a) profissional certificado(a) em M&V.
Apesar da certificação exigida para a sua aplicação, a RedEE considerou importante que os participantes conhecessem os principais conceitos e aplicações da M&V. Com esse conhecimento básico é possível avaliar se a AEE implementada entrega os resultados projetados, ainda que seja necessário um (a) profissional certificado(a) para elaborar os planos de M&V.
- iv. Análise de viabilidade de Ações de Eficiência Energética
No diagnóstico energético são identificadas e, consequentemente analisadas a viabilidade técnica, de possibilidades de melhoria na operação e na manutenção dos sistemas ou equipamentos, substituição de equipamentos antigos, ineficientes ou que utilizam tecnologias já obsoletas, recuperação de equipamentos com determinados graus de avaria, entre outras.
Cada possibilidade pode se converter em uma Ação de Eficiência Energética (AEE) depois de feita uma análise de viabilidade econômico-financeira para descartar aquelas que não gerariam benefícios superiores aos custos de implantação. De posse da lista das AEEs viáveis, as(os) gestores podem decidir sobre sua execução, classificando a ordem de prioridade entre elas e criando cronogramas de implementação.
Ainda nesta temática, foram colocados em pauta os processos praticados pelos participantes para a contratação de ESCOs (Energy Services Company) para participação nas Chamadas Públicas de Projetos de Eficiência Energética das distribuidoras de energia elétrica, por se tratar hoje do principal mecanismo para o financiamento de projetos desta natureza.