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Brasil aposta em pioneirismo na geração híbrida de energia elétrica
O Brasil está entrando em uma nova fase no campo da geração de energia elétrica. Os avanços tecnológicos têm permitido que a implantação de usinas eólicas e painéis fotovoltaicos não sejam mais meras promessas para o futuro, mas alternativas energéticas limpas, renováveis e economicamente atraentes . Para viabilizar esses investimentos, o governo federal tem estudado formas de aproveitar as infraestruturas já existentes, possibilitando a chamada geração híbrida, quando uma ou mais fontes geram energia e utilizam as subestações e linhas de transmissão já construídas para outras fontes.
Na última sexta-feira (4), o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, inaugurou um projeto inédito no mundo: a instalação de placas fotovoltaicas sobre flutuadores, instalados no lago da Usina Hidrelétrica de Balbina, localizada no município de Presidente Figueiredo, no Amazonas.
"Com inovação tecnológica, com planejamento estratégico, o Brasil se prepara para ter não apenas um setor elétrico robusto, mas seguro do ponto de vista energético, eficiente, limpo e sustentável do ponto de vista ambiental e social, e barato, para que nós possamos gerar emprego e ajudar o Brasil voltar a crescer economicamente", disse Braga, logo após a cerimônia de inauguração do projeto piloto.
O estudo será conduzido por pesquisadores das universidades federais do Amazonas e de Pernambuco, com acompanhamento do governo federal. Eles irão analisar questões diversas, desde viabilidade econômica para expansão em grande escala até possíveis impactos ambientais. O mesmo projeto vai ser lançado nesta semana na Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia.
A inserção de flutuadores em lagos já existe na Europa, mas o aproveitamento com estruturas de hidrelétricas é inédito. O cronograma de ações desse projeto prevê que cada uma das usinas solares tenham potência instalada de até 5 MW. Se tudo ocorrer como foi planejado, as unidades deverão ser expandidas, permitindo a geração de até 300 MW. Isso superaria a atual capacidade de geração da hidrelétrica de Balbina e seria suficiente para suprir 540 mil residências.
"Se nós usarmos 1% da área do lago para gerar energia fotovoltaica, nós podemos superar 2 mil megawatts, ou seja, quase 10 vezes a capacidade da usina hidrelétrica que existe aqui em Balbina", ponderou José da Costa, presidente da Eletrobrás.
Além dos benefícios econômicos e sustentáveis, a tecnologia também deve gerar empregos no Brasil. Segundo Orestes Gonçalves Junior, diretor da Sunlution (uma das empresas responsáveis pela tecnologia), a produção de todos os flutuadores que sustentam os painéis solares será feita em Camaçari (BA). "Caso a demanda cresça, vamos trazer a produção também para Manaus, atendendo toda a região Norte. Assim que recebermos a demanda, vamos iniciar o processo de produção na região", ressaltou.
Serra do Sol
Outra proposta inovadora na geração híbrida será implantada na comunidade indígena Raposa Serra do Sol, localizada em Roraima. O modelo que será testado por lá será a associação entre a energia térmica (já existente) e a eólica. A ideia é aproveitar os ventos que incidem nos altos dos montes e gerar energia para os índios daquela região.
"Isso vai baratear os custos da energia gerada, porque vamos gastar menos volume de óleo diesel e vamos equilibrar a conta", disse Braga. Segundo estimativas do MME, cada megawatt hora gerado com óleo diesel no interior do Amazonas, por exemplo, tem custos aproximados de R$ 1.600, enquanto o consumidor paga R$ 434 pela mesma quantidade de energia gerada.
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